seus amigos

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Acordo bruscamente por conta de varias batidas seguidas na minha porta. O sol está se ponto pela minha janela, e percebo que passei o dia todo sem fazer nada. Um par de lágrimas geladas desce de meus olhos.

Eu não sei porque eu choro, não acontece nada para que eu fique triste, eu apenas estou triste.

Limpo os traços de água do meu rosto e me arrasto até a porta, destranco já na expectativa de ver minha mãe me mandando ir lavar a louça ou tirar as roupas de máquina de lavar, mas quem eu enxergo ali na verdade é Felix.

E então, me lembro de que hoje é sexta-feira, e que eu não fui trabalhar. Imagino se ele estava preocupado, pelo jeito que me olha é bem provável.

— Você quer me matar do coração? — pergunta, entrando no meu quarto e jogando sua mochila da escola para o lado. Ele está tão irritado, mas seus olhos com asas de borboleta, suas bochechas e nariz vermelhinhos e as flores amarelas desenhadas em suas sardas fazem parecer que toda aquela irritação na verdade é fofura. — E para de sorrir que eu to falando sério.

   — Sua maquiagem está muito bonita — ignoro o que ele diz, e abro um sorriso ainda maior. Ele faz um bico engraçado que parecia ser de raiva.

   — Responder mensagem de texto não faz o dedo cair, sabia?

   — Mas faz a cabeça doer — murmuro, voltando e me jogando na minha cama. — Odeio a tecnologia.

   — Mentiroso, você é viciado em animes — denúncia, me fazendo arrastar um som de reclamação. — Não seria nada sem a tecnologia para ler seus mangás de graça!

   — Okay, é real — murmuro, respirando fundo. — Mas ainda assim, sei lá.

   Ele anda até a minha cama e se senta do meu lado, não demorando muito para encontrar sua mão direita na minha.

   — Aconteceu alguma coisa?

   — Não sei — respondo, porque é a verdade. Não tenho ideia do que aconteceu, ou porque aconteceu, só aconteceu.

   — Um dia ruim? — pergunta, e eu concordo com a cabeça sem muito pestanejo. Ele suspira e se deita do meu lado, quase caindo da cama. Eu lhe dou um pouco mais de espaço, e logo estamos cara a cara, e seus olhos de borboleta são tão lindos que sinto vontade de chorar novamente.

   Felix é lindo, o mais lindo que já vi na minha vida. Às vezes me pergunto se ele sabe o quão lindo ele é, das sardas até os piercings, o cabelo castanho escuro, os dentes fofos. Quero dizer-lhe o quanto é bonito, então eu apenas falo:

   — Você é lindo.

   Ele abre um sorriso tímido e nega com a cabeça. — Hyung...

   — É sério, Felix — respondo, colocando a mão com muita delicadeza sobre seu rosto, com medo de estragar as flores amarelas e o brilho primaveril que ele exalava. — Você é o garoto mais bonito que eu já vi na minha vida todinha.

   — Para de roubar meu coração assim — brinca, dando suas mãos para mim. — Isso deveria ser proibido.

   — Você deveria ser proibido — começo, e ele me olha estranho, e então continuo: — Proibido por ser tão irresistível assim.

   Lhe mando uma piscada e ele nega com a cabeça enquanto ri.

   — Achei que estava de mau humor.

   — Eu estou. Estou triste pra caralho — sorrio, passando o polegar pelas flores em seu rosto.

   — Por que está sorrindo então?

   — Pra não chorar na sua frente — confesso.

   — Você pode chorar se quiser.

   — Mas eu não quero.

   Era mentira, eu queria sim, ainda mais porque ele está tão bonito que meu coração dói em pensar que o tenho em meus braços.

   — Changbin, você está chorando.

   — Não estou não — nego com a cabeça e limpo minhas lágrimas. — É uma alucinação.

   Ele ri e se aproxima mais, me dando um beijo na testa.

   — Não faz mal chorar.

   — Mas eu fico feio quando eu choro.

   Ele da risada e nega com a cabeça, me abraçando bem forte. — Não fica não.

   — Eu sei que eu fico — mostro a língua, e ele sorri bobo, se aproximando e me dando um selinho. — Como foi a escola?

   — Arrumei briga de novo — fala, e eu suspiro, porque estou preocupado. — Mas dessa vez foi só com palavras.

— O que acontece pra você brigar tanto assim na escola?

Ele da de ombros. — Adolescentes são panacas. Uns caras ficam zoando meu melhor amigo só porque ele é um dos melhores maquiadores da escola, e eu já arrumava briga com eles antes. Daí ele começou a fazer maquiagem em mim pra treinar já que a modelo dele decidiu do nada que não queria mais, e eu concordei porque amigos são pra isso.

— Mas eu tenho medo de você se machucar.

Ele da risada e me abraça mais forte, embolando suas pernas nas minhas.

— Eu me machuco o tempo inteiro, acho que já até parei de sentir dor.

— Não brinca com isso palhaço.

— Eu não estou — confessa. — Eu amo meus amigos, faria de tudo por eles.

— Você é fofo demais que ódio.

Ele ri novamente e me dá um selinho.

— Você é o fofo aqui.

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Era pra ter saído ontem mas eu demorei demais ks

Perguntas pra quebrar o gelo!

Qual a maior loucura que você já fez por alguém?

lista dos gostosWhere stories live. Discover now