Capítulo 09

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D-09.

A ação de Diana o surpreendeu.

Seu beijo era repleto de um sentido implícito de desculpas e de uma ternura nervosa. O silêncio do parque fazia com que, na cabeça dele, ecoassem os gritos e hostilidades de pouco mais do que um segundo antes. Mas aquele momento representava algo novo. Abraçou-a, retribuiu e assim passaram minutos juntos, entrelaçados num pedido de desculpas concreto e silencioso.

Sentaram-se novamente depois de um tempo, abraçados e quietos. Raros risos partiam de ambos de tempos em tempos. Pequenas palavras começaram a vir depois até que, por fim, conversavam em voz baixa, demorando para responder um ao outro enquanto se perdiam em seus próprios pensamentos. Nada de relevante foi dito, mas as entrelinhas e a situação por si só já diziam muito.

Levantaram-se por fim quando começou a escurecer. Ela aparentava estar tomada de um acanhamento melódico e era ele quem dominava o assunto. Caminharam até a saída do parque, abraçados e em passo vagaroso. Seria aquilo a reconciliação de algo que mal começara? Por que deveria começar a confiar nela apenas por um simples beijo?

Saíram do parque e continuaram andando até o ponto de ônibus. Diana falava pouco. Ele contava pequenas histórias sobre a vida e relembrava pequenos acontecimentos do passado.

A noite que vinha era ligeiramente úmida e gelada. Pequenas nuvens de ar saíam de suas bocas quando respiravam ainda ofegantes. Chegaram ao ponto de ônibus e, sentados lado a lado, esperaram por alguns minutos enquanto encaravam-se no escuro.

— Para onde a gente vai agora? — Ela questionou, com um alívio sutil na fala. Aparentava estar aliviada e satisfeita por estarem juntos.

Ele parou para refletir, considerando seus motivos para estar ali. Agora ele confiava em Diana? Caso não, poderia sugerir que fossem até a casa dela. Se ela tivesse familiares, provavelmente ele conseguiria alguma confirmação sobre Diana estar ou não falando a verdade. Se ela mentisse, contanto, aquilo poderia ser deveras desagradável. Podia sugerir também que fossem ao cinema e finalmente concretizassem aquele encontro que ele negara meses antes. Poucas informações sairiam dali, mas será que ele realmente se importava e precisava bancar o detetive? Por último, ele poderia se despedir de Diana com a desculpa de ir pra casa. Se alegasse estar cansado e prometesse um próximo encontro, dificilmente ela recusaria. Se ele realmente a veria de novo depois disso, já era outra história.

Cinema, casa de Diana ou ir embora e encerrar a noite?

P-09.

Por um momento, ele estranhou a postura interrogativa que ele mesmo tivera logo antes.

Por que ele se importava tanto com os pequenos detalhes do que acontecera? Remoer a história, além de desconfortável, era inútil. Tudo que aquele assunto fazia era deixar ambos nervosos, apreensivos, e afastá-los ainda mais. Já que Pamela estava ali, ao mínimo ele deveria tentar ser agradável. Parecia infantil e imaturo que ele exigisse qualquer coisa dela sendo que tinham se conhecido naquele mesmo dia.

— Desculpa por ficar falando tanto sobre isso. A gente pode mudar de assunto, acho. — Ele disse, tentando se redimir de alguma forma. Ela soltou um sorriso complacente e se aproximou dele. Com um riso pequeno, ela questionou provocante:

— Então a gente pode encerrar o interrogatório? — Ela colocou a mão no peito dele ao dizer isso, empurrando-o lentamente para trás na cama. Aproximou o rosto do dele e, sem aviso, beijou-o. Parecia um pouco estranho que Pam fizesse aquilo tão repentinamente e ele suspeitou que ela o fizesse apenas para mantê-lo calado e tentar quebrar a atmosfera tensa no quarto, mas nada disse. Permitiu novamente que Pamela o guiasse nas ações.

Três GarotasWhere stories live. Discover now