— Você tem um sotaque português estranho. Oh, meu Deus, você não é Moisés?!

Ele sorriu e meneou a cabeça em negativa e resolveu que não lhe diria que era um príncipe.

— Sou Richard Solomon. Muito prazer.

Ela abriu um lindo sorriso e disse:

— Sou Sulamita Barcelos. O prazer é meu.

Ele sorriu e achou um pouco estranho que ela não se movesse daquele lugar.

— Será que está com algum problema aí?

Ela mordeu o lábio inferior e apesar de todo o fascínio de estar falando com um estrangeiro, se sentiu à vontade com aquele sorriso no rosto dele. Como se pudesse contar com um amigo.

— Acho que meu vestido prendeu. Hoje está ventando muito e sou um pouquinho desastrada e ai meu Deus, estou tagarelando de novo. –Passou a mão no rosto e devagar fitou os olhos azuis de Richard.

— Quer alguma ajuda?

— Na verdade sim. Ficaria muito agradecida se entrasse. –Apontou para a porta do quarto dele.

Ele não entendeu direito e riu da situação. Era a primeira vez que uma garota ao invés de arrumar uma desculpa para se aproximar o afastava sutilmente.

— É que se meu vestido rasgar, não sei onde vou colocar minha cara, entende?

— Ah, tudo bem. Então, está presa aqui, na minha frente por quanto tempo eu quiser? –Indagou semicerrando os olhos tentando não rir ainda mais da situação.

Ela arregalou os olhos e meneou a cabeça.

— Não queria ver por esse ângulo, mas em algum momento vamos precisar sair –disse ela torcendo para ser logo e gostando ainda mais de conversar com o estranho.

— Estava escrevendo o que? Se eu puder saber, é claro.

— Ah, eu sou escritora. Claro que em início de carreira. Mas estava meio bloqueada ultimamente. Aí, ontem assisti aquele casamento do príncipe Harry e resolvi escrever uma história sobre um príncipe ou uma princesa, sei lá. Aí olhando para esse mar, às vezes as ideias fluem bem.

Ele soltou uma gargalhada, por estar conversando com alguém que escrevia justamente estórias e estava criando uma sobre um príncipe. Se perguntou se ela realmente não sabia quem ele era. Tentaria descobrir.

— Não ria de mim. –Ela comprimiu os lábios e olhou para o mar um pouco triste. Continuou:

— É um sonho e não vou desistir dele. É uma promessa de Deus na minha vida. Pode parecer bobo, mas Jesus me prometeu que através dos meus livros eu iria alcançar nações. –Disse baixinho a última parte e olhou para as mãos.

— Desculpe, não era minha intenção rir, é que lembrei de uma coisa. E do que se trata sua história?

— Bom, até agora, o casal protagonista se encontra num aeroporto.

— Não é muito clichê?

— Não sei. Você gosta de ler?

— Sim, leio bastante.

— Uau, é difícil encontrar um homem que goste de ler. Tipo, um rato de biblioteca.

— Rato? Está aí um nome pelo qual nunca fui chamado. –Gargalhou de novo e aquilo pareceu uma linda música aos ouvidos dela.

— O que sugere como primeiro encontro? –Ela abriu um sorriso se imaginando estar falando dubiamente, embora não quisesse que ele entendesse assim. Afinal, ela não queria aventuras. Tinha medo delas.

— Poderia colocar que eles se viram pela primeira vez numa varanda de um hotel, por exemplo, já que príncipes geralmente ficam nos melhores hotéis.

— Hum... –Ela só disse isso vendo que ele sugeria que seus protagonistas se encontrassem como eles se encontraram. Pigarreou e continuou:

— E ela seria o que, tipo que profissão ela teria?

Ele tentou imaginar como seria sua futura noiva e disse:

— Ela poderia estudar enfermagem ou psicologia. Acho que alguém que ajuda os outros teria um bom coração para ser uma rainha e mãe da nação que iria governar com o príncipe que é o futuro rei. Ela também deve ser gentil, doce, talvez engraçada para que ele nunca se sinta entediado ao seu lado e talvez seria bom fazer o amor deles crescer dia após dia e não aquele romance em que os dois já vão logo se apaixonando à primeira vista. –Fez aspas com as mãos.

Ela ficou pensativa.

— Obrigada pelas boas ideias, mas preciso mesmo ir agora, ainda vou almoçar. Ah e a propósito, como ficam as correspondências do Moisés?

— Eu entrego. E de novo foi um prazer te conhecer, Sulamita.

Ela ficou encantada com o nome dela sendo pronunciado com um sotaque tão charmoso. Ele abriu um sorriso lindo que a fez também sorrir e entrou para o quarto relutante.

Ela se desvencilhou por fim, sem rasgar o vestido e entrou, se perguntando se havia sonhado. Por que o homem mais lindo que ela já vira na vida havia conversado quinze minutos com ela? Não sabia.

~~~~*~~~~

"Eu sinto o Teu vento soprar, a tua glória se manifestar..."

Ps.1- Dedico esse capítulo à @HelenaPureza4, que me incentivou muito a escrever este livro e tem sido sempre uma ótima amiga!  

O que me dizem Cantares de Salomão?Место, где живут истории. Откройте их для себя