Capítulo 13

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Como eu imaginava, Lana não quis sair de casa, pois queria ficar vendo vídeos improdutivos no youtube. Minha tia nos demandou algumas tarefas, e nem reclamamos, pois sabíamos que seria um tempo só nós dois. Tia Josie ainda nos deixou usar o carro dela, só sucesso.

Depois de rodarmos o centro inteiro da cidade, paramos em um estacionamento bem vazio de um mercado em uma rua mais vazia ainda. David Porra queria ir no mercado comprar salgadinho, porém devidas as circunstâncias nós fomos pro banco de trás do carro e claramente rolou umas coisas loucas.

- Espera, Lyra, calma - David me empurrou de leve.

- O que foi? Você é virgem? Não tem problema.

- Não - ele riu fraco -, não sou virgem. E quero que saiba que o que mais quero é fazer isso com você... Porém quero que seja especial, em um lugar calmo, legalzinho, não dentro de um carro.

- Quer ir pra um motel então? Eu só preciso sacar dinheiro, porque se aparecer isso na fatura do cartão....

- Não, acho motéis nojentos. Só... não aqui, não agora.

Depois disso não tive mais o que fazer, né? Só fechei o botão da calça, sentei no banco da frente e fomos embora. E sem o salgadinho ainda.

Chegando na casa da tia Josie, não consegui esconder meu descontentamento. A cara de bunda estava estampada e não saía de jeito nenhum.

Quando chegamos, uma movimentação incomum reinava na casa. A mãe de David corria de lá para cá com vasos de plantas, minha mãe surgia com várias sacolas e tia Josie apenas gritava e girava igual uma barata tonta, sem saber o que fazer.

- Posso saber o que está acontecendo? - David perguntou à mãe dele, quando ela passou com vários ramos de lavanda pela sala.

- Oras, o casamento da sua tia. Iremos para a praia nesta madrugada, para podermos chegar de manhã.

- Mas faltam 4 dias.

- Sim, pouquíssimo tempo!

O fato de eu ter que ajudar e correr com várias caixas e malas para colocar nos carros ajudou a não me lembrar da cena que tinha ocorrido há poucas horas. Pensa, é muito vergonhoso você estar lá toda toda e a outra pessoa não estar na mesma vibe. É tipo... Sei lá, não tenho coragem de encarar o David Porra agora.

***Dave***

Assim que terminou a muvuca, procurei pela Lyra. Só consegui encontrá-la na hora do jantar, quando nos sentamos frente a frente. Tentei dar aquela piscadinha marota no estilo "Me encontra depois", porém ela só encarava o prato. Então ou o frango estava muito bom ou ela não queria falar comigo; como foi minha mãe que fez o frango, constatei que ela não queria assunto comigo.

- Lyra - chamei, e ela tomou um pequeno susto e levantou a cabeça. - Me passa o molho?

Ela só me entregou o potinho e voltou a olhar para baixo.

Quando o jantar acabou ela foi para a piscina, e eu fui junto. Nos sentamos na borda e colocamos os pés na água.

- Por que tá assim comigo, Lyra? - Ela não respondeu. - O que foi? Estou preocupado, eu fiz algo? Foi por causa daquilo de mais cedo?

- Só... Estou com vergonha. Tava na cara que você não estava curtindo como eu.

- Lyra - peguei em sua mão -, eu estava. De verdade. É que é importante para mim que seja tudo perfeito. Você não sabe o quanto eu já sonhei com isso. O quanto eu penso que poderei ver o quão linda você é. Eu quero que seja especial, e não apenas um momento de fogo. Me entenda.

- Entendo. Desculpe.

Demos um pequeno selinho antes de nos lembrarmos que era proibido. Fiquei mexendo no cabelo dela, porque sei que ela gosta.

- Lyra.

- Oi.

- Eu gosto muito de você, muito mesmo.

- E eu te amo. - Quando ela disse isso, meu coração parou. - Não precisa dizer o mesmo.

Ela se levantou, me deu um beijo na bochecha e entrou para a cozinha. Eu fiquei, pois queria pensar um pouco. Eu amo a Lyra, não amo? O que eu sinto por ela é muito forte, porém acho que ainda não é a hora de dizer o famoso "Te amo". É tudo tão recente, quero fazer certo dessa vez.

A euforia de minha tia e de Zaffir acabou contagiando a todos, e ficamos acordados direto. Pensar que só tenho 4 dias com a Lyra me preocupa, porém o que mais me desespera é como iremos levar isso adiante, um morando longe do outro e sendo parentes.

Nós dois fomos em carros separados. Tive que me tornar o co-piloto do Zaffir, traduzindo o que a doida da mulher do gps falava. E foi por isso que chegamos quase duas horas atrasados. Quando ela pedir para virar à direita, porém a placa indica a esquerda.... Vire à esquerda. Confie em placas, não em vozes de gps.

- Onde vocês estavam? - minha mãe veio gritando da pousada. Pô, que lugar bonitinho. - A Josie já estava enlouquecida achando que tinha acontecido algo com o Zaffir.

- Não se preocupa, mãe. Ele tá bem... infelizmente.

Eu já estava achando muito estranho que tia Josie ia pagar hospedagem para todo mundo, por tantos dias. Porém, logo entendi: vamos ter que trabalhar para o casamento acontecer. Ela não contratou buffet nem decorador de casamento nem bosta nenhuma. As coisas estão aqui, porém não nos lugares onde deveriam.

O resto do dia e o dia seguinte foram voltados para os preparativos. A felicidade que tia Josie emanava não permitia que ninguém se aborrecesse por ter que trabalhar tanto. Ela ia de uma ponta à outra do salão saltitando e cantando aquela musiquinha de noiva. Fez da toalha de mesa seu véu e tirou de minhas mãos uma das taças que eu ia limpar.

- Tin, tin, tin... Quero a atenção de todos, por favor! - ela começou. - PARA TODO MUNDO, EU QUERO FALAR. Ok, obrigada queridos. Eu só queria agradecer por tudo que estão fazendo. Meu sonho está se realizando. Vai ser o melhor dia da minha vida!

- Achei que o melhor dia da sua vida tinha sido o do show do Fábio Júnior - Lyra disse, e foi só então que percebi sua presença no canto do salão, transformando guardanapos em cisnes.

- Bom, foi... Mas esse é o outro melhor dia da minha vida.

2 SemanasWhere stories live. Discover now