= DOIS =

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Os saltos da bota ecoavam no corredor extenso. Cada batida era um eco sobre o mármore que cobria não só o chão particularmente frio, como as paredes também cobertas do mesmo material. 

Fazer o que? Afinal, seu pai gostava de tudo, inclusive de esbanjar o dinheiro que para alguns hipócritas era considerado dinheiro sujo. 

Os saltos pararam no portal de aço e a pessoa que os vestia abriram bruscamente tentando não deixar as pastas que segurava cair. 

— Edward, agora não. — ela disse quando o bulldog com uma coleira verde e roxa começou a pular nela. — Edward… 

Ela conseguiu se esquivar do cão e começou a andar em direção a mesa enorme. Pelo o que ela sabia, era da família de seu pai. Uma família que ela amava fazer parte. 

Largou as várias pastas na mesa e se olhou no espelho. Seus cabelos cacheados estavam volumosos e gostava deles daquele jeito. Ajeitou-os um por um, quando ouviu seu outro pai chamar. 

— Martin. — Edward Nygma se aproximou — Como está minha muffinzinha? 

— Não sou uma criança mais pai. 

— Será para nós. — Nygma disse. — O que é esse tanto de… — ele começou a mexer nas pastas. — Folhas de Arkham? 

— Um estudo. Cadê o pai Os? 

— O que você acha? — Nygma disse. 

No mesmo momento, Martin ouviu um esguicho humano como se alguém estivesse sendo torturado. 

— Então acharam o traidor. — Martin concluiu. Aquilo era mais um dia normal naquela casa. Ela olhou para seu pai, enquanto ele lia as pastas uma por uma. 

Amava como ele ficava concentrado, com seu óculos verde na ponta do nariz levemente arrebitado. Gostava de olhar para os dois; sabia que a história de Edward Nygma e Oswald Cobblepot era uma das mais complicadas da cidade. 

E estranho como cruzaram com aquela aberração. O Homem Vestido de Morcego, como dizia Oswald, que entrou na sala no mesmo momento em que pensou no segundo pai. 

O pequeno homem entrou mancando, com a bota do pé direito armazenando a bainha de uma faca e estranhamente suja de sangue. 

— Martin. — Oswald disse. — Chegou cedo, princesa. 

— Estava tendo algumas ideias. Sobre o… 

— Não! — Oswald disse num tom autoritário e estranhamente cônico para ela, que mudou na frase seguinte. — Não diga o nome dele, pequena. Por favor. 

— Ela tem uma ideia boa, Os. — Nygma disse o olhando por fora do oclinhos. — Aliados. 

Oswald pegou as fichas e olhou para cada uma. Martin sabia que o pai iria lhe elogiar também então apenas fingiu demência, segurando seu telefone. 

— Procurou por idade. Tipo de "deficiência". — disse Oswald sorrindo. 

— Nem parece que é sua filha, Os. Puxou meus neurônios. 

— Pelo menos ela não se veste como um duend… 

— Okay — Martin disse. — Eu não preciso ver vocês discutindo por meia hora. O que acham da ideia? 

Os dois se olharam por alguns segundo. Martin jurou que iam se beijar de novo como sempre faziam apenas para deixar ela envergonhada, quando a TV da cozinha ecoou na sala: 

"E temos a grande notícia que Bruce Wayne acaba de estacionar na porta da Prefeitura para um anúncio importante"

Martin viu o casal nada convencional correr para a sala e apenas os seguiu porque Edward segurava duas pastas. A cozinheira não ligava para o que passava na TV mas aparentemente os pais sim. 

Martin conhecia o tal riquinho, Bruce Wayne. Sabia da trágica falha do pai em acabar com o show dele com Nova Torre Wayne, mas ficou sem entender quando os pais se olharam, e para a ficha na mão de Nygma. 

— Aceitamos a ideia. — os dois se viraram para ela. — E já temos quem. 

Nygma entregou a folha para Martin. Era uma foto o tanto quanto perturbada de um cara com o rosto queimado e branco ao mesmo tempo. No topo, o nome: 

JEREMIAH "J" VALESKA 

IDADE: DESCONHECIDA

CONSIDERADO INCAPAZ DEVIDO A ACIDENTE QUÍMICO. NÃO RESPONDE POR SEUS ATOS.

Old NocensWhere stories live. Discover now