Capítulo 12

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P-12.

Ele teria que se redimir e desculpar de alguma forma.

Se da primeira vez que se encontraram tiveram problemas por culpa de Pam, desta vez ele sentia, por alguma razão, que os problemas eram culpa sua.

Combinou de encontrá-la na esquina da casa dela, determinado a conversar primeiro para decidirem se depois enfrentariam novamente a mãe da garota. Desta vez ia sóbrio e certo sobre o que queria falar. Sentia-se envergonhado pela própria postura na noite anterior.

Quando ele chegou, Pam parecia estar apreensiva e preocupada. Estava de braços cruzados, beliscando a própria pele em alguma espécie de tique nervoso. Mordeu os lábios ao vê-lo, deixando clara a própria ansiedade. Antes de dizer qualquer coisa, ela correu até ele e o abraçou. Depois, perguntou com palavras rápidas que se atropelavam e dificultavam a compreensão:

— Desculpa por ontem. Pra onde vamos agora?

Ele sorriu com a pergunta e com a aparente ansiedade dela e se sentiu satisfeito por já ter escolhido o que fazer. Com a voz firme e calma, respondeu que gostaria de falar com a mãe de Pam novamente. Ela sorriu com a resposta, como se fosse uma piada absurda e impossível de se considerar, mas sua expressão congelou ao perceber que ele falava sério. Com a voz mais aguda do que antes e com bastante dúvida na voz, ela perguntou:

— É sério? Você quer realmente voltar lá depois do que rolou ontem?

Ele sorriu novamente e confirmou com um aceno de cabeça. Ela deu de ombros com a resposta, suspirou para tomar forças e concordou. Voltaram para a casa dela de mãos dadas e em um silêncio tenso que antecipava uma possível batalha. Sabiam das possíveis consequências da reação da mãe de Pamela e do quão problemático aquele encontro poderia ser.

Entraram e Pamela pediu que ele aguardasse na sala. Ele sentou e respirou fundo, preparando-se para ser "julgado" novamente. Pamela voltou pouco depois acompanhada da mãe, que já vinha com uma expressão tão pouco amigável quanto a do dia anterior.

A mulher sentou na poltrona em sua frente e encarou os dois com algo que talvez fosse desprezo. Arqueou os ombros em um ato de superioridade e de pouco interesse antes de finalmente falar algo e substituir a tensão silenciosa da sala por suas palavras ríspidas:

— Ontem mesmo eu pedi para você não aparecer mais. O que quer aqui novamente?

Ele tentou explicar a situação. Tentou pedir desculpas pelo que acontecera na noite anterior e prometeu seguir as regras da mãe dali para frente. Explicou a origem e o tamanho de sua relação com Pamela da melhor forma que pode e passou longos minutos basicamente prometendo que nada que fosse de desagrado para a mulher aconteceria. Durante todo o discurso, a mãe permaneceu em silêncio e o encarando com uma expressão difícil de entender. Seria um sorriso de entendimento ou de sarcasmo aquele que estava esboçado no canto de seus lábios? Quando ele finalmente se calou, ela continuou quieta por alguns momentos. Respirou fundo antes de dar seu veredicto:

— Se você realmente se importa tanto com minha filha, pode esperar ela terminar o colégio e atingir a maioridade para encontrar com ela de novo, não pode?

A pergunta vinha com algo impassível. A mulher não cederia. Caso ele concordasse, passaria mais de meio ano sem ver Pamela. Caso discordasse, talvez não fosse vê-la de novo nunca. Por que aquelas dificuldades se apresentavam agora? E por que ele lutava tanto por Pam se até pouco tempo não tinha certeza nem mesmo a respeito dos próprios sentimentos por ela? Ele esperaria Pam por meio ano? E ela o esperaria? Será que era realmente necessário passar por tudo aquilo? Talvez devesse esquecer Pam e todos os problemas que ela trazia. Também poderia insistir de qualquer forma na discussão e, caso derrotado, continuar se encontrando com Pam às escondidas. O que ele tinha a perder de fato?

Três GarotasWhere stories live. Discover now