Capítulo 3

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"Eu lhe falei

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"Eu lhe falei. Se antes já tivesse desistido de tudo, você não teria que passar por essa situação. Mas você preferiu continuar com a monótona dor, a escolher o suave descanso..."

O organismo de Anna Locksmitt entrava em um profundo estado de colapso conforme perguntas infinitas reviravam a sua mente em ritmo catastrófico. Seus órgãos vitais enviavam mensagens de desespero uns aos outros espalhando a má notícia de que o pai-de-todos-os-órgãos estava, novamente, em seus dias ruins e extremamente sobrecarregados. Das vezes que isso acontecia, os membros do processo sempre saíam afetados por não exercerem devidamente suas funções normais, e enfrentando-se furiosamente com discussões rabugentas que não os levavam a lugar algum, se não, os deixarem mais desorientados pelo resto do dia.

Em um movimento quase involuntário, Anna arrastou o mouse pela mesinha com os dedos rígidos e um semblante que misturava surpresa com indignação. O ponteiro branco moveu-se vagarosamente pelo monitor até parar em cima da bela capa majestosa, que se fez réu diante de seus olhos congelados. Banhado em um cinza-claro suave, o título do livro fora pincelado em uma fonte delicada e moderna de tamanho médio. Abaixo de si, no centro da capa, uma ilustração feita a mão exibia os traços joviais da cabeça de um homem de olhos fechados como se o mesmo descansasse em seus próprios pensamentos. Sua face era totalmente banhada em vívidas cores brancas com contornos artísticos bem trabalhados, que lembrava um personagem saído de uma história em quadrinhos. Três círculos ovais prateados e reluzentes rodeavam seus cabelos encaracolados dando-lhe uma aura mítica e sobrenatural. O protagonista brilhava como jamais outro. O fundo da capa, coberto de um brilhante verde-esmeralda que parecia pulsar seu tons  para fora da tela, salpicado de simbólicos micro-desenhos abstratos e levemente transparentes flutuando aqui e ali. Desenhos disformes, mas ainda caprichados. Mais caprichados que todo o restante ali.

Na parte de baixo, sobressaltando o pescoço fino de Jordan Keesne, o nome da... O nome da, aparentemente, autora, encontrava-se escrito com uma fonte moderna e quase formal. "Dream Girl 2.0" lia-se o nome da, plagiadora.

Uma ponta de ódio instalou-se rapidamente no pensamentos da garota, dissipando as demais mensagens escaldantes de seu cérebro e resultando para trás apenas o nome daquele user a pairar como uma sombra agourenta e secular. Ao lado da capa, números esboçavam suas grandezas invejáveis e prepotentes que causara na garota um espanto brusco.

Um milhão e e setecentos e sessenta e três mil votos fizeram a respiração da garota dobrar em descompasso, o olhar, tremeluzindo o brilho de lágrimas finas ao fundo.

- É muita gente... Céus, é muita gente! - a garota exclamou, dividida entre bramir e afinalar a voz. - Mas isso foi tão... Rápido demais?!

Infelizmente, não havia mais o que fazer. Estava ali, diante de seus olhos, o livro que um dia já fora seu. Não tinha como negar. Não pertencia mais a si. Do que adiantaria xingar ou amaldiçoar?

- Vagabunda, ordinária, filha da mãe, desgraçada, MALDITA, IMBECIL, PLAGIADORA DOS INFERNOS! - a garota cuspiu as palavras da boca com todo ódio espinhoso que fisgaram seus pulmões e substituíras as ervas daninhas do aconchego preguiçoso de outrora. O brado rasgou o quarto pequeno e retumbou pelas paredes de madeira até retornar para dentro de seus ouvidos em um tom elevado ao nível do deboche soar a única resposta possível daquelas superfícies amadeiradas.

Em Tempo de Plágio - Uma Trama WattpadianaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora