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ITÁLIA, SICÍLIA

VALENTINA MONTANARI 

NOVE ANOS ATRÁS.

"Eles dizem todos garotos bons vão para o céu. Mas os garotos maus trazem o céu até você."

 Julia Michaels | heaven.

Fazem exatamente 3 dias, 8 horas e 43 minutos que ele não deu um sinal de vida. 

Ele me disse que não se arrependeu mas essa atitude só deixa claro que sim, talvez ele tenha se arrependido de me beijar, uma garota tão imatura como eu, com um homem como ele, não tem como dar certo. Mas por que ele sumiu? Podia fazer uma ligação, dizer um oi, qualquer coisa. Só não me deixasse no escuro.

Durante todo o resto do meu dia eu fico ansiosa, e quando meu telefone avisa que chegou alguma nova mensagem fico achando que foi ele. Isso de deve ser algum tipo de obsessão, só pode.

Ele tem negócios para dirigir, mas uma ligação ou qualquer sinal não ia demorar nem um minuto. Isso só me mostra que não sou tão importante assim, talvez deva parar de me iludir que aquele beijo possa ter significado algo pra ele. Claro que não significou.

Resolvo focar no tal almoço que minha mãe quer fazer para comemorar meu aniversário, porque se tem algo que ela ama fazer depois de trabalhar como psicóloga é administrar alguma festa. E era isso que ela queria, uma festa enorme, só por ser meus 18 anos. Uma grande merda. É só um número. Não muda muita coisa. Enfim, foi uma longa discussão para ela aceitar que eu não queria nada grandioso, um almoço com os mais próximos estava ótimo.

Penso em tudo que vem acontecendo na minha vida e com certeza a uns meses atrás nunca imaginaria que estaria na situação que estou. 

Beijei Petrus Forchhammer.

Ele correspondeu.

E agora, está me ignorando.

É trágico, infelizmente. 

Só queria que ele me desse qualquer sinal. Simples assim.

×××

Depois de uma longa discussão interna, resolvi vim a uma livraria no centro, preciso ocupar minha mente com algo. Nada melhor que livros. 

Enquanto passo meus olhos pelas estantes (evito as de romance) Nada mais justo do que eu evitar algo que com certeza me fará me sentir péssima, ler livros de casais apaixonados que no final serão felizes para sempre não vai me fazer bem.

A vida real é diferente, sei disso. De início, nem tudo é recíproco. Nem sempre somos correspondidos da forma que queremos. Isso parece ser uma regra da vida, infelizmente.

Termino pegando um de ficção científica, muito bom por sinal. Frankenstein, de Mary Shelley.

Quando estou saindo da livraria penso se devo voltar para casa. 

Meus seguranças estão um pouco distante, vestidos casualmente. Enquanto reflito sobre ir ou não para casa, meus pensamentos são interrompidos por um colega da faculdade.

— Valentina? Que prazer te encontrar por aqui! Veio comprar um livro? — ele me pergunta, sendo educado. 

Olho para ele tentando me lembrar dele, se me recordo bem, ele faz curso de medicina, o oposto do meu. Já o vi algumas vezes por lá. Acho que o nome dele é Pietro, não tenho certeza.

FRAGILE | ✓Onde as histórias ganham vida. Descobre agora