Capítulo 20

799 90 127
                                    

       Juntei todas as minhas forças para suportar aquela dor em mim ou tentar amenizá-la de alguma maneira. Não conseguiria expressar o tamanho de minha decepção.

       Sem dizer nenhuma palavra, me levantei rápido e andei a procura de algo para abrir o vidro. Aquele maldito vidro que nos separava.

       Perambulei por trás das mesas até encontrar um pequeno martelo de ferro. Oque me arrepiou todo o corpo imaginando para oque eles precisariam desta ferradura.

       O peguei junto com um cobertor branco e andei até a parede transparente (vidro).

       Ajoelhei e bati duas vezes contra o trinco o fazendo cair ao chão, oque fez a porta se abrir jogando todo ar frio do gelo em meu rosto.

       Corri para dentro do local e segurei em seu corpo nu, congelado. O que fez meus dedos esfriarem. Logo o cobrindo com o cobertor e tentando o levantar.

       Ergui seu corpo, jogando um de seus braços por meu pescoço, o guiando para frente. Seus passos eram pesados e fracos, quase mórbidos naquelas condições. Com certeza os joelhos arranhavam com o frio.

       Observei a janela, era baixa e daria a chance de fugir facilmente dali.

       Me sentia fraca, poder suportar dias nesse local me causou reações desconhecidas em meu corpo. A indisponibilidade de ações físicas e tudo oque eu tinha, estava desaparecendo. Havia algo em mim que eu não podia explicar.

       O corpo de Robert estava gélido, então não seria o primeiro a enfrentar a janela de cinco metros.

        Com dificuldade, levantei seu corpo e subi sobre uma mesa para quebrar a janela. Estava aberta, oque estranhei.

         Coloquei Robert sobre ela e me ergui para pular com ele. Tive que ir por baixo, para amordaçar sua queda. No estado que estava, não saberia se suportaria a altura.

       Minhas costas trincaram com o impacto de seu corpo sobre o meu. A grama me ajudou, por pouco.

       Me levantei ofegante e o ergui, quase em desespero. Eu não acredito que saí dali tão fácil.

Ou seria outro truque?

        Robert dizia algo, ou tentava, aparentemente. Sussurrava devagar, quase inaudível.

       Apertei seu corpo ao meu. Segurando firme sua cintura para não o deixar cair, andamos rápidos em direção a uma pequena floresta. Eu não tinha a mínima ideia de onde estávamos.

       Desaparecemos do campo de visão da casa — Que era enorme. Branca. — e entramos por baixo das árvores altas. Andamos por alguns minutos, já não aguentava mais o corpo de meu amigo por cima de mim.

— Vamos, estamos perto. Ouço o eco das árvores desaparecerem! — Digo com dificuldade.

        Robert se ajoelhou, me fazendo cair por cima de seu corpo. Segurei o lençol e o cubro novamente, foi quando percebi os vários hematomas em meu corpo. Os que não estavam ali.

       Me levantei ofegante e levantei o vestido branco. Oque me assustou por completo. Rasgos, sangue, arranhões, furos... Eu estava totalmente ferida e não me lembro como aconteceu.

— Oque... Oque ele fizeram com você? — Ouço a voz fraca de Robert me olhar assustado e baixo meu vestido indo até ele.

— Isso não importa... — Seguro seu rosto. — Precisamos sair daqui, e rápido! — Disse o erguendo.

       Andamos firmes por mais alguns minutos até ouvir os barulhos dos motores de carros. Estávamos perto da estrada.

— Megsson? — Alguém gritou no fundo das árvores e todo o meu corpo se arrepiou. Estava longe, não podia distinguir de quem era a voz.

Pistas Perdidas - Livro 2 Onde as histórias ganham vida. Descobre agora