Estava perdida.
Perdida num mundo de névoa e escuridão.
Não conseguia reconhecer o local onde se encontrava e aquilo estava deixando seus nervos à flor da pele.
Começou a caminhar tentando reconhecer o terreno, mas a grama úmida gelava seus pés descalços.
Escutou um barulho e seguiu em sua direção.
Deparou-se com a loba deitada perto de três túmulos.
- O que aconteceu? - Ani perguntou.
A loba chorava sangue.
- Mataram meus filhotes e você comeu o cérebro deles.
- Eu não comi! Tentaram me obrigar, mas recusei.
- Mas você viu os outros comerem e não fez nada para impedir, agora eles estão aqui.
Ani se aproximou de uma das covas. No lugar do filhote, havia um elfo morto dentro dela. Olhou nas outras e encontrou outros dois elfos.
- Não são seus filhotes, são elfos. - Falou para o animal, porém a loba não estava mais à vista.
Tornou a olhar para os túmulos abertos e uma dor angustiante explodiu em seu peito.
Seus três filhos estavam mortos.
Seus amados filhos.
Fez com que rosas de vários tipos e cores surgissem sobre as covas selando-as.
O perfume das flores preencheu o ar e ela se lembrou porque detestava aquele cheiro.
Ouviu passos se aproximando.
Uma voz masculina a chamou.
"Quem ousa me interromper quando visito meus filhos?" Pensou com uma mistura de ódio e pesar.
Ela se virou lançando um feitiço na direção do macho que havia chegado.
O elfo tombou inerte.
Aproximou-se o suficiente para ver o rosto de sua vítima e ali, aos seus pés, Cam estava caído.
Morto.
Acordou com alguém gritando. Demorou a entender que os gritos vinham dela própria.
Cam apareceu na porta de seu quarto, uma bola de fogo azul em cada mão.
Ela pulou em seu pescoço ainda soluçando.
- Ei! - Ele falou pegando-a no colo - O que houve?
- Tive um pesadelo horrível. Eu te feri, de novo, só que dessa vez você morreu.
Voltou a chorar copiosamente.
O elfo saiu do quarto e foi em direção ao dele, carregando Ani consigo.
Deitou com ela em sua própria cama e puxou o cobertor de peles sobre eles.
- Estou aqui, Allania, e estou bem.
Ela se aninhou ao elfo.
- Você não me machucou, foi só um sonho ruim.
Aos poucos ela foi se acalmando.
- Eu estou sentindo tanto por ter te atacado.
- Eu sei, Mell. Não foi sua culpa, seu feitiço era só para me afastar, mas como diz aquele poema ridículo de vocês "Tinha uma pedra no meio do caminho."
Ela esboçou a sombra de um sorriso.
- Não fale assim do clássico de Drummond! - Respirou fundo - Estou tão desestabilizada emocionalmente. Essa noite me esgotou.
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SÉRIE NOTURNA - LIVRO 2: EU SOU A ESCURIDÃO (Completo - em revisão)
Fantasy*Obra registrada na Biblioteca Nacional. Todos os direitos reservados Finalizada, em revisão. Triste e magoada, Ani foge de Arvedui acompanhada pelo enigmático Cam, em direção ao Reino Sombrio. Não é nada fácil chegar às terras de seu avô, o rei Tu...