Capítulo 39

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 Boa leitura!

Ana Clara POV

Quando encontramos alguém que amamos de verdade, é difícil acreditar que essa pessoa ficará para sempre em nossas vidas. Então damos a ela o maior espaço possível para que ela seja feliz e livre da maneira que ela quiser. Sem amarras, sem limitações. Quanto mais tu ama alguém, mais tu quer ver essa pessoa livre e se não há um respeito mútuo onde o amor grita mais alto e te deixa como passarinho solto que decide ou não se quer voltar, não é amor. O amor não te limita, não te diz o que fazer, não te deixa em maus lençóis, não te controla, não zomba de ti, não te diminui. O amor é livre. O amor é gostoso de ser sentido. O amor te faz rir, chorar de alegria, viver intensamente, te faz feliz, te deixa mais bonita, te ensina coisas, te mostras coisas, te faz novo. Te refaz. Porém, o amor também passa por dificuldades, por problemas que parecem que nunca serão resolvidos e todas essas merdas inclusas. Mas ele nunca, nunca será abusivo contigo, então como chamar de amor aquilo que te joga dentro de uma gaiola para comer migalhas de esperanças e restos de decepções? Como chamar de amor alguém que dita regras para você o tempo todo e te persegue como se fosse um detetive pronto para te ferrar de todas as formas possíveis que há nesse mundo? Como sentir amor por alguém que não deixa tu ser quem tu nasceu pra ser? O amor é livre. Livre para ser sentido, livre para ser vivido, livre para te deixar livre. Livre. Amor livre é pleonasmo.

J'aime ce que tu me fais! [eu amo o que você me causa!] — Cecília gritou pulando em cima do sofá

A loira usava um conjunto de saia soltinha e blusinha xadrez nas cores vermelho, verde e preto e uma boina francesa na cor preta. Segundo ela, aquele era um conjunto de roupas usado pelas mulheres francesas no século XIX [a/v: século dezenove tá gente] então ela passaria o dia inteiro falando algumas palavras em francês

— Je de floop flee — respondi e Cecília riu alto entendendo a minha referência

— Amor, você não é o Joey Tribbiani

— Me pooh pooh! — Pulei em cima do sofá, imitando o personagem de Friends. Cecília riu mais ainda, passando as mãos pela saia

eu tinha certeza absoluta que as mulheres se vestiam assim antigamente, mas aquela saia estava muito curtinha para as francesas daquela época. Sorri com a visão privilegiada que eu tinha, ela ficaria linda em qualquer década em que vivesse. Aqui ou em outras vidas, ela seria a Psiquê de todos as décadas já existentes na face da Terra

A loira pegou o controle em cima do braço do sofá e ligou a TV smart colocando no YouTube. Começou a procurar por alguma música que eu não soube pronunciar o nome e depois de alguns minutinhos o vídeo apareceu na tela. O começo do vídeo era simples, dois pesinhos apareceram e uma menina loira fez alguns gestos com a mão como se estivesse tocando algum instrumento de sopro. Uma mulher deitada em uma cama começou a cantar em francês e Cecília sorriu largo

— Je Veux. É o nome da música, Zaz quem canta — comentou notando a confusão estampada em meu rosto

A loira desceu do sofá e começou a dançar no chão, suas meias a faziam escorregar de vez em quando mas o sorriso em seu rosto queimado do sol a deixava ainda mais linda e não a abandonou em em momento algum

danse avec moi, mademoiselle [dance comigo, senhorita] — a maior se curvou em uma reverência e me estendeu a mão

— não sei o que disse mas o mademoiselle me convenceu! — segurei em sua mão e Cecília me puxou com rapidez

Nossos corpos se chocaram com força e eu ri sendo guiada por alguém que já não tinha mais nome para mim, passei a chamá-la de amor. Esse poderia ser teu nome para a eternidade, se o futuro nos permitisse

Mess MeWhere stories live. Discover now