Continuação de Anjo Mau
"Não! Não tinha como parecer errado. Suas mãos deslizaram pelas laterais do meu corpo enquanto nossos lábios se encontravam. Não pareceu errado nem quando nossos dentes se chocaram, por mais que tenha sido engraçado. Ele riu...
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Quando se está perdendo sangue, muito sangue, você fica tonto, fraco. Mas, apesar de toda a fraqueza que me abatia, ainda podia sentir o ardor das presas cravadas no meu pescoço, e sabia que aquela ferida seria difícil de esconder, se eu saísse dali com vida. Como se não bastassem os arranhões na perna e no braço.
Tentei gritar de novo, forcei a voz, mas a dor me impedia de emitir um pedido de socorro.
"Por que sempre mordem o pescoço?" eu pensava enquanto me abandonava nos braços frios, sem forças para me debater. A mão gelada grudada na minha cintura me mantinha encostada na árvore.
De repente, a outra criatura tinha voltado.
Gélida e feroz, ela arrancou o predador do meu pescoço com tamanha rispidez que fez as presas rasgarem ainda mais minha pele.
Meu corpo sem forças caiu no chão e eu desejei desmaiar, já que ninguém ouviria meus gritos, mas não desmaiei. Ouvi tudo.
Barulhos de galhos, ou até árvores inteiras se partindo cortavam a escuridão da noite, enquanto os vampiros brigavam. E quando esse barulho cessou, a criatura vencedora aproximou-se de mim, com a mão que emanava o frio, antes mesmo de tocar minha pele, afastou as mechas de cabelo grudados na ferida e depois cravou os dentes ao lado da primeira ferida, causando um novo machucado. Queria soltar um urro de dor, mas não existiam mais forças.
A morte me parecia muito atraente.
Mas antes que a consciência me abandonasse, a vampira foi arrancada de perto de mim outra vez (eu podia jurar que era uma mulher). Senti o sangue jorrar da nova ferida enquanto ela grunhia de dor.
Tapei os ouvidos quando ouvi gritos ensurdecedores. Minhas pernas fraquejaram e caí na raiz da árvore, me encolhendo e gemendo em desespero.
— Mais que droga! — ouvi alguém resmungar e em seguida, como se imitasse outra pessoa, continuou. — "Ah, não! Eu dou conta, pode ir! Eu a levo para casa.
— Como você fez isso comigo? Sua puta... — ouvi a voz do vampiro, ou melhor, vampira! Ela me parecia familiar, mas não a reconheci.
Por que tinha que está tão escuro?
— Você mereceu! — a primeira pessoa respondeu, e para meu alívio percebi que era Adriele.
— Você está fazendo mais burrada que qualquer outro vampiro — uma terceira garota disse. Reconheci com absoluta clareza a quem pertencia aquela voz calma, macia e tranquilizadora. Era Wellen, aquela que disse que me levaria para casa e depois me abandou a mercê de dois vampiros sedentos por sangue.
— Mais que porra é essa, Wellen? — Adriele voltou a praguejar na escuridão. — Por que diabos você deixou Mel sozinha?
— Some daqui novata — Wellen disse para a vampira, sem responder a pergunta de Adriele. Se for pega fazendo besteira outra vez, será punida.