Capítulo 16

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Distrito de Dong-gu, Busan — 08 11.1989

Querido Kyungsoo,

Sehun sempre foi o vizinho das camisetas dos Beatles e dos papéis de balas. Enquanto o restante dos jovens estava ocupado demais acumulando maços e mais maços de cigarros de marca barata, o garoto construía pilhas e mais pilhas de papeizinhos de balas de iogurte. Ele parecia gostar muito delas. Costumava se sentar sobre o muro pichado na vizinhança com um pacote enorme, observando tudo e todos, suas fitas favoritas tocando nos fones de ouvido plugados em seu antigo Walkman.

Seria legal se tivéssemos trocado mais do que um "Bom dia" carregado de uma educação desnecessária, ou de um "Ei, cara. Seus tênis estão desamarrados" quando ele quase tropeçou nos cadarços dos próprios All Star a caminho do colégio. Porque agora, embora isso possa soar estranho, eu não acho que somos completos desconhecidos.

Eu o conheço, Kyungsoo. E você o conhece também.

Sinto que somos melhores amigos em algum lugar. Em uma realidade paralela, talvez. Uma realidade onde eu, você e Sehun participamos do clube de teatro juntos, e onde ele é o melhor ator. Quem sabe ele até fosse o nosso Danny Zuko. Ou fosse bom em pintar como Baekhyun. Um arrombador de portas como Chanyeol, um fã secreto da Cyndi Lauper ou um rebelde de coração mole, como Zitao. Eu me pergunto se ele ficaria legal com uma peruca.

Provavelmente não.

Mas, sabe, sentir falta dele é uma coisa boa. Conhecê-lo à distância é aquilo que chamam de uma oportunidade dourada. Nós podemos salvar Sehun de todos os rótulos que escolheram para ele, Kyungsoo, e podemos fazer isso juntos.

Porque Oh Sehun vale a pena.

Porque ele é o nosso garoto de ouro.


『▪▪▪』


A torneira do banheiro masculino ainda está pingando, pingando e pingando repetidamente quando Chanyeol escora o corpo na pia de mármore e dá uma risada sem humor, tentando se livrar do nervosismo. Ele parece melancólico e um pouco estúpido com a peruca desgrenhada e a maquiagem meio borrada, mas isso não impede que meu cérebro fique martelando com aquela nova informação.

— Você provavelmente não se lembra. — É o que ele diz, coçando os fios castanhos da nuca. — Me desculpe... — O Park ri e apoia as mãos na pedra de mármore, dando meia volta até poder olhar para o seu próprio reflexo no espelho. — Seu cérebro deve ter bloqueado isso.

Ele liga a torneira e deixa que a água se acumule em suas mãos grandes, unidas em concha. Chanyeol molha o rosto e desliza os dedos pela pele oleosa coberta de maquiagem, uma camada líquida de uma substância preta escorrendo abaixo dos olhos. Observo ele se livrar do rastro do rímel com alguns bons centímetros do rolo de papel higiênico, e depois puxo uma parte de sua saia que acidentalmente ficou presa na cueca. Ele está um caos.

— Você está horrível agora, Park. Preciso confessar... eu preferia quando você estava usando peruca e batom.

Ele olha sobre o ombro, agora diretamente para mim.

— É isso que realmente quer dizer? — ele pergunta, comprimindo os lábios. É difícil afirmar em voz alta que Minseok não existe, mesmo que ele suspeite que eu já saiba de toda a verdade.

Encolho os ombros, tentando disfarçar a minha euforia e curiosidade.

— Do que eu deveria me lembrar? — pergunto, cutucando suas costas, mas ele apenas balança a cabeça. Meu coração está batendo tão forte que posso senti-lo pulsando, latejando. Eu preciso de respostas. — Chanyeol, como você conhece o Minseok?

Querido KyungsooWhere stories live. Discover now