03

2.8K 291 79
                                    

Miranda observou a pequena Liz que dormia com a cabeça deitada em seu peito e a acariciou nos cabelos, após longos minutos percebeu que estava sendo observada e levantou o olhar vendo Andrea com os braços cruzados encostada no vão da porta, por um breve momento foi sua Andrea que estava ali.

— Minha medica cansou antes do planetão terminar — Andrea riu negando com a cabeça e aproximou-se da cama.

— Perdão por tê-la deixado aqui incomodando você.

— Não foi incomodo algum, você costuma trazê-la sempre?

— Não, são raras as vezes, normalmente a trago quando o hospital está mais calmo, acontecimentos bem raros.

— Eu estive pensando... — Ponderou continuar falando — Se mesmo durante a fisioterapia você pode continuar sendo minha médica.

— Oh... Bom, senhora Priestly...

— Miranda, me chame apenas de Miranda.

— Tudo bem... Bom, eu normalmente não faço esses acompanhamentos aos meus pacientes após a alta e durante as sessões de fisioterapia.

— Claro, não há mal algum nisso.

— Onde estão as meninas?

— Foram comer alguma coisa, Liz não quis ir com elas, disse que ficaria cuidando de mim e logo pegou no sono.

— Se importa em ficar com ela mais um instante? Eu preciso preencher algumas fichas para liberar alguns pacientes ainda essa tarde.

— Claro.

— Obrigada, eu não irei demorar — Miranda afirmou vendo a morena sair.

As horas se passaram arrastando-se, Miranda tentou revisar sua atenção entre seus pensamentos e as meninas que conversavam e riam.

Andrea teve que dar alta e analisar alguns casos de última hora o que lhe fez atrasar com o combinado de não demorar a ir buscar a filha no quarto de Miranda, assim que chegou a porta do quarto viu as meninas sentadas ao lado de Miranda.

— Hora de ir, mocinha — Todas olharam para a porta.

— Ah não mamãe, eu quero ficar mais um pouquinho cuidando da tia Nana.

— Meu amor, nós precisamos ir, a mamãe precisa descansar, seu papai está nos esperando para o jantar e amanhã você tem aula.

— Não mamãe — Disse com os olhinhos brilhando pelas lágrimas que ameaçam cair.

— Liz Sachs Wilkins, eu não falarei outra vez, se despeça e vamos para casa — Disse voz e com a feição séria, Liz limpou os olhos molhados pelas lágrimas e olhou para Miranda.

— Tchau tia Nana — Disse com a voz chorosa.

— Tchau meu amor, pode ir me visitar quando quiser, tudo bem?

— Mesmo? — Perguntou um pouco mais animada.

— Mesmo — Liz a abraçou e desceu da cama se despedindo das meninas, seguiu até a mãe e lhe segurou a mão.

— Amanhã passarei para ver como se sente senhora Priestly, não faço esforço e obrigada mais uma vez.

— Não precisa agradecer — Andrea sorriu de canto e saiu com a filha.

.§.

Assim que Andrea abriu a porta de casa, entrou junto a filha e seguiu para o andar de cima, o silêncio estava em todo o local.

— Quer tomar um banho com a mamãe?

— Sim.

— Então vamos pegar suas coisas — Disse seguindo para o quarto da filha.

Assim que entraram, Andrea separou o pijama da filha e seguiu para o seu quarto, após separar sua roupa seguiu para o banheiro com a filha e encheu a banheira, entraram na banheira e Liz sentou nas pernas da mãe olhando-a com atenção quando Andrea passava a esponja sobre seu pequeno corpo.

— O que foi querida?

— Por que não posso ficar com a tia Nana? — Andrea parou o que fazia e a olhou.

— Porque Miranda não é amiga da mamãe, ela é paciente, além de tudo ela estava doente, precisa descansar para poder ir para casa cuidar das meninas.

— Assim como você cuida de mim?

— Sim, meu amor, assim como eu cuido de você.

— Eu posso ir ver ela, mamãe?

— É vê-la, meu amor e enquanto a isso eu irei pensar, tudo bem? Já disse que não somos amigas, mas pensarei, okay? — Liz afirmou.

Assim que tomaram o banheiro e se arrumaram, desceram para a cozinha, Andrea preparou algo rápido para as duas e sentou ao lado da filha, assim que terminaram de comer, Andrea levantou colocando os pratos no lava-louça, escutou o barulho da porta e logo Nate entrou na cozinha.

— Oi minha princesa — Disse pegando a filha no colo — Como foi seu dia?

— Eu ajudei a mamãe.

— Mesmo?

— Sim e o que mais?

— Vi a tia Nana.

— Você cuidou dela?

— Sim — Disse e encarou o pai — Você estava fantasiado de palhacinho, papai?

— Não minha princesa, por que?

— Você tem batom aqui — Mostrou o canto da boca do morena.

— Liz, sobe para escovar os dentes, a mamãe, já sobe para te ajudar, tudo bem?

— Sim — Disse saindo do colo do pai e saindo da cozinha, Andrea cruzou os braços o encarando com o semblante indecifrável.

— Pensei que ficaria em casa.

— Eu estava, mas vocês demoraram e eu saí para comprar algo para comermos.

— Saiu para comprar algo para comermos ou você saiu para comer, Nate? — Riu irônica — Quer saber? Não me importa, você pode responder isso para o quarto de hóspedes, pois é lá que dormirá até os papéis do divórcio estarem assinados, boa noite — Disse jogando o pano de prato sobre o balcão e saiu da cozinha.

.§.

Miranda encarou a parede e logo o relógio, oito e meia, Andrea ainda não havia aparecido naquela manhã, nem ao menos sabia se ela realmente iria, mas o seu único desejo naquele momento era poder ir para casa e ficar com suas filhas sem ficar esperando que Andrea aparecesse.

O barulho dos saltos a fez descer o olhar do relógio até a porta.

— Bom dia senhora Priestly, como se sente essa manhã? — Aquela voz lhe fazia tremer.

— Melhor, mas ainda não consegui dormir — Andrea posicionou o estetoscópio na orelha e começou a examina-la.

— E a urina?

— Clara.

— Conseguiu caminhar?

— Sim, fui ao banheiro duas vezes essa amanhã sem complicações alguma e sem precisar de ajuda.

— Isso é muito bom, significa que você está se recuperando bem e talvez nem mesmo precise de fisioterapia — Disse enquando media a pressão da mais velha.

— Quando acha que poderei voltar a dormir novamente? Eu estou a horas acordada.

— Talvez não seja tão rápido como você quer, mas posso receitar um analgésico para que possa dormir.

— Eu não me sinto cansada, mas creio que quando eu voltar pata casa, eu precise.

— Irei receitar assim que tiver alta, mas não abuse, normalmente esses remédios são muito fortes — Miranda afirmou — Passo aqui depois para ver como se sente, apenas para não sair da rotina — Miranda voltou a afirmar e observou a morena sair do quarto.

Definitivamente para Miranda aquela situação era completamente estranha, para Andrea nada havia mudado nada além de seu casamento frustrada, ambas sabiam o que deveriam fazer de suas vidas, ambas sabiam que as coisas não poderiam continuar como estavam.

She - 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora