Capítulo 08

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P-08.

Ele não poderia suportar aquele comportamento.

Pam parecia sempre tão evasiva e mesmo agora tentava encobrir tudo que acontecera de forma boba. Ela ainda encarava o chão quando ele começou a falar, num tom que deixava bem clara a sua confusão e nervosismo.

— Eu quero saber o que aconteceu hoje, Pam. Você não vai conseguir escapar de me contar.

Ela levantou a cabeça e olhou para ele com certa raiva também. Levantou-se da cama e se aproximou lentamente, com os olhos mirando os dele de forma bastante hostil. Pam se postou em frente dele e garantiu, com a voz séria e em tom baixo, como se desafiando qualquer um a contrariá-la:

— Eu não quero falar sobre isso. — A imposição parecia imatura em muitas formas. Ela permaneceu na sua frente, olhando-o profundamente. Ele, por sua vez, não estava disposto a participar daquele tipo de jogo. Tentou mais uma vez, agora apelando para algo menos agressivo:

— Você tinha prometido que a gente ia se divertir, mas olha o que aconteceu de verdade. Pam, você desmaiou no meio da festa! O que você estava fazendo lá? O que você usou? Ninguém mais apareceu pra te ajudar! Onde suas amigas estavam?

Pamela engoliu em seco e virou o rosto, como se ao desviar o olhar desviasse também de todas as perguntas. Ela suspirou fundo, sentou-se na cama novamente e, mais uma vez encarando o chão, respondeu:

— Desculpa se fui um incômodo... E obrigada pela ajuda. Mas não vou falar de nada mais além disso. Pronto! Acho que já posso ir embora agora, estou melhor.

Suas ações não combinavam com suas palavras. Ela permanecia sentada, olhando para o chão, mesmo quando falava sobre ir embora. Ele não conseguiu deixar de esboçar um sorriso perante aquilo e se sentou ao lado dela na cama, ainda sério. Encarou Pam e esperou que ela fizesse algo.

Alguns minutos se passaram. Ela levantou o rosto e olhou para ele mais uma vez, aparentemente perdida no que fazer em seguida. Ele se manteve impassível, com o rosto sério. Se ela quisesse ir embora, que fosse. Se decidisse por ficar, mesmo que só conversassem mais tarde, ele não deixaria o assunto morrer sem resposta.

— Por que você me ajudou? — Ela perguntou finalmente. A pergunta tomou certos ares de ingratidão para ele e resolveu responder de forma similar.

— Não sei. Não devia ter ajudado?

Ela deixou escapar um pequeno sorriso amargo. Ajeitou-se na cama, ficando frente a frente com ele. Suspirou mais uma vez, piscou e começou a falar, sem nenhuma outra razão aparente.

— Eu desmaiei porque bebi demais, oras. Por que mais desmaiaria? Não é como se fosse a primeira vez que eu vou lá, já tinha passado mal antes, mas... É, nunca tinha desmaiado assim. Foi tudo muito estranho. De qualquer jeito, obrigada mesmo assim por me ajudar, sério. Minhas amigas, elas...

A voz dela morreu por um instante, parecendo refletir sobre o que diria. Ele permaneceu em silêncio, não querendo interromper.

— Acho que elas não são realmente tão minhas amigas assim — Pamela completou, parecendo abalada pela própria constatação. — É isso, acho. Satisfeito?

A voz dela passava certa raiva por ter sido pressionada ao ponto de dizer aquilo. Ele de fato não tinha achado a explicação satisfatória o suficiente, mas parecia estranho pensar em contrariá-la de novo. Duvidava muito que Pam fosse ser mais amigável caso insistisse no assunto. Mas o que responder então? Ele não sabia o que fazer dali em diante. Um clima estranho e pesado parecia preencher o quarto e qualquer ideia do que falar parecia vazia e estúpida.

Três GarotasWhere stories live. Discover now