segundas intenções

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   Chan contou para Woojin que eu tinha um encontro, o que resultou na praga cursante de estética/cabeleireiro a vir na minha casa para "me arrumar" depois do trabalho. Ele disse que meu cabelo estava um ninho de rato e me perguntou que corte eu gostava.

   — Você sabe algum que possa me deixar com pinta de bad boy?

   E não teve outra, ele passou cinco minutos rindo da minha cara – mas me fez um undercut incrível, então eu nem discuti. Depois como se não bastasse, ele ainda passou lápis no meu olho e fez um corte ridículo na minha sobrancelha que, olhando agora no espelho do banheiro, não está tão ruim assim.

Está quase na hora que o Felix combinou para saírmos. O menino doido vai me levar para colocar um piercing ou algo assim, e eu honestamente nem sei aonde colocar – admito que até queria na língua, mas o Chan disse que não vai dar pra eu beijar por umas três semanas.

Não que eu esteja planejando beijar alguém.

Quer dizer, olha pra mim, esse lixo não pega ninguém e meu primeiro beijo com o Woojin nem contou porque ele é meu amigo de infância, isso é quase beijar um irmão mais velho.

Nossa tá ficando cada vez pior.

O ponto é que eu estou no lugar que marcamos, na hora que marcamos, e o menino está atrasado.

Ainda acho que ele estava zoando com a minha cara- meu Deus, olha pra aquele homem, aquelas calças de malha de dançarino, aquelas mãos bonitas e parte dos braços descobertos pela camisa branca de mangas arregaçadas, nossa que homem bonito, me distraí aqui...

Mas ele tá acenando pra mi- PUTA MERDA é o Felix? Nossa ele nem saiu do colegial e já está o maior homão, me senti meio lixo agora, meu Deus...

   — Boa tarde hyung — ele fala, sorridente, se aproximando mais do que eu esperava e me dando um beijo na bochecha. Meu corpo todo entra em pane e é como se a tela azul do Windows substituísse meu cérebro.

— Oi, criança — falo, e logo me arrependo e sinto vontade de me dar um tapão na testa.

— Qual é, você não deve ser tão mais velho do que eu — puxa o assunto, segurando em minha mão bem descaradamente e começando a me puxar de leve até o ponto de ônibus. — Quantos anos você tem?

— Faço vinte em agosto.

— Nossa, cuidado com o idoso passando — brinca, negando com a cabeça. — Eu faço dezenove em setembro, dai você não vai mais poder me chamar de criança. Também estou no último ano do colegial, o que significa que já vou pra universidade logo, logo. A propósito, você cortou o cabelo?

— Meu Deus Felix, você fala muito.

— Perdão, eu to ansioso — ri consigo mesmo, parando no ponto de ônibus. — Nunca tive um encontro de verdade com alguém, só uns pegas aleatórios em umas festas ou coisa assim.

   — Você é muito diferente do que eu imaginava — digo, franzindo minhas sobrancelhas. — E sim, eu cortei o cabelo.

   — Em que sentido de diferente?

   — Sei lá — dou de ombros. — Achei que você ia ser super tímido, não gostasse de festas, aqueles garotos certinhos, entende?

   Ele ri alto e nega com a cabeça. — E eu achei que você tinha pinta de bad boy, mas parece que nós dois nos enganamos. Se bem que esse seu corte de cabelo favoreceu meu estereótipo, jaqueta jeans também combina com você.

   Desço meu olhar para minhas vestes. Jeans azuis claros e rasgados, uma blusa preta bem longa e cheia de furos "estilosos" – parece mais uma blusa de mendigo, mas o Woojin disse que os jovens de hoje em dia gostam de estilos despojados –, minha jaqueta jeans com rasgos favorita e meu par de coturnos com um saltinho plataforma que me deixava uns cinco centímetros mais alto.

   Eu também usava vários colares, algumas correntes, anéis, sei lá, pesquisei badboy no pinterest e fui juntando os acessórios que pareciam com os que os caras nas fotos usavam.

   Mas não é como se ele precisasse saber disso.

   Nosso ônibus se aproximou e ele acenou para que o veículo parasse.

   — Geralmente eu uso mais preto — digo, mas escondendo minhas mãos no bolso da jaqueta e sentindo minha caixinha de cigarros e meu isqueiro ali. No outro bolso tem meu celular. Bato nos bolsos da calça à procura do cartão de ônibus que felizmente estava ali.

   — E por que hoje não está usando tanto?

   — Woojin disse que era gótico demais.

Ele ri novamente e entra no ônibus junto comigo. Encontra um par de cadeiras livres lá no fundo e vem me guiando até que cheguemos lá.

   — Mas então, quem é Woojin?

   Dou de ombros. — Um amigo de infância.

   — Ele cursa algo?

   — Estética. Quer fazer maquiagem artística para MV's de idols, e também corta cabelo em horas vagas.

   — Meu melhor amigo faz estética na nossa escola vocacional — ele sorri, muito aberto e animado, como se tivesse ganho na loteria.

   — Isso tem algo a ver com suas maquiagens de sexta-feira?

   — Pois é — ri, coçando a nuca. — Ele vai fazer uma competição nacional em Busan durante o verão e tem me usado de cobaia, se ele ganhar, vai pra HongKong.

   — O Woojin ganhou a competição nacional ano passado — sorrio, orgulhoso de um dos meus únicos amigos. — Talvez eu possa pedir pra ele dar umas dicas pro seu amigo.

   — Nossa, o Jisung ia amar, com certeza! Ele não conseguiu participar das nacionais ano passado, então acho que qualquer ajuda é bem-vinda.

   — Certo, eu posso mandar o número dele depois.

   — Você pode mandar mais coisa se quiser.

Eu o encaro pensando em trinta mil próximas intenções que podem ter vindo junto com essa frase, e meu eu virgem interior está gritando num nível ensurdecedor, mas tento ignora-lo.

Ao invés disso eu o olho com as sobrancelhas arqueadas, fingindo que não tinha entendido sobre o que eu deveria mandar, o que na verdade era honesto porque eu realmente não tinha entendido.

Ao menos esperava que não.

— Mandar coisas como mensagens, hyung — continuou, negando com a cabeça. — Nossa como você é mente suja.

Minhas bochechas ficaram super vermelhas, e eu queria me esconder debaixo do banco do ônibus.

— Você que diz tudo como se houvesse uma segunda intenção.

Ele abriu um sorriso malicioso na minha direção e depois começou a rir.

— Se você quiser que tenha, não sou eu quem vai negar.

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Perguntas para quebrar o gelo!

Pergunta de hoje:
Com qual frequência você usa frases de segundas intenções pra dizer algo subjetivamente?
Eu n uso muito, prefiro falar na cara o que eu to pensando pq acho mais fácil kkkkkkk
Mas tbm sou ruim pegando sinais e segundas intenções por causa disso

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