Capítulo 26

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Melissa

As últimas semanas passaram correndo, talvez tenha sido por eu ter ficado a maior parte dela com o meu namorado, bem típico daquelas frases clichês de “o tempo voa quando estou ao seu lado”, mas quem diria que Melissa Watson ficaria tão boba por um cara em poucas semanas, não é mesmo? A Mel de meses atrás iria gargalhar se eu contasse dessa nova versão apaixonada com as famosas borboletas saltitando pelo estômago, porém, se eu mesma não estivesse vendo e sentindo isso com os meus próprios olhos e sentidos, desconfiaria na certa.
Eu finalmente troquei as noites em festas por noites em casa vendo filme a dois ou a três, quando a Manu insiste em ficar de vela, troquei meus lances remotos por um relacionamento mais sério do que eu imaginei, troquei a bebedeira por milk shake de chocolate e principalmente troquei as várias bocas pela boquinha mais gostosa que está a 5 cm da minha, pronta para me dar os melhores beijos que já dei na minha vida e olha que essa competição não é fácil.
—Você me mordeu forte — resmunga  Luan durante minha mordida afiada em seus lábios — Pega leve da próxima vez.
—Vai me dizer que você não gosta? Eu duvido que você não curte minhas investidas absurdas sobre você — digo mordendo meus lábios e posso observar os olhos deles fixos no mesmo.
—Então vamos ver quem morde mais forte —diz me puxando para mais um beijo, mas dessa vez com mais vontade e com uma mordida que foi capaz de cortar meus lábios e me fazer pedir por mais — Vejo que achei mais um dos seus pontos fracos.
—Meu ponto fraco é você, meu anjo.
—Ponto fraco? Eu sou o seu ponto forte, comigo do seu lado você está garantida para o resto da vida e não precisa temer absolutamente nada — fala com muita convicção e solta aquela piscadinha matadora no final.
—Digamos que você realmente é muito humilde quando se trata de você ultimamente, mas confesso que essa piscadela quase me convenceu ao contrário — digo irônica.
—É porque eu sei que a mesma faz parte do belo e enorme repertório de coisas que fazem você se derreter e morrer de amores por mim.
—Você tá um bobo falando essas coisas, sabia?
—É o que dizem por aí desde que eu me apaixonei logo pela garota problema.
—Ex-garota problema.
—Você ainda é, pode confiar em mim, até porque você é a filhinha do meu chefe e a musa do Théo — ele enfia o  dedo na garganta em menção de um eca que me faz gargalhar de sua cara.
—Não tenho culpa de ser a dream girl por aí, sabe como é que é, né?
—Infelizmente não sei como é, porque estou muito ocupado sendo o boy dream.
—Tinha me esquecido que você é o Luan Santana, um dos famosos mais disputados do país.
—Quem ouve você falar assim até pensa que teve que me disputar para me namorar. No caso, eu que te disputei por aí. Posso ouvir a lembrança dos comentários “Melissa Watson estará de volta em breve, pessoal”, “A rainha do Jardins vai chegar para ocupar novamente lugar de realeza e receberá finalmente sua coroa de diamantes patrocinada pela empresa do seu papis”, “Ela vai chegar chegando” — ele faz  uma pausa — Tanto que chegou chegando e me bagunçando.
—Eu vou fingir que essas frases estão bem fidedignas ao que as pessoas comentaram a respeito da minha volta, até porque todo mundo estava eufórico com meu retorno — ironizo mais uma vez.
—Realmente admitir que todo mundo queria sua volta está longe da minha brincadeira. Aliás, o que a senhorita aprontava por aqui que fez algumas garotas surtarem com os comentários da sua volta, inclusive a nossa diretora? —me questiona curioso.
—Digamos que o caso da diretora é porque ela sempre quis dar para o meu pai, mesmo com minha  mãe viva, porém, eu sempre fui uma pedra no sapato dela. As demais talvez seja por medo da minha concorrência por você, porque digamos que você atende ao meu perfil de homem.
—Ata que é só por isso.
—O que eu posso te dizer? Bom, digamos que eu sempre fui muito cobiçada pelos meninos desde o ensino fundamental I, sempre fui mimada pela minha mãe, o fato dela ser muito presente incomodava muitas meninas que não tinha isso e olha como  o mundo gira, hoje eu nem tenho ela. Além disso, eu sempre fui  chatinha para me vestir e o fato do meu pai ter uma empresa de pedras preciosas alimentava o status de patricinha e popular. Não que eu gostasse, mas não me incomodava, até porque a vidinha e a família perfeita não era mentira — faço uma pausa para recompor meus pensamentos — Aí eu volto e ainda  sou vítima de agressão por Théo, que era um dos fetiches delas e o meu cobiçador. O mundo parece invertido.
—Até parece que você deixou de ser metidinha, filinha de papai e ser cobiçada.
—Eu não deixei, mas parece que tudo perdeu o sentido, mas esse povinho ainda acha que vivo em uma bolha e sou a coitada de agora. Eu sofro muito, mas um sentimento que me dar raiva é terem pena de mim.
—Eu compreendo, minha linda. Mas a morte da senhora Watson foi um grande marco que fizeram as pessoas te olharem assim, até porque você disse que ela era muito presente e tal.
Eu nunca havia conversado direito sobre minha mãe com Luan e pela primeira vez eu não me sinto mal em tocar no assunto.
—Mas na Inglaterra ninguém tinha pena de mim, nem o meu pai passou a ter depois de uns meses do acontecido. Aí eu volto para cá e não consigo ser tão forte como eu era e ainda por cima as pessoas escancaram a pena que sentem por mim —desabafo e Luan pega  a minha mão.
—Olha, eu admiro muito sua força e a forma que você tenta ser forte, porém infelizmente a gente não consegue ser forte durante o tempo todo. Eu entendo a sua dor e como estar nos mesmos lugares que sua mãe esteve mexe muito com você, por experiência própria eu sei como é isso, eu também sinto falta da minha mãe — Luan para de falar  quando percebe que citou a sua mãe.
—Você pode continuar se sentir vontade, eu estou aqui para te ajudar. Ela também é falecida?
—Na verdade minha mãe está desaparecida após um grave acidente, nunca acharam o seu corpo. No início, eu tinha esperanças de encontrá-la, mas os anos passaram e eu acho que eu nunca mais vou vê-la —eu escuto tudo minuciosamente, pois fui surpreendida com essa informação.
—Nossa isso é muito complicado, eu realmente não podia desconfiar.  Não sei se você sabe, mas minha mãe morreu em um acidente também.
—Eu soube. O que você sabe desse acidente?
—Eu nunca tive muita curiosidade em saber detalhes e a minha família também nunca se mostrou confortável em falar no assunto. Tudo que eu sei é que meus pais tinham saído com uns amigos nesses encontros com a turma pós-ensino médio para um restaurante, mas isso foi em Juiz de Fora, porque eles eram de lá antes de se casarem. Eles foram para essa cidade no dia anterior a esse encontro e iriam retornar no dia seguinte, mas por algum motivo maldito resolveram pegar a estrada após o tal encontro  e o pior aconteceu.
—Existem coisas e motivos que a gente detesta que tenham existido.
—Nem me fale. E o caso da sua mãe, como foi? —pergunto curiosa.
—Diferente do caso da sua mãe, eu precisei correr atrás dos detalhes, porque o corpo da minha desapareceu. Ela estava de carona com uns amigos quando ocorreu o acidente, duas pessoas não resistiram e ela sumiu, por isso as chances dela ter realmente morrido são bem altas.
—Eu também já ouvi essa história de acidentes com vítimas fatais aumenta a gravidade de uma outra não resistir. Mas se você não se incomodar podemos mudar de assunto.
—Por favor!
—Então vamos retomar o repertório do DVD —vejo ele revirar os olhos em sinal de tédio —  Não revira os olhos, eu fui bem séria quando disse que separaria o pessoal do profissional.
—Eu acho que não fui muito sério não, porque agora estou com aquela famosa cede de nós.
—Como é essa cede de nós? —debocho mordendo a ponta de sua orelha.
—Achei que você tinha dito que tinha sido séria — dessa vez sou eu que reviro os meus olhos.
—Tô brincando, minha linda!
—Então me mostra sua cede de nós —provoco sabendo o destino que a nossa conversa vai tomar e realmente estou certa, porque o Luan acaba de me colar sentada na mesa do escritório, envolvendo minhas pernas ao redor do seu corpo, ao mesmo tempo que beija cada canto da minha boca.
—Seu pai não vai voltar agora não, né? —pergunda sussurrando em meu ovido.
—Não! Temos todo o tempo para nós —digo mordendo o meu lábio e aproveito para começar a desabotoar a sua camisa dando início a melhor transa repentina da minha vida.
...

Boa noite, amores!
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Até o próximo ♥️

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