Capítulo 03 - Uma longa tarde

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Viola M

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Viola M.

Eu mal havia chegado em Manhattan e as coisas já estavam complicadas para o meu lado.

Sentada no banco gélido de um hospital velho, eu aguardava o médico responsável pelo meu avô - que estava internado a dois longos meses.

   — Viola Morgan? — um homem de jaleco vem na minha direção e eu me levanto, sentindo um frio na barriga.

Observo sua aparência comum, com traços mais velhos e duros. Seu semblante de cansaço me faz imaginar que o mesmo não dorme faz tempo.

Espero ele me chamar para alguma sala fechada e discreta para podermos conversar mas pelo julgar o estado do hospital, acredito que essa possibilidade está totalmente descartada.

   — Você conversou com a sua irmã sobre o estado do seu avô? — perguntou, de forma íntima.

   — Não exatamente — confessei — Eu vim aqui justamente para que você, doutor, me diga qual é a verdadeira situação do meu avô — engoli seco.

Toda vez que eu ligava de Londres para a minha irmã, querendo saber sobre o meu avô, ela sempre dava uma resposta diferente. No começo, disse que foi Alzheimer. Depois, disse que ele tinha machucado a bacia. Logo, que ele tinha tido AVC. E sempre acrescentando de que a situação não era tão grave.

Talvez, em seu pensamento, só estava tentando ser uma pessoa otimista. Mas para mim, estava apenas enganando a si mesma.

   — Bom, é complexo — suspirou, passando as mãos pela sua barba grande e grisalha — O sr. Júlio foi diagnosticado com Alzheimer, mas foi depois da queda que tomou...

   — Espera, ele caiu? — eu não fazia ideia. Como a Lorena tinha escondido isso de mim?

   — Sim — franziu as sobrancelhas e eu pedi para que ele continuasse — E depois da queda, ele contraiu uma bactéria séria, e a situação piorou.

Mordi os lábios nervosa.

   — E então veio dois AVCs... — o olhei — Desde então, sinto muito lhe dizer, mas ele não tem reagido a nada. Por isso, a melhor decisão é colocá-lo na UTI o mais rápido possível — declarou, me olhando com um semblante duro e ainda sim, compreensível.

Balancei a cabeça.

   — E Viola... eu já avisei a sua irmã e entreguei todos os valores e custos que serão cobrados — me encarou — Sei que é difícil, mas, se querem que o avô de vocês continue vivo, não temos muito tempo.

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