Capítulo 7 - Eu te amo

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A memória desse dia permanece fresca em minha mente, como se houvesse acontecido hoje. 


- Nayang, preciso que você vá ao supermercado para mim. Aqui está a lista. 

- Também quero ir! - disse. 

Os olhos azuis claros de Naya se viram para mim. Sua expressão surpresa suaviza. Um sorriso frouxo recai sobre seus lábios rosados. 

- Tae, você é muito novinho...

- Não sou não!! Eu já tenho seis anos! Sou um homem! 

Seu rosto havia se tornado mais iluminado com minha indignação . 

- Não tem problema, Nayang. Você acha que consegue tomar conta dele? - perguntou mamãe. 

- Eu cuido dele todo dia! Óbvio que consigo.

- Então, já que é assim, você pode ir com ela, Taehyung.

Lembro de minha mãe nos levar até a porta. Ela se ajoelhou e segurou meu rosto com ambas as mãos. Suas palmas mornas e sua pele aveludada em minhas bochechas eram um aconchego. Ela moveu o cabelo da minha testa e me deu um beijo no local. Lembro de seu rosto sorridente, porém levemente ansioso. Com certeza, estava com medo de deixar seu filhinho de seis anos andar pelas ruas com sua irmã, outra criança. Apesar disso, ela confiava em Nayang que se mostrava uma irmã e filha exemplar. 

- Seja bonzinho com sua irmã, ok? 

- Sim! - respondi contente. 

- Fique de olho nele - disse mamãe, dando um beijo em minha irmã. 

- Pode deixar! 

Naya pegou minha mão e, em seguida, a segurou firmemente. Me guiando pelas calçadas, Naya andava confiante ao meu lado com a lista de compras em mãos. Olhava para ela vislumbrado. Ela era tão inteligente, determinada, amável e solidária. Tinha sorte de tê-la como irmã mais velha. 

O sol de verão luzia sobre seus cabelos loiros. Segundo minha mãe, Naya havia puxado esses traços europeus de meu pai. Eu, em contra partida, parecia mais com ela. 

- Nana...

- Diga.

- Por que a mamãe sempre pede para você fazer compras e eu tenho que ficar em casa? Eu sou o homem da família!

Ela riu. Sua risada era a melhor coisa do mundo. Lembro de ter ficado envergonhado com sua atitude. Queria soltar minha mão da dela e cruzar meus braços, mas ela a segurou mais forte ainda. Ela parou de andar e se pôs de frente para mim, agarrou meus braços e me olhou diretamente nos olhos. 

- Tata, você é o homem da casa! E sempre vai ser o único! Mas, por enquanto, você é muito novo para fazer tudo que eu e a mamãe fazemos. 

- Mas eu já tenho seis!! Você é só alguns ovinhos mais velha!

- Ovinhos? - indagou ela. 

- Sim! Meia de ovinhos!

Ela me encarava confusa. 

- Ovinhos...? Meia...? Espera... Meia dúzia de ovos?!

- Sim!

Ela deu uma gargalhada histérica e, enxugando seus olhos disse:

- Tata, isso não tem nada a ver! Hahahahah! Eu tenho o dobro da sua idade, seis anos à mais. Agora, vamos. Chega de conversa fiada. Temos que fazer as compras logo, se não a mamãe vai ficar zangada. 

Twisted LoveWhere stories live. Discover now