⊱ CAPÍTULO XXV ⊰

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Episódio: Black Leather Notebook

Três dias haviam se passado e, com isso, a primeira semana de viagem se encerraria como Louis tanto desejara: Harry ainda se encontrava sob custódia de seu exército, com a pedra da lua em seu pescoço e não aprontara mais nenhuma de suas tentativas de fuga. No mais, após ter punido dois de seus próprios soldados com a morte, todos os demais homens estavam muito condescendentes perante suas ordens.

Dessa forma, tudo estava bem: os escoceses avançavam bastante durante o dia e, com o cair da noite, acampavam temporariamente para não serem amaldiçoados por Aberdeen, conforme crença da maioria.

Entenda, Harry era verdadeiramente persistente, no entanto, o garoto se encontrava exausto e tratava-se do tipo de exaustão que consumia todo o seu ser: fisicamente, mentalmente e espiritualmente falando. De fato, tudo o que ele precisava era de uma rota de fuga, mas a ideia de que a morte o aguardava caso não conseguisse mentalizar alguma o fazia entrar em pânico e então realmente não conseguir fazê-lo – tal ciclo vicioso se repetia minuto após minuto das vinte e quatro horas que o dia possui, sugando toda a sua energia.

Aliás, no que tange à repetição, tudo naquele lugar se repetia, como se para torturá-lo: as árvores de grande porte que via à frente pareciam idênticas às que deixaram para trás outrora, os sons sinistros que provinham das entranhas de Aberdeen já lhe eram familiares e o vento gélido lhe parecia corriqueiro, pois uma vez estando devidamente vestido, não haviam mais comentários maliciosos sobre si, então o comandante não dividia mais a manta consigo.

No tocante ao comandante, ele e o cacheado não conversaram mais – uma vez não havendo mais provocações por parte de Harry para que Louis revidasse, não era como se tivessem algo a dizer um para o outro.

Assim, naquela noite, tudo seguia como nas três noites anteriores: Harry se valera do tempo que Louis levava para alimentar Aquiles para se higienizar. Quando o homem retornou, este despiu-se sem transparecer inibição alguma pela presença de Styles e, ao iniciar sua própria higienização, irritou-se ao identificar os panos úmidos que o cacheado utilizara jogados ao chão, como de costume; entretanto, ele nada disse, pois seu humor estava realmente ótimo nos últimos dias e nada seria capaz de estragá-lo – ao menos era o que o homem acreditava.

De toda sorte, o cacheado foi incapaz de notar sua irritação contida, pois as botas douradas em seus próprios pés sempre lhe pareciam repentinamente mais interessantes quando Tomlinson retirava as roupas.

Bem, conforme os minutos avançavam, Louis repetiu seu ritual de todas as noites: treinou seu físico, leu a bíblia e então começou a escrever freneticamente em seu caderno de capa de couro negro.

Era exatamente essa a cena que Harry tinha ao se encontrar deitado sobre o solo de Aberdeen, na extremidade direita da tenda: o corpo de Louis se encontrava à sua esquerda, em um nível um pouco mais alto, sobre o leito feito de tecido recheado com feno; suas pernas curtas jaziam dobradas e sua cabeça voltada para baixo, na direção do caderno em seu colo, de modo que sua franja cascateava sobre sua face. A faixa negra estava presente, cobrindo-lhe o nariz, pois o homem somente a retirava quando de fato se deitava para dormir. No mais, o comandante estava, indubitavelmente, tão vidrado no que escrevia quanto em qualquer outra noite, movendo a pena imersa em tinta preta sobre o pálido papel de forma muito semelhante à qual movia sua espada em batalha – com raiva.

É preciso ressaltar que, nos últimos dias, Harry observava muito e, na maioria das vezes, flagrava a si mesmo observando Louis, pois era sempre em sua companhia que o cacheado se encontrava: seja em seus braços, cavalgando durante o dia, ou dentro de sua tenda, durante a noite.

Mystical (l.s)Where stories live. Discover now