Capítulo 8.1

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Às vezes é como se alguém pegasse uma faca, amor
Afiada e forte, e abrisse uma fenda de quinze centímetros
No meio da minha alma
🎶
(Awolnation - I'm on fire)

Fizeram uma homenagem a Taylor na missa de Natal da escola. Quando acabou, recusei os convites para jantar na casados meus amigos e fiquei com meus pais. Era o primeiro Natal sem Camila, e todo mundo estava depressivo.

Felipe desistiu de todas as festas e foi para minha casa. Ficou no sofá comigo, em companhia dos meus pais, e assistimos TV até tarde.

— Você se comportou esse ano ou foi uma menina má? — ele sussurrou quando papai e mamãe se retiraram para dormir. Estavam tão tristes que ficaram aliviados por Felipe estar me fazendo companhia.

— Fui uma menina má! Muito má! — falei em resposta. — Então o que você vai fazer?

— Papai Noel pensou que tivesse sido boazinha e deixou um presente na sua cama — ele disse com aquele sorriso meigo. Havia covinhas discretas em suas bochechas.

— No meu quarto? — perguntei com a sobrancelha erguida.

— Entrei pela janela quando vocês saíram para a missa. Vantagens de ser um lobisomem.

Me levantei desconfiada, o deixando no sofá, e fui até o quarto. Havia uma caixa branca e retangular com mais de meio metro de comprimento por mais ou menos trinta centímetros de largura. Caminhei devagar até ela. Chegando mais perto pude ver o nome Chanel na tampa. Pisquei incrédula, passando os dedos no papelão liso, me sentei sobre a colcha e abri devagar. Havia um par de botas over pretas de cano alto lá dentro, daquelas que vem acima dos joelhos. Engoli a saliva tocando o couro macio. Chanel de verdade! Aquele presente equivaleria a muito mais do que meus pais ganhavam em dois meses.

— Comprei em uma liquidação. São da coleção passada — ele disse parado na porta. — Mas são bonitas, não são?

— São lindas — falei sentindo os olhos arderem. Era a coisa mais bonita que eu já tinha ganhado.

Tirei um par da caixa e verifiquei se eram do meu tamanho. Ele tinha acertado. Estiquei a perna e comecei a calçá-las. Ele caminhou até mim, se ajoelhou e me ajudou com o zíper, em seguida ele mesmo pegou a outra e colocou no meu pé.

As admirei balançando as pernas e fiquei de pé para dar uma volta.

— Mesmo que tenha sido numa liquidação, sei que foram muito caras — falei me olhando no espelho, me sentindo mais alta e sexy. — Queria dizer que você não deveria ter comprado, mas amei.

Ele ficou de pé, se aproximou e me abraçou por trás, encostando o queixo bem desenhado no meu ombro.

— Minha mãe parcelou no cartão e vai descontar da minha mesada em suaves prestações.

Sorri, a única mesada que eu receberia dos meus pais seria uma mesa literalmente sendo jogada contra a minha cabeça. Mas não diria isso a Felipe.

Eu estava usando um vestido justo e curto, de alças, que tinha sido de Camila. Suas mãos escorregaram pela lateral do meu corpo até tocarem a parte exposta das minhas coxas. Sua pele parda e a minha branca faziam um contraste bonito.

— Sua mãe sabe que você está namorando?

— Sim. Mas contei uma mentirinha sobre quem fez o pedido. Meu pai ficou tão orgulhoso que abriu duas cervejas e me ofereceu uma. Jogamos sinuca enquanto conversávamos de homem para homem. Mamãe não se importou que eu ficasse com você invés de cear com eles. Eles te acham muito inteligente.

Quem tem medo do lobo mau? #2Where stories live. Discover now