Prólogo

1K 53 13
                                    

☆ Âmbar Sanches ☆

Enquanto faço minha mala para me mudar definitivamente para São Paulo, fico pensando em tudo que eu já passei ao longo desses vinte e um anos de vida. Tudo de ruim sempre ficou em minha cabeça, eu sou uma pessoa que tem uma certa facilidade para esquecer das coisas, esqueço tudo, menos as coisas ruins, menos as coisas que me magoaram.

Nos meus primeiros anos de escola, no ensino fundamental um, eu sofria bullying de umas meninas, sempre que podiam elas arrumavam motivos pra brigar comigo, foram cerca de 4 anos sofrendo bullying. Eu não tinha como me defender pois eu era pequenininha, baixinha e magrinha, e elas eram maiores que eu.

Aos 11 e 12 anos mudei de escola, e o bullying piorou, nunca fui uma menina muito vaidosa, sempre tive um espírito aventureiro e não ligava muito pra essas coisas, eu ainda era praticamente uma criança, mas isso não impediu que uma garota risse de mim por causa das minhas sobrancelhas, elas eram muito cheias, era quase uma monocelha. Passei a fazer minha sobrancelha com 13 anos, pode parecer besteira, mas foi por causa dessa besteira que eu continuei sofrendo bullying.

Quando eu estava no sétimo ano tive que mudar de escola, e na escola nova tinha uma menina que estava a todo momento querendo arrumar briga comigo, eu fingia que não via e não escutava nada. Sempre respirei fundo e continuei em frente, não queria entrar em nenhuma briga, nunca quis pra falar a verdade.

Meu primo Júnior sabia de tudo que acontecia comigo, mas não podia fazer nada pois estudávamos em escolas diferentes. Um dia, meus tios precisaram se mudar para o Rio de Janeiro, e o Júnior precisou ir com eles. Uma vez por ano meu primo vinha me visitar e quando fiquei maior de idade, ele fez questão de me ensinar a me defender e me deu uma arma. Júnior virou dono do morro em que vivia, procurado pela polícia e por bandidos. Apesar de ter se tornado isso, o meu primo era uma boa pessoa.

Hoje em dia me orgulho da mulher que me tornei. O bullying me fez ficar pra baixo, abaixar a cabeça pra tudo e todos, ouvir e ficar calada, me fez até ficar um pouco depressiva. Sempre gostei muito de ir a escola, mas até isso o bullying me tirou, como uma criança poderia gostar de um ambiente no qual sofria psicologicamente? Simplesmente não dava e em alguns dias eu não queria ir, queria ficar quietinha no meu canto, era pedir demais? Comecei a fingir que estava doente, meus pais sempre acreditavam em mim pois eu não era de mentir, eu mentia tão bem que acabava ficando doente de verdade, mas era tudo culpa do meu psicológico.

Graças ao meu primo e a minha força de vontade, eu transformei todo o sofrimento em combustível pra vencer na vida. Me agarrei a metas e aos poucos fui cumprindo cada uma delas. As pessoas costumam se agarrar a outras pessoas e acham que irão viver com elas pro resto da vida, mas a verdade é que não vão, ou perdemos elas por besteira, ou a morte vem e nos tira essa pessoa. O único ser humano que permanecerá ao nosso lado até o nosso último suspiro, é nós mesmos, então busque crescer na vida, não por dinheiro, mas por satisfação, pra se sentir independente e dono do seu próprio nariz, lute para conseguir o que quer pra não precisar de ninguém, a satisfação que isso nos trás é capaz de suprir qualquer outro sentimento e dessa forma ficamos felizes com nós mesmo, realizados.

Tive dois relacionamentos em toda a minha vida e fiquei com um garoto, mas foi sem compromisso, no fundo eu não gostava de nenhum deles e entrava no relacionamento com um pressentimento de que acabaria mais cedo ou mais tarde, eu cansei de ignorar a minha intuição, não quero um amor no qual eu me sinta insegura sobre o que eu sinto, isso não é amor, no máximo é um carinho. Desisti do amor e agora vivo para me formar e ser médica dermatologista, vivo para tentar dar uma vida melhor para os meus pais, essas são minhas duas maiores metas, são mais que isso, são um sonho que eu vou lutar para torná-los realidade.

Minha última meta é formar minha própria família, apesar de ter desistido do amor, ainda me resta um pouquinho de esperança de conseguir um homem bom. Acho tão lindo esses casais que se amam de verdade, que constroem uma família apesar das dificuldades que surgem ao longo do relacionamento, e que apesar de todos os problemas, decidem ficar juntos e lutam em prol da mesma coisa. Eu ainda quero formar minha própria família, a esperança é a última que morre né mesmo?

Deixarei essa última meta, esse último desejo, guardado, talvez isso não aconteça, talvez eu não consiga. Prefiro me surpreender do que me decepcionar, então vou deixar rolar pois não depende só de mim, e seja o que Deus quiser!

Fechei minha última mala e me joguei na cama, fiquei fitando o teto do quarto, o medo está começando a me invadir, sempre tive meus pais ao meu lado e agora estou indo pra longe deles, não vou ter a segurança de morar debaixo do mesmo teto que eles, não vou ter com quem conversar e nem nada do tipo. Estou indo morar sozinha em uma cidade enorme como São Paulo, uma cidade que eu não conheço nem um pouquinho sequer, o que será de mim?! Definitivamente não sei, espero que dê tudo certo, foi isso que eu planejei durante três anos e não vai ser agora que eu vou dar pra trás. Está na hora de voar, seguir minha vida sozinha e ser quem eu nasci pra ser, quem eu sempre quis ser. Essa mulher forte que agora enfrenta tudo e todos pra conseguir o que quer e proteger quem ama.

- Eu sou forte, eu consigo! - repeti meu mantra e sai do quarto pra aproveitar as últimas horas perto da minha família. 

♡♡♡

Oie meus anjinhos ❤

Volteeeeeeeeei, kkkkk ❤

Eu falei pra vocês que iria refazer o livro e fazer algumas melhorias num foi?

Promessa feita, promessa cumprida! ❤

Espero que você que leu esse prólogo, continue lendo os próximos capítulos pois você irá encontrar de tudo um pouco, mistério, brigas, armações, amor e também um pouco de tristeza. Vai perder mesmo a oportunidade de ler uma história como essa?


Beijos 😙❤

 Um Sonho Em ComumWhere stories live. Discover now