O número desconhecido

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Parecia ser mais um dia normal na faculdade, eu vim de carona com uma amiga, e tive que aguardar no pátio, enquanto ela concluia um trabalho, eu me acomodei em um dos bancos, peguei meu celular, e fiquei navegando na internet, depois de algum tempo distraída, recebi uma mensagem de um número desconhecido.

-Oi -Eu fiquei curiosa sobre quem poderia ser, talvez um admirador secreto. Hesitei por uns instantes, antes de digitar.

-Oi. -Esperei alguns minutos, e então a resposta veio.

-Você não deveria estar sozinha. - Eu engoli em seco.

-Como você sabe que eu estou sozinha?

-Por que eu estou te vendo.

Eu olhei para todos os cantos do pátio, estava completamente deserto, um vento frio pairava movimentando as arvores que enfeitavam o local, deixando a atmosfera muito sombria.

-Se eu estou sozinha, onde você está?

Eu esperei quase meia hora. E a resposta não veio. Eu dei de ombros, guardei o celular e me dirigi a sala onde minha colega estava. Eu me aproximei devagar, foi quando notei que a sala estava completamente vazia, não havia sinal da professora, nem da minha amiga, eu fiquei intrigada e procurei nas outras salas. Nada.
Eu peguei meu celular, com as mãos trêmulas, na esperança de ligar para alguém da minha família, ou algum dos meus amigos vir me buscar. Sem sinal. O que me deixou assustada, eu vou em direção ao portão príncipal, mas quanto mais eu ando, mais o corredor a minha frente se estende, até a Luz que vem de fora e clareia a saída parecer apenas uma fagulha distante, lá no fim, eu vejo uma garota, ela segura um aparelho celular de um modelo antigo, e usa um uniforme escolar, ela se vira para mim.
Metade do seu rosto está dilacerado, pedaços de carne apodrecida pendem do seu rosto que outrora deve ter sido perfeito, o cérebro está parcialmente exposto, o lado da sua face que continua inteiro, está manchado de sangue.
Ela me fita por um momento, então pega o aparelho e digita algo. No mesmo instante eu ouço um bip no meu celular, eu olho pra mensagem desacreditada.

-Eu falei pra você não ficar sozinha. Ele gosta especialmente de garotas como nós. De garotas como a sua amiga.

Um vento frio me faz arrepiar, eu preciso sair daqui logo, eu penso. Eu corro, ignorando todos os meus temores. Quando chego ao portão da escola eu Suspiro aliviada, mas antes que eu possa abri-lo algo agarra os meus cabelos e me arrasta pelo chão, sinto a pele ardendo, em atrito ao chão rígido do pátio, pequenas lágrimas se formam no canto dos olhos.
Eu o encaro, quando ele me olha de volta, com seus olhos cinzentos, isentos de qualquer fagulha de vida, sua boca permanece em uma linha fina, tornando a expressão daquele rosto macabro indecifrável, então eu compreendo, desesperançosa, que eu nunca mais vou sair dalí.

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