Ani correu em direção aos amigos.
Faramir mantinha-se ereto sobre seus joelhos, mas Daena estava emborcada.
Ela segurou a amiga nos braços.
Erguendo a cabeça, Daena a fitou através dos olhos inchados e roxos.
- Estou aqui, você vai ficar bem. - Ani assegurou.
A fêmea balançou a cabeça e tornou a fechar os olhos.
- O que vocês fizeram com eles? - Ela gritou para todos no salão.
- Encontramos esses elfos brancos rondando a montanha e o prendemos. - Respondeu Zuri.
- Prenderam? Eles foram torturados!
Com um movimento de mão, quebrou a magia das algemas de fogo azul que prendiam o casal e, delicadamente, colocou Daena deitada no chão.
- Eles são meus amigos! - Falou levantando-se.
- Isso é o que veremos. - Retrucou Turon, fazendo sinal para os Mestres.
Um dos Altos Sacerdotes se adiantou e começou a conjurar um feitiço que foi repelido pelo escudo de Cam.
Livre das algemas, Faramir ficou ao lado do feiticeiro e puxou Ani para trás dele, usando o corpo ferido para proteger as fêmeas.
Daena havia se sentado, porém parecia atordoada.
- Como vocês ousam me desafiar? - Ani ouviu a voz possessa do rei.
Antes que pudessem se proteger, uma onda de poder caiu sobre eles quebrando o escudo.
Alguma coisa mudou dentro dela quando viu Cam e Faramir voarem pelos ares, baterem contra uma parede e caírem desacordados no chão.
Ani se empertigou, mas não era ela quem comandava o próprio corpo. Uma outra consciência havia despertado. Algo escuro e malígno.
Ela não percebeu seu corpo se esticando, aumentando de tamanho, nem sua pele se tornar azulada, seus cabelos voarem ou seus olhos virarem dois faróis de luz.
Uma magia poderosa e antiga explodiu em seu peito.
- Você esqueceu como se trata os amigos, Turon? - Ouviu sua voz sair sem que ela pudesse controlar o que falava.
O rei ficou lívido e todos na sala prenderam a respiração.
Um vento varreu tudo quando Turon se ergueu, desceu apressado os degraus do tablado onde ficava o trono real e seguiu até Ani.
- Noturna? - Ele perguntou hesitante.
Uma série de imagens invadiu a cabeça de Ani.
Momentos entre ela e Turon:
Ele a salvando de um linchamento na aldeia em que vivia.
Ela fazendo ele beber seu sangue quando estava à beira da morte, depois de sofrer um ataque.
Eles compartilhando a mesma cama.
Ani estremeceu com aquela última memória e Noturna riu em sua mente.
"Sim, criança, nós já desfrutamos desse macho. E muito."
Seu corpo se contorceu em ânsias de vômito.
Então, a visão de Ereinion lançando um feitiço fatal em sua direção e um Turon desesperado tentando quebrar a barreira que os separavam para salvá-la, a distraiu. Foi a última coisa que viu antes de voltar à realidade.
- Enfim, você se lembrou de mim. - Se ouviu dizer - Essa criança também se lembrou de tudo o que passamos na minha penúltima encarnação.
O rei segurou seus ombros.
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SÉRIE NOTURNA - LIVRO 2: EU SOU A ESCURIDÃO (Completo - em revisão)
Fantasy*Obra registrada na Biblioteca Nacional. Todos os direitos reservados Finalizada, em revisão. Triste e magoada, Ani foge de Arvedui acompanhada pelo enigmático Cam, em direção ao Reino Sombrio. Não é nada fácil chegar às terras de seu avô, o rei Tu...