Dividindo o armário

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Dominic manteve uma expressão indiferente ao ver a forma como Cassandra abriu a sua mala sorridente, pegando cada peça de roupa, observando atentamente, buscando pistas sobre si mesma antes de colocar tudo de volta e virar o seu rosto em sua direção, e neste momento, o mafioso sorriu, esboçando um falso alivio.

― Espero que esteja tudo certo – Dominic falou com a voz tranquila ao se afastar dela e seguir até a cozinha, abrindo a geladeira, pegando um jarro com agua e despejando em um copo de vidro. – Foi uma pena que não tivesse nenhum dos seus documentos. – Comentou ao dar de ombros após beber a agua olhando para ela em seguida. Ele estava ansioso para ver algo em seu rosto. Algo que demonstrasse que ela começava a se recordar de algo. – Hoje a noite irei precisar sair por algumas horas – Avisou – Por isso vou cozinhar algo para você agora. O que gostaria de comer? – Em muitos casos de amnesia era aconselhado a deixar o paciente escolher comidas de forma aleatória a fim de instigar o curso natural de suas memorias, muitos acreditavam que desta forma, o paciente agiria por impulso mesclado com suas memorias inconscientemente. E por isso, Dominic agira assim. Ele desejava ter certeza sobre o estado dela.

― Não consigo pensar em nada – Ela confessou entristecida antes de abaixar os olhos. Cassandra ainda sentia-se culpada. Em seu interior acreditava que tinha perdido a memoria por querer. – É possível alguém esquecer as coisas simplesmente por querer?

Dominic sorriu de lado antes de assentir. Ele começava a se interessar pela mulher a sua frente ainda mais. Cassandra parecia ser inteligente, observadora e cuidadosa, coisas que apenas pessoas que viviam em problemas possuíam. E Dominic conseguia reconhecer uma fugitiva facilmente.

― É possível. Tem pessoas que após sofrer algum trauma bloqueiam a experiência durante toda a vida – Revelou com seriedade – Acredita que este seja o seu caso? – Ela assentiu o fazendo sentir a excitação do desconhecido. A cada instante a desconhecida atraia a sua atenção ainda mais. – Podemos procurar um terapeuta, mas acho que ainda é cedo – Fingiu pesar ao abaixar os olhos por alguns segundos – Ainda acho que vai se lembrar de tudo logo. Estou ansioso por isso. – Sorriu largamente ao andar até ela e a abraçar tentando não se importar com o seu corpo rígido. O olhar de Dominic naquele momento assemelhou-se a um vazio e sem emoção. Afastou-se dela mantendo suas mãos em seus ombros – Vou te mostrar o quarto e separar uma parte do guarda roupa – Prontificou-se ao segurar em sua mão, levando-a até o quarto, o qual ficava em frente para o banheiro. O quarto de Dominic conseguia ser mais arrumado do que o hospital, Cassandra se deu conta surpresa. O lençol da cama encontrava-se arrumado ao ponto de não conseguir imaginar alguém que tenha deitado na cama, viu dois travesseiros, um livro entre eles e na mesa de cabeceira enxergou um jornal. O quarto possuía apenas uma cama, uma cabeceira e um guarda roupa.

Dominic abriu a porta da esquerda, retirou algumas roupas colocando-as em cima da cama para em seguida sorrir largamente ao encará-la.

― Espero que não se importe por ficar com o lado esquerdo – Ele disse parecendo estar pensativo antes de sorrir ao vê-la andar até onde estava parando ao seu lado.

― Obrigada por tudo isso. Mesmo Sem conseguir entender tudo ainda, sei que é uma boa pessoa – As palavras sinceras de Cassandra quase fizeram Dominic gargalhar diante de sua ingenuidade. O médico levou a mão até o seu rosto a fim de esconder sua expressão imaginando que ela veria aquilo como vergonha quando na verdade ele estava em êxtase.

Ele não imaginara que seria tão divertido ter a mulher ao seu lado.

― Espero que se lembre de tudo o quanto antes – Dominic afastou a mão de seu rosto para segurar as mãos dela – Eu estou ansioso para que se lembre de mim – Mentiu descaradamente antes de soltá-la e ir para a cozinha afirmando que iria cozinhar rapidamente para ela. – Agora como devo torturar o policial? – Questionou-se ao pegar uma faca e encará-la minuciosamente. Dominic pretendia se divertir enquanto o policial estivesse gritando, mas por não desejar atrair atenção, optou por utilizar apenas materiais que encontrasse na casa dele. – Vai ser melhor – Murmurou antes de cortar alguns legumes.

Doce PerigoWhere stories live. Discover now