A história de Pedro Garcia e Mariana Mendéz
Mariana conhece de perto a violência, a fuga, as dificuldades, a fome... Após fugir do seu país de origem com sua família, a vida de Mariana não melhorou. Foram anos de sofrimento até a tranquilidade chega...
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MARIANA
— Ele me deu um selinho. — conto para Jade, assim que a vejo na sala do nosso curso de informática.
— Quê? — ela pergunta, quase gritado.
— Não precisa gritar. — falo baixo. — Eu sei que é uma surpresa, mas...
— Mas é o tal cafetão, que pode ser aquele traficante. — fala quase rosnando, com os dentes cerrados. — Deus, ele foi atrás de você?
— Sim, foi. — sussurro. — Me deu flores e ainda disse que eu sou boa para que outras pessoas conheçam, sei lá, foi tão tenso que não recordo as palavras. Era como se ele me quisesse para compromisso, não para ser prostituta. Ah! — falo alto, quando lembro um trecho da conversa. — Ele falou sobre vida juntos, no caso, eu e ele. — volto a falar baixo. — Casamento?
— Mas esse Pedro é um cafetão ou o herdeiro?
— Se for herdeiro, eles casam com gente deles, eu li livros de máfia o suficiente para entender da coisa. Eu não sou gente deles. Ele vai me prostituir, ou serei exclusiva. — fecho os olhos. — Mas é uma máfia?
Jade pensa um pouco.
— Não considero algo assim. — meneia a cabeça. — Está mais para uma gangue, quadrilha, sei lá, acho que eles não têm a elegância que vemos em máfia. São mais da rua, no entanto, não sei do chefão de tudo, nunca o vi para saber ao certo como ele é.
— Lizandra estava dando em cima daquele tal Miguel, o vizinho. — relembro. — Ela sim deveria ficar com essa gente, ela ama esse tipo.
— Ela ama qualquer homem que tenha dinheiro.
— Não deixa de ser verdade. — suspiro. — Jade, eu não sei o que acontecerá após tudo. Sério, eu não sei quem é o tal Pedro, e nem sei se ele vai me cercar ou vai desistir. Eu não sei...
Os outros alunos do curso de informática começam a entrar na sala, atrapalhando nossa conversa.
Apenas respiro fundo e torço para que isso termine logo, que eu arrume dinheiro e saia logo daquela casa, longe daquelas duas que só pensam em dinheiro, nunca nos outros.
(...)
— Só preciso pegar o dinheiro. — tia Katya fala. — Você não fará nada por obrigação, não fugimos para acabar perdendo tudo aqui.
Após minha conversa com Jade, na noite anterior, eu comecei a perceber que sim, fui vendida por minha própria mãe. Eu vi um cara me encarando muito na hora da saída do curso, e, por causa de uma tatuagem, Jade o identificou como sendo do ''bando'' do Pedro, só que esse Pedro, é o herdeiro do crime, e eu não sei se é o cafetão que conheço.
