Capítulo trinta e cinco

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— Eles não vão ligar, já fui na sua casa antes. Anda, vem!

Não vi nada de ruim nisso. Comecei a ficar animado. A casa estava vazia e na minha cabeça programei o que faríamos pelo resto da tarde.

— A gente pode almoçar e depois jogar alguma coisa, o que acha? — perguntei quando entrava no meu quarto para deixar nossas coisas. — Eu tenho o Mario Kart que você gosta e também pensei em andar de bicicleta e...

Amanda não estava me ouvindo. Ela puxou minha mão para sentarmos na cama. Fiquei confuso sem entender o que ela estava fazendo. Abri a boca para perguntar, mas a garota começou a me beijar sem esperar uma resposta. Fiquei imóvel por alguns segundos, mas consegui me envolver no beijo.

Seus braços envolveram meu pescoço com seus dedos brincando com meus cachos. Ela estava prolongando o beijo por mais tempo que eu gostaria. Minha barriga roncou em resposta, não era hora para ficar fazendo isso.

Ela distanciou de mim e puxou sua mochila para tirar algo de dentro dele.

Uma camisinha.

Foi quando eu me toquei no que ela estava querendo fazer. Era tão óbvio e eu me senti um idiota por não ter percebido antes. Por isso ela queria vir. Ela sabia que ninguém estaria aqui, havia programado esse momento. Isso nunca passou pela minha cabeça.

Ela voltou a me beijar, contudo eu não estava sentindo mais nada. Distanciei dela e levantei da cama.

— Você quer mesmo isso?

Ela sorriu.

— Por que não quer? Tenho essa vontade desde o momento que coloquei os olhos em você.

Como assim? Essa informação me pegou de surpresa, me trazendo de volta a realidade. Ela não era como eu. Era claro que uma hora iria querer fazer isso.

Escondi meu rosto entre as mãos. Amanda me perguntou o que estava acontecendo e eu não soube o que responder. Como eu explicaria que eu não me sentia como ela?

Respirei fundo. Ela precisava me entender.

— Eu não quero fazer.

Amanda ergueu as sobrancelhas.

— Não quer fazer hoje? A gente pode tentar outro dia, não tem problema.

— Não é isso, Amanda. Eu não sei se um dia eu vou querer. Eu não me sinto atraído dessa forma. Pelo menos acho que não, eu...

Ela me olhou como se eu fosse louco.

— Como assim, do que você tá falando? Por que estamos juntos se você nem se sente atraído por mim?

Eu não sabia da assexualidade naquela hora, então não soube como explicar melhor meus sentimentos. Era tudo muito complexo para colocar em palavras.

Balancei a cabeça.

— Eu me sinto atraído por você. Mas não dessa forma, entendeu?

Ela franziu o cenho.

— Isso não faz sentido! Então você não gosta de mim como imaginei que gostava. — Seus olhos marejaram. — Todo esse tempo é uma farsa? Você não me ama, é isso?!

Como assim?

— O quê? Claro que te amo, Amanda! Eu estou apaixonado por você!

— Se estivesse iria querer fazer. Pensei que fosse diferente dos outros idiotas da nossa sala. — Ela levantou e apontou um dedo para o meu rosto. — Você só quer me pegar pra ajudar nos estudos, né? É babaca como todos os outros. Só ficou me usando...

Ela não iria me entender. Ela começou a chorar quando pegava sua mochila e andava para fora do meu quarto.

— Amanda, me escuta. Eu nunca te usei. Eu gosto de você, não estou nem aí para os estudos. Não é por isso. Eu só não quero fazer. Essa parte pra mim nem é importante...

— Não começa, Axel. Não quero mais ouvir. Se você não é capaz de fazer isso, então eu nem quero perder meu tempo por aqui. Bem que me avisaram que você era assim, mas eu não acreditei que poderia ser verdade.

E então ela correu para fora de minha casa. Fiquei imóvel, sem conseguir ir atrás dela. Ela não iria me ouvir. Se ouvisse, não iria acreditar em mim.

Sentei no chão, me sentindo exausto. Eu estraguei tudo.

Tentei conversar com ela na escola, mas Amanda me ignorou. As amigas dela também não me deixavam chegar perto. Ela com certeza havia contado a elas, todas me olhavam de forma estranha.

Depois de muitas tentativas de falar com a menina, precisei fazer esforço para continuar a minha vida e fingir que nada daquilo aconteceu. Depois de me formar na escola, eu consegui respirar aliviado e criar um novo rumo para mim. Na faculdade, tentei esconder esse meu lado a sete chaves— o que não funcionou. Não tinha como negar uma parte de quem eu era.

— Nunca contei essa história a ninguém, você é a primeira a saber disso. — disse eu a Sandy. — Já falei antes para algumas pessoas sobre ser assexual, mas grande parte delas não conseguiram me entender.

San não tirava os olhos de mim. Ela ficou quieta por mais tempo do que eu gostaria.

— Aquela menina foi uma completa idiota com você — começou, fazendo uma careta. — Só porque não fizeram nada, não quer dizer que você não a amava.

Ela colocou a mão no meu rosto. Meu estômago dançou dentro de mim. Era tão reconfortante ouvir essas palavras saindo da boca dela.

— Amor não se resume só a isso. Eu também acho que é a parte que menos importa.

Ela me abraçou e eu desejei nunca mais sair de perto de seus braços e do nosso momento. Todos os sentimentos me assolaram de uma vez, fazendo uma bagunça dentro de mim.

— Você é a pessoa mais incrível que conheço, Axel. Eu sempre vou gostar de você por causa disso. — Ela sorriu. — Não liga para o que o mundo diz em como você tem que ser e o que precisa fazer. Só seja você.

Nota da autora:

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Nota da autora:

Esse é uma parte da história muito importante para Axel, espero que tenham gostado de descobrir mais um pouco sobre ele <3

Ah, não esqueçam de deixar o seu voto e comentário, isso me ajuda muito!

Até mais :)

Frangos Explosivos [Completo]Where stories live. Discover now