2 Semanas

Capítulo 12

***Lyra***

Eu e David estamos em fase de testes, digamos assim. Decidimos não contar nem para os meninos, para que eles descobrissem sozinhos. Eu imagino que não vai demorar muito a perceberem, porque David tá fofinho e eu não me controlo e quero beijar ele toda hora.

Não era pra rolar os pegas no cinema, porém rolou porque não ia ter outro lugar pra acontecer, sempre tem alguém perto naquela merda de casa.

Eu saí do filme com a boca dormente de tanto beijar. A pipoca que eu comprei era para estar intacta, porém curiosamente o pote estava vazio... e na mão do Alex.

- Alex, você comeu minha pipoca????

- Você nem sentiu falta. Tava quase transando com o Dave. Não é porque o cinema tá escuro que tá liberado passar a mão onde quiser, galera. Cêis tão achando que tão arrasando, né?

Voltamos para casa e os meninos foram para o sótão, enquanto eu e David Porra fomos ver algo na sala. Ele pegou um pote de sorvete para dividirmos enquanto contávamos coisas estranhas sobre nossas vidas.

- Fiquei chateadíssima com você. 2 anos, David. E tudo porque você me mandou aquela mensagem tarde demais.

- Pense pelo lado bom... Agora estamos mais maduros, pelo menos eu estou. Você continua a mesma retardada de sempre.

Escutamos passos e eu vejo a pequena figura de Lana se dirigindo para a cozinha. Que droga, já faz tempo que isso não acontece. Me levantei e fui atrás dela.

- Coisinha, o que está fazendo aqui embaixo? - perguntei, mesmo já sabendo a resposta. - Começou hoje isso ou é de outro dia?

- De outro dia - ela disse, suspirando fundo e abrindo a geladeira. - Na verdade, nunca parou. Quase toda noite acontece.

- Mas você me disse que tinha parado. Por que mentiu pra mim?

- Porque você se cansa muito, Lyra. Estuda o dia inteiro, à noite também. Você tem que dormir.

Lana desde os 7 anos tem crises de insônia. Ela ficava andando pela casa quase a madrugada inteira, até que eu comecei a acompanha-la. Eu sempre fazia chá de camomila para tomarmos enquanto assistíamos um filme. Comecei a procurar por filmes mais calmos e serenos, e fazia carinho em seu cabelo até Lana dormir. Ficávamos assim até mais ou menos às 4 ou 5 da manhã. Já cheguei a ver o nascer do sol atravessando a cortina da sala, e ela nem sequer havia cochilado. Mas no começo desse ano, quando entrei para o cursinho, ela me disse que tinha parado de acontecer, que conseguia dormir todas as noites. Eu deveria ter prestado mais atenção, mas estava tão exausta que nem notei.

Fiz ela se sentar na mesa que tem na cozinha da tia Josie e esperar eu preparar um chá qualquer que houvesse ali. Minha tia, apesar de gostar de usar tudo que é especiaria e erva em suas comidas, não gosta muito de chá. Só tinha uma caixinha bem escondida no fundo do armário, e eu pude ler que era de erva cidreira. Vai servir. Pelo menos não é chá de boldo, tem um gosto horrível, Lana odiaria.

Na cozinha, David brincava de guerra de dedos com ela. Ele deve imaginar que ela está tendo apenas uma noite de sono ruim, talvez. E então fomos os três para a sala, cada um com uma caneca cheia de chá. Lana imediatamente deitou a cabeça em meu colo e disse:

- A gente pode ver Divertidamente hoje?

- Pode, mas só se você não passar o dia seguinte inteiro chorando pelo Bing Bong.

- Mas foi você que fez isso, Lyra.

Pedi para que David Porra colocasse o filme enquanto eu mexia nos cachos de Lana. Ela vez ou outra levantava e bebia um pouco do chá, mas depois não quis mais pois ficou frio. Eu tomei tudo e o filha da puta nem bicou, então eu tomei o dele também. Ela conseguiu pegar no sono rápido, eram apenas 3:20. A deixei esparramada no sofá maior e eu e David fomos para o menor.

- Não sabia que você gostava da sua irmã - ele disse, sorrindo. - Foi uma cena fofa, tenho que admitir.

- Ela tem insônia, tadinha. Eu escutava ela andar pela casa inteira por horas, com seu urso de pelúcia na mão. Então comecei a tentar fazê-la dormir do meu jeito.

- Ah, é uma gracinha. Quem diria que Lyra Rivera faz essas coisas pela irmã. Sinto que não te conheço mais.

- Foi como você disse: nós amadurecemos.

- Isso foi profundo.

- Pro fundo do poço, no caso.

E então ficamos um pouco abraçados, apenas trocando uns beijinhos fracos, e foi a vez de ele mexer no meu cabelo até eu dormir.

***

Acordei com um som muito alto de TV. Minha tia e minha mãe estavam vendo um programa de culinária no máximo para não perderem nenhum ingrediente nem medida.

- Mãe? Você não era tão surda assim... - falei, esfregando os olhos.

David estava morto ainda.

- Shiu, Lyra! Ah, olha lá, perdi a quantidade de farinha. Era uma xícara, Josi?

- Acho que uma colher.

- Bom, colocamos então: entre uma colher e uma xícara de farinha. Ela vai começar o preparo, anota tudo!

Cutuquei David Porra até que ele acordasse. Coloquei o dedo em seu ouvido, boca, olho, mamilo, aí quando eu estava quase colocando lá, ele levantou e gritou.

- Que foi, garota?? 

- Está tarde já, levanta! Vamos lá pra cima, quero ir passear.

- Leve a Lana - minha mãe disse.

- Ah, mãe, é que eu queria ir só com ele, ele comigo, nós dois... Temos assuntos a tratar.

- Pois então vão vocês dois... e a Lana. 

Subimos para o sótão e os meninos estavam dormindo ainda, com exceção do Harry. David apenas trocou a camiseta e pegou a escova de dentes. Íamos começar a descer a escada quando Harry disse:

- Onde um vai o outro vai atrás... Parece até que estão se pegando. - E riu.

Eu e David Porra trocamos olhares e em seguida nos dirigimos a Harry, e então ele sacou tudo.

- Ah, meu Deus - ele sussurrou, para não acordar ninguém. - Vocês me contem isso direito! 

- Depois - eu sussurrei. - Agora estamos atrasados para nos pegarmos.

*** 

Oi, gente! Eu só queria pedir desculpas pela demora. São tantas coisas acontecendo comigo que não tenho a mínima vontade nem inspiração para escrever. São raros os momentos criativos que tenho, e estes eu dedico à escrita de um livro que desejo publicar. Porém, eu estava com muita saudade da Lyra e do David Porra e vim correndo aqui para escrever algo. Beijos, estava com saudades de vocês também nenéns.<3