02 | Estamos sendo caçados

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Era uma merda.

E durante um bom tempo, aqueles comprimidos foram o meu maior vício. Uma espécie de salvação, uma vez que eu os ingeria e tudo o que desejava era dormir por um dia inteiro, e nunca mais ter que acordar novamente.

O clique de uma porta se abrindo interrompeu meus pensamentos. Lancei um olhar sobre o ombro. No mesmo instante, uma ruiva saiu do corredor onde ficava o meu quarto. Os fios vermelho-vivo finalizavam na cintura e o corpo curvilíneo estava coberto apenas por uma lingerie tom rubro.

A garota do baile.

Depois que eu terminei com Leroy e sai da festa na noite anterior, avistei-a perto de uma árvore no quintal frontal da casa. Ela parecia contemplativa analisando os próprios sapatos. Entrei em um conflito interno se deveria me aproximar ou não, pois logo agentes do estado apareceriam. As câmeras no interior da casa foram todas desligadas por Kiara, o que acionou um código chamando os policiais locais. Quando fui ver, porém, já era tarde demais. Eu estava ao lado da até então desconhecida. E só alguns minutos mais tarde, ela deslizava para dentro do meu carro.

Voltando ao presente, aproveitei para fazer uma análise minuciosa do seu corpo. A ruiva parecia estar procurando por algo enquanto passeava os orbes curiosos pela sala de estar. Eu não disse nada, nem acenei. Apenas esperei até que ela me encontrasse sob a penumbra, sentando numa poltrona. As luzes estavam todas desligadas e os únicos meios de iluminação bem vindo eram o da lua — que invadia pelas janelas largas do apartamento e batia em meus pés — e o fogo queimando a lenha na lareira.

— Aí está você — a ruiva quebrou o silêncio no momento em que me encontrou; o sotaque francês carregado.

Voltei a olhar para frente, terminando de enrolar um baseado. 

— Aqui estou eu — minha voz ressoou pelo cômodo feito um trovão, rouca.

No segundo seguinte, eu ouvi passos. A garota parou a minha esquerda, os braços estendidos para trás ao mesmo tempo em que uma expressão inocente estampava seu rosto. Quando eu a encarei, um tanto curioso pela maneira como me fitava, ela deslizou para o meu colo sem cerimônias e envolveu meu pescoço com os braços finos.

Não reclamei. Pelo contrário; desci minhas mãos para sua cintura de imediato, lambendo os lábios.

— Acordei e vi que não estava na cama — disse ela, inclinando a cabeça levemente para o lado — O que está fazendo aqui sozinho? Além de fumar maconha, claro.

Dei de ombros, erguendo um pouco as sobrancelhas.

— Apenas pensando.

— E eu faço parte desses pensamentos? — indagou, mordendo um sorriso malicioso.

Eu não me recordava do seu nome. A verdade era que a noite anterior não passava de um borrão para mim depois de alguns shots de tequila.

Talvez fosse Maya. Ou sei lá... Mary?

Talvez.

— E esse talvez envolve nós dois nus?

A encarei fixamente. Eu não estava tão a fim assim de transar, mas talvez gozar fosse uma boa maneira de sentir sono.

Minha mão deslizou por sua coxa até a alça da calcinha. Brinquei um pouco com o elástico, os olhos presos nos dela.

— Que tal você tentar descobrir?

O sorriso em seu rosto esticou. No segundo seguinte, Maya cobriu meus lábios com os seus. A princípio, ela era lenta e sensual. Mas não demorou até que intensificássemos o beijo e minha língua estivesse invadindo sua boca, arrancando-lhe um gemido baixo.

WRONG PERSON [COMPLETO NA AMAZON]Where stories live. Discover now