Prólogo

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Vivid Colors, Ano de 1980.

"Tic" fez o estalo, um machucado.

Sua testa escorria sangue, de modo fraco. Clara colocou a mão sobre, e se assustou ao entrar em contato com o líquido avermelhado.

- Meu Deus! Como isso pôde acontecer?

A garota se levantava totalmente fraca, seus olhos embarcavam a visão de um local perfeito.

Árvores, um mar azulado. Uma paisagem totalmente inconfundível, mas a garota estava desnorteada.

Levantou-se, as poucos. Sua visão conturbada a interrompia, via os seus braços em aspecto turvo e aquilo a assustava.

Como ela havia chegado ali?

Que lugar seria aquele?

Não havia uma sequer movimentação de pessoas na avenida, se tratava de um lugar totalmente fora de conhecimento.

- Que diabos está acontecendo? - Clara enfureceu-se.

A sua visão aos poucos se colocava de volta ao normal, flocos de neve caiam sobre o seu corpo a tornando gelada. Ela podia tocá-las, as sentir suavemente sobre o seu tronco.

Pôde - se ouvir trombetas, sons e sinais vindo em sua direção, eram pessoas.

Pessoas cantarolando em conjunto, como uma verdadeira orquestra e com total maestria.

Cada nota sonora que provinha da boca das pessoas soava como seda nos ouvidos de Clara, aos poucos a garota relaxava.

Silêncio total. Abriu os seus olhos, ninguém mais estava ali. Perguntara-se para onde havia ido à multidão, chamou por seu irmão.

- Kleber... Onde você está?

Kleber estava longe de ser encontrado, a garota caminhou sobre o gramado verde que roçava em seus pés. Sentia cosquinhas e sorria como nunca havia sorrido desde que havia se distanciado do seu irmão.

Caminhou sem cessar, na esperança de achar alguém que a ajudasse. A avenida era extensa, com árvores que a cobriam com suas folhagens de aspecto satisfatório, brilhante e fabuloso.

Um lugar mágico, com flores que os rodeavam por todo o canto.

A garota se atrevia a retirar uma das flores e as cheirar, mas ainda não estava completa.

Com toda a felicidade do mundo naquele local, algo faltava em seu interior.

Se o seu irmão não a tivesse deixado de lado, com certeza ela seria mais feliz. Perguntara-se o que havia feito a ele, por que ele havia parado de chamá-la para conversar? Por que não a defendia mais com unhas e dentes?

Decidiu cessar, ninguém viria a lhe ajudar. Sentou sobre o gramado e desabou em lágrimas. Lágrimas profundas, de tristeza, que provinham do coração despedaçado e destruído. Estava sozinha, completamente sozinha.

Passou a mão sobre as suas narinas e olhos, limpou-os de modo suave. Mas o barulho era impossível de ser evitado.

Todo o sofrimento guardado por anos, havia sido colocado para fora ali, naquele momento.

A garota colocou a mão sobre o seu peito e respirou, fungou o ar mágico daquele local inconfundível e se deitou sobre a grama.

Sobre um braço, a garota adormeceu. Com os olhos inchados e pedindo ajuda, ela dormiu ali. Desejava que ao acordar, estivesse novamente em sua realidade. Na sua querida e triste realidade, onde todo o terror a assombrava.

Vidas Feridas (Repostando)Onde histórias criam vida. Descubra agora