Narrado

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(Theodore para Amber alguns dias após uma briga que se tornou sua última conversa, enquanto fazia sua última viagem)

CARTA 1

"Não vou começar essa carta pedindo desculpas, você sabe que eu sou mais velho e por isso seus gritos comigo não irão passar de birra de criança mimada, ficou nervosa porque acha que só você carrega a família nas costas? Tente carregar a família e mais centenas de famílias que estão passando pelo pior, mas porque você não consegue os ver então não importa para você Amber, mas eu as vi, e não posso fingir que nada aconteceu, eu não posso fingir que essas crianças não estão sendo abusadas, mal tratadas, esfoladas, enforcadas, proibidas de ler, proibidas de viver, eu não posso deixar mulheres morrerem porque sabem ler, porque são mulheres, não posso deixar que os outros soldados os tratem como lixo e não posso deixar que outros os explodam só porque querem, esse é o meu trabalho, é o que faço e é pelo que eu vivo e vivi todos esses anos, então quando você me ver, peça desculpas de joelhos... não estou brincando, eu estou com raiva agora e realmente não sabia que se sentia assim, se tivesse sido sincera, se tivéssemos conversado como irmãos, eu saberia, passei todos esses anos pensando que você dançava porque queria, que essa era sua vocação, sua vida e que amava seu trabalho tanto quanto eu amo o meu, eu nunca quis ser egoísta com você Amber, eu nunca te deixaria se esforçar tanto se eu soubesse o que isso lhe causava, estou bravo com você pelos gritos, tudo que eu queria era te ajudar, mas ao mesmo tempo eu estou triste, nunca pensei que se sentisse tao sobrecarregada, tenho certeza que os nossos pais também se sentem assim, por isso quando eu voltar, depois que me pedir perdão de joelhos ( não existe argumentos contra isso) eu e você vamos nos sentar, e vai me contar tudo pelo que passou, todas as vezes que se machucou e continuou dançando, todo o dinheiro que você deu aos nossos pais, tudo que fez pela nossa família, eu tenho muito orgulho de você, não é pra qualquer um ser irmão de alguém com tantos títulos, eu tenho orgulho de dizer que minha irma é a melhor bailarina do mundo, e não sou só eu que acho isso, os críticos e ate a internet, e pensei que tivesse orgulho de quem me tornei, mas agora eu vejo que não sabe a importância do que eu faço, existem tantas pessoas boas aqui, rostos que não posso esquecer, eu entendo o medo que sente, eu entendo que você não dorme esperando a ligação, esperando uma carta, com esperança de que eu esteja vivo, sei que nossos pais também sofrem do mesmo mal, e talvez você esteja certa em me chamar de egoísta, eu sinto muito... gostaria de colocar todos os meus sentimentos nesta carta, mas eu não escrevo bem como você e a Mel, então é isso... com todo amor do mundo, do seu irmão querido que não vê a hora de te ver ajoelhada aos meus pés, Theodore"




Amber segurava as cartas na mãos, era uma manha de sábado e não tinha que trabalhar porque seu chefe que era seu namorado e cunhado oficial de um recém nascido muito fofo chamado Derek, havia lhe dado folga de tempo indeterminado, ele havia lhe dito para aproveitar seus dias com o bebe e com sua mãe, falou que ela precisava disso, desse tempo de paz, e parecia muito preocupado ao dizer tal coisa, por fim Amber entendeu que ele também precisava de tempo, estava estranho, distante, com um peso sobre os ombros, algo estava quebrado no seu coração e ela não entendia o que, simplesmente ele estava daquele jeito, perguntava-se como podia o ajudar, mas não conseguia, ele havia feito isso por ela, a obrigado a enfrentar fisioterapia e psicólogos, lhe abraçado durante noites fritas, lhe aguentando em meio a pesadelos, ele estava ao seu lado e nunca tinha reclamado. Foi ele quem a levantou, tirou-a da escuridão na qual se encontrava, quando Amber pensava que havia mesmo tentado se matar, que realmente havia quase conseguido, ela nem se quer se reconhecia, as coisas que pareciam o fim do mundo para ela naquela época, hoje já não tinham importância, ele fez questão de juntar cada caco e o por de volta no lugar, ele fez questão do fisioterapeuta, e agora ela não precisa mais de remédios para aguentar o dia, ele fez questão de ser seu amigo, de faze-la sorrir, de a ouvir durante noites e noites e Amber sabia que não tinha nada de bom para falar mas ele a ouvia, quantas vezes nos últimos meses esse homem não havia ficado do lado de fora do consultório, vendo se ela ia realmente entrar e se consultar com o psicólogo, ele até tentou cozinhar, tentou fazer com que ela aprendesse matemática avançada, e montou um quebra cabeça de trezentas peças no meio da noite apenas porque Amber não conseguia dormir, ela segurou a vontade de chorar, de correr até o escritório dele e dizer a ele que o amava, coisa que devia ter feito ha dois dias atrás, quando ele se declarou, mas tudo que fez foi o abandonar, perguntou-se se tinha algum problema com ela também, algo que nem mesmo ele poderia consertar. Ela olhou pela janela e continuou apertando a carta com as mãos, não tinha data, não tinha nada, só seu nome e o endereço na Alemanha, ouvia o choro do bebe ao longe, fechou os olhos, quanto tempo mais iria protelar? era difícil, não conseguia abrir. Ela voltou a olhar pela janela, procurando por algum sinal de que malanie estava em casa, mas era sábado e não podia esperar por isso, mesmo assim olhava naquela direção a cada cinco minutos, largou as cartas de theodore e olhou mais uma vez para a casa de melanie, nada, depois disso Amber decidiu dar uma caminhada pelo bairro, viu as mesmas pessoas de sempre, voltou para casa e passou o resto da tarde com seu irmãozinho no colo, ele era feio, com um rosto amassado e um nariz sem forma, não tinha cabelo, não tinha sobrancelhas, e sua pele ainda era vermelha, mas quando ele abria os olhos, eles eram azuis como uma caneta, fortes e intensos, isso a deixava mais confortável, porque no fundo não sabia se podia aguentar olhos violeta, isso a lembraria demais de coisas que queria esquecer, Amber cantarolava com ele na cadeira de amamentação da mãe, e o bebe embalava no sono, ela olhou ao redor e viu o quarto de bebe mais luxuoso que já vira, Hector tinha dado o seu melhor, isso fez com que sentisse um aperto no peito, pensou que sua mãe estivesse dormindo, quando a ouviu dizer

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