Dia 30 de agosto de 1989, 20hr48

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O mesmo bar, os mesmos sons, as mesmas reclamações e a mesma conversa. Mas as coisas não iam tão bem. O cenário agora se resumia a um amontoado de pessoas em círculo dentro do já conhecido estabelecimento enquanto algo de errado acontecia ao centro. As pessoas cochichavam e, os mais distantes, faziam de tudo para tentar ver o que acontecia, alguns acabavam de chegar, outros já estavam ali há muito tempo, poucos tentavam ajudar, mas a imensa maioria nada fazia. Não que pudessem fazer algo.

Na cidade, os carros continuavam seu fluxo ininterrupto, mas outras lojas perdiam rapidamente seus fregueses para o bar da esquina. Bar do Paul, era esse o nome. E Paul era um dos que tentavam ajudar, com um pano molhado, tapinhas nas costas ou algo assim. Não que resolvessem muita coisa. "Eu sou médico! ", gritava um dos que acabavam de chegar, "Eu sou médico! ". E todos abriram espaço para que ele entrasse. E aí puderam ver. Um barman preocupado com o dinheiro que perdia naquele meio tempo, mas também feliz por ter clientes como nunca antes teve. Uma garota de não mais de 21 anos, de cabelos longos e olhos vermelhos, mais pelas lágrimas do que pela bebida, desesperada, gritando por ajuda e pedindo espaço. Um médico que agora abria a sua maleta para examinar seu inesperado paciente. E um homem. Um homem deitado de lado, tossindo tão forte quanto nenhum outro homem poderia tossir. E tossia sangue.

Ao lado, uma lata de refri.

Depois de NósWhere stories live. Discover now