Capítulo trinta e cinco

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Um dia depois da aula, tomei coragem para dizer isso. Ela estava na porta, esperando pela chegada dos pais. Ela me encarou e sorriu para mim, fazendo meu corpo ficar mole como gelatina.

— Você quer sair comigo? — perguntei antes de perder a coragem. — Quero te conhecer melhor.

Ela não ficou surpresa com meu convite e aceitou sem hesitar. Combinamos de nos encontrar em um restaurante perto de casa. Ela me passou o número e depois foi embora.

Cheguei quinze minutos antes do horário marcado para conseguir a melhor mesa do restaurante. Era um lugar mais romântico que eu conhecia, com as mesas iluminadas a base de velas. Escolhi ao lado de um vaso de girassóis, e fitei o relógio a cada segundo, com o tempo passando de forma lenta e constante. Amanda apareceu quinze minutos depois, com o cabelo moreno preso em um rabo de cavalo e um batom vermelho preso nos lábios. Nós pedimos a comida e quando começamos a conversar, meu nervosismo se dissipou. Foi um momento mágico. Com ela as horas passaram voando e quando me dei conta, o céu estava escuro do lado de fora.

— Eu preciso ir. — Foi o que Amanda disse, parecendo um pouco chateada. — Minha mãe já vai chegar, ela odeia quando eu atraso.

Levantei.

— Eu espero com você na porta.

Pagamos a conta e esperamos. Estava com um vento frio. Ela reclamou do vento e eu tirei meu casaco para colocar em seus ombros. Cruzei meus braços com os pelos arrepiados, mas sem ter coragem de reclamar disso.

Será que era cedo demais para pegar na sua mão?

— Você gostou? — perguntei.

— Eu amo esse lugar. Venho aqui quase toda semana.

Silêncio. Os minutos estavam ficando tensos. Ela revezava o olhar entre mim e a rua. Ela pedia por algo e se eu não agisse logo, seria tarde demais. Cheguei mais perto e coloquei minha mão próximo ao dela, fazendo nossos dedos se encostarem.

— E como você se sente?

Ela abaixou os olhos para nossas mãos. Eu precisava parar de enrolar.

— Em relação a comida?

— Não, em relação a mim.

Dessa vez o silêncio foi intenso. Meu coração acelerou quando seus dedos entrelaçaram com os meus.

— Eu gosto muito de você — E então ela me beijou.

Fiquei sem reação. Foi estranho e ao mesmo tempo bom. Uma combinação diferente do que a primeira vez. Eu ainda precisava me acostumar com as sensações e gostos novas que se revelavam em meu estômago.

Ela distanciou alguns segundos depois e, sem dizer mais nada, foi embora quando o carro da mãe apareceu. Fiquei congelado na calçada sem saber quanto tempo se passou desde que seus lábios grudaram nos meus.

Os beijos aconteceram mais vezes ao longo das semanas. Eu estava começando a ficar viciado com o poder que seus lábios tinham em mim. Nenhum sentimento de despertencimento voltou até mim. Pela primeira vez eu me pensei que era como todo mundo.

Comecei a me preparar para pedi-la em namoro para tornar tudo de forma oficial. Mas antes de conseguir fazer isso, algo aconteceu para desmoronar tudo.

Era sexta-feira e a gente estava saindo juntos da escola. Ela parou de andar e ficou na minha frente para sussurrar em meu ouvido.

— Vamos para sua casa.

Ergui as sobrancelhas.

— Mas e seus pais? Eles deixam?

Ela deu de ombros e puxou minha mão para pegarmos o ônibus.

Frangos Explosivos [Completo]Where stories live. Discover now