Definitivamente os treinos do Reino Sombrio eram muito diferentes dos de Arvedui.
Estava encerrando o quarto dia ali, terceiro de treinamento, e Ani mal conseguia se sustentar em pé.
Sua rotina era uma loucura.
Logo nos primeiros exercícios físicos, Mestre Angrod percebeu que ela não conseguiria passar no teste final para tomar o manto de guerreiro dos elfos escuros. Então, a escalou para aulas de magia também.
Seu dia iniciava com aulas de feitiçaria, seguida por uso de portais ou execução de rituais, depois linguagem, história ou religião élfica.
Era a parte favorita de Ani. Apesar da frieza dos mestres, estava aprendendo muito sobre seus poderes, coisa que jamais pensou que seria capaz de fazer.
E tudo isso em apenas três dias de aula.
Às vinte e duas tinha um intervalo até a meia-noite, quando acontecia o ritual de energização coletiva.
Essa era a única atividade que os elfos escuros realizavam na área externa da caverna. Provavelmente, por conta do frio extremo fora da montanha.
Eles formavam vários círculos concêntricos e de mãos dadas entoavam a oração de energização que Cam a ensinou em Arvedui.
Ele estava sempre ao seu lado segurando fortemente a sua mão durante esses rituais.
A energia gerada ali era tão grande, que todos saíam alegres com um brilho azul ao redor de todo o corpo. Inclusive os que não eram magos.
O brilho de Ani apagava rapidinho quando começava, logo depois, o treinamento físico composto basicamente de aulas de utilização de armas brancas e de fogo, uma hora de academia e, para finalizar, algum tipo de luta corpo a corpo.
Ela já havia passado pelo Muay thai e o Krav Magá, um método diferente de defesa pessoal que Ani suou para entender.
Detestava tudo: o fato de ser proibida de usar seus poderes exatamente quando estava descobrindo como fazer; a Mestra Ulren, que a deixava servir de saco de pancadas dos colegas de turma infinitamente mais fortes; os exercícios sobre-humanos que era obrigada a fazer; as fêmeas que, apesar de serem cronologicamente mais velhas do que ela uns vinte anos estavam saindo da puberdade élfica e eram um pé no saco.
- Você sabia que é uma humilhação não ser reivindicada por um macho diante do rei? - Perguntou uma tal de Sunan, depois de deixá-la estirada no tablado.
- Tenho certeza que sim. - respondeu Ani cuspindo o sangue que se acumulava em sua boca cortada pelos golpes da fêmea - Para quem realmente se importa.
- Quer que eu acredite que não se importa?
- Na verdade, não me interessa no que você acredita ou deixa de acreditar.
- Você é fraca e feia. Deve ser por isso que Lorde Cam não te quis.
Ani riu francamente.
"Sério isso? Voltamos para o jardim de infância?"
- E eu estou muito, mas muito preocupada com esse fato.
- Posso saber o que que está deixando nossa princesa tão preocupada? - Cam perguntou entrando no Centro de Luta.
Os olhos de Sunan brilharam como sempre acontecia quando ele chegava para verificá-la ou acompanhá-la ao quarto.
Ani estava irritada com aquela história, sua boca estava ardendo e seu corpo dolorido dos golpes.
- Um fato que Sunan apontou. - Riu debochadamente antes de completar - Segundo a beldade aqui, você não me reivindicou porque sou fraca e feia. E eu estava dizendo a ela como isso me preocupa.
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SÉRIE NOTURNA - LIVRO 2: EU SOU A ESCURIDÃO (Completo - em revisão)
Fantasy*Obra registrada na Biblioteca Nacional. Todos os direitos reservados Finalizada, em revisão. Triste e magoada, Ani foge de Arvedui acompanhada pelo enigmático Cam, em direção ao Reino Sombrio. Não é nada fácil chegar às terras de seu avô, o rei Tu...