Capítulo 6 - Melhor é o Teu amor do que o vinho...

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Deus, quantas vezes me perdi
No caminho que eu mesmo criei
Nele vi muitas saídas
Que eu tinha certeza que era Você
Deus, eu corri sem cessar
Quando eu caí, me ergueu

Me deixe entrar e ficar bem de perto
Eu só preciso olhar Teu sorriso
Mesmo que eu não mereça
Ouvir me chamar pelo nome
Eu só preciso
Te abraçar com minhas mãos calejadas
Nelas estão toda a minha corrida
Sei, não mereço ao menos Te chamar de Pai
Por favor, eu só Te peço

Me deixe entrar e ficar bem de perto
Eu só preciso olhar Teu sorriso
Mesmo que eu não mereça
Ouvir me chamar pelo nome
Eu só preciso
Te abraçar com minhas mãos calejadas
Nelas estão toda a minha corrida
Sei, não mereço ao menos Te chamar de Pai
Por favor, eu só Te peço

Me deixe aqui olhando pra Você
E Te ver sorrindo todas as manhãs
Poder Te sentir, deitar em Seu colo
Te chamar de amigo, sentir o Teu cuidar

Me deixa aqui olhando pra Você
E Te ver sorrindo todas as manhãs
Poder Te sentir, deitar no Seu colo
Te chamar de amigo, sentir o Teu cuidar

TamanhoAA

E chorou de novo, até soluçar e não conseguir mais cantar nada. Com a paz do Senhor invadindo seu coração, se acalmou e até sorriu. Ele não havia conseguido! Tudo fora só um pesadelo terrível. Estava a salvo!

Se lavou bem, tentando limpar de sua pele o toque daquele homem e até lavou o cabelo no qual ele encostara.

Ficou se imaginando encontrar o rapaz na varanda do apartamento vizinho e se perguntou o que diria... resolveu que tentaria não se preocupar e agir naturalmente. Os cabelos secariam na maresia da varanda enquanto ela escrevesse mais um pouco aquela história que seus dedos queriam dar vida na tela do notebook.

Vestiu um vestido frouxo e em posse do notebook, sentou à mesinha na varanda. Olhou para a varanda vizinha e a luz estava apagada. Teria ele dormido mais cedo ou ainda não havia nem entrado no quarto? Ela se decepcionou. Perdeu um pouco o rumo de sua história e foi navegar na internet, procurando algum filme interessante para baixar.

De repente ela pôde sentir a presença dele, como se ele a observasse. As luzes da varanda ainda estavam apagadas, mas quando ela olhou para a direita, ele estava lá. O celular dele tocou e ela notou sob a luz da lua que ele a fitava descaradamente. Como se quisesse dizer algo, mas sem palavras.

— Alô? Sua majestade? –Perguntou ele em sua língua materna.

No outro lado da linha, o rei disse:

— E aí, filho, como estão sendo suas férias? Está gostando?

— Sim, pai. Estou apreciando neste momento a paisagem. –Disse olhando para Sulamita, deslizando a mão no corrimão, procurando um ângulo melhor.

Ela usava os cabelos lisos como uma cortina para se proteger do escrutínio dele, se perguntando se deveria entrar ou permanecer ouvindo a conversa mesmo que não entendesse nada. Aquele idioma não parecia em nada com o português. Resolveu que devia continuar escrevendo algo em sua história fingindo que aquele homem lindo não a observava.

E a conversa continuou. Quando ela levantou para beber água, ele se interrompeu e ao se despedir do pai, exclamou com medo de ela não querer falar com ele:

— Sulamita!

Ela começava a gostar de como seu nome soava naquele sotaque único. A camisa dele, agora preta, tinha os dois primeiros botões desabotoados. Ele ligou a luz da varanda enquanto ela se aproximava devagar do corrimão.

— Sim?

— Está tudo bem?

— Sim, estou mais calma agora.

O que me dizem Cantares de Salomão?Where stories live. Discover now