Capítulo 4

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Você me destrói
Você me reconstrói

(Imagine Dragons - Believer)

Quando se está perdendo sangue, muito sangue, você fica tonto, fraco

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Quando se está perdendo sangue, muito sangue, você fica tonto, fraco. Mas, apesar de toda a fraqueza que me abatia, ainda podia sentir o ardor das presas cravadas no meu pescoço, e sabia que aquela ferida seria difícil de esconder, se eu saísse dali com vida. Como se não bastassem os arranhões na perna e no braço.

Tentei gritar de novo, forcei a voz, mas a dor me impedia de emitir um pedido de socorro.

"Por que sempre mordem o pescoço?" eu pensava enquanto me abandonava nos braços frios, sem forças para me debater. A mão gelada grudada na minha cintura me mantinha encostada na árvore.

De repente, a outra criatura tinha voltado.

Gélida e feroz, ela arrancou o predador do meu pescoço com tamanha rispidez que fez as presas rasgarem ainda mais minha pele.

Meu corpo sem forças caiu no chão e eu desejei desmaiar, já que ninguém ouviria meus gritos, mas não desmaiei. Ouvi tudo.

Barulhos de galhos, ou até árvores inteiras se partindo cortavam a escuridão da noite, enquanto os vampiros brigavam. E quando esse barulho cessou, a criatura vencedora aproximou-se de mim, com a mão que emanava o frio, antes mesmo de tocar minha pele, afastou as mechas de cabelo grudados na ferida e depois cravou os dentes ao lado da primeira ferida, causando um novo machucado. Queria soltar um urro de dor, mas não existiam mais forças.

A morte me parecia muito atraente.

Mas antes que a consciência me abandonasse, a vampira foi arrancada de perto de mim outra vez (eu podia jurar que era uma mulher). Senti o sangue jorrar da nova ferida enquanto ela grunhia de dor.

Tapei os ouvidos quando ouvi gritos ensurdecedores. Minhas pernas fraquejaram e caí na raiz da árvore, me encolhendo e gemendo em desespero.

— Mais que droga! — ouvi alguém resmungar e em seguida, como se imitasse outra pessoa, continuou.  — "Ah, não! Eu dou conta, pode ir! Eu a levo para casa.

— Como você fez isso comigo? Sua puta... — ouvi a voz do vampiro, ou melhor, vampira! Ela me parecia familiar, mas não a reconheci.

Por que tinha que está tão escuro?

— Você mereceu! — a primeira pessoa respondeu, e para meu alívio percebi que era Adriele.

— Você está fazendo mais burrada que qualquer outro vampiro — uma terceira garota disse. Reconheci com absoluta clareza a quem pertencia aquela voz calma, macia e tranquilizadora. Era Wellen, aquela que disse que me levaria para casa e depois me abandou a mercê de dois vampiros sedentos por sangue.

— Mais que porra é essa, Wellen? — Adriele voltou a praguejar na escuridão. — Por que diabos você deixou Mel sozinha?

— Some daqui novata — Wellen disse para a vampira, sem responder a pergunta de Adriele. Se for pega fazendo besteira outra vez, será punida.

Quem tem medo do lobo mau? #2Where stories live. Discover now