O momento de silêncio espalhou na arena um mar de ansiedade aprisionada fazendo algumas moscas tremerem involuntariamente suas asas prestes a explodirem junto à tensão daquele momento. O monstro não aparentou sentir qualquer dor; permaneceu com seus músculos faciais rígidos onde nem uma única gota de sangue pincelava a clareza de sua face dos furos das lanças.

<"Não surtiu nenhum efeito... Droga, nossas lanças não surtiram nenhum efeito!">

Já prevendo que o monstro ainda possuía outra arma na manga, os lanceiros desolados se entreolharam repletos de medo e tristeza, escancarando em suas faces expressões afadigadas. O monstro gigante remexeu a cabeça imponente, preparando calmamente mais uma de suas armas poderosas, as lanças inofensivas em seu rosto não passando de meros enfeites estranhos a abanarem suas hastes.

Seu peito troncudo inflamou-se em questão de segundos ao espirrar todo a atmosfera que o circulava. A parte esclerótica dos olhos amedrontados dos pixels cresceu instantaneamente, fazendo suas pupilas minúsculas se encolherem em pontos negros aterrorizados. Formando um conjunto caótico, os pobres soldados esconderam-se atrás de seus escudos redondos esperando nada menos que o pior.

Feito um canhão impiedoso, o monstro gigante explodiu seus lábios grossos em uma violenta rajada de ar tórrido para cima do exército encolhido, faíscas incandescentes e letais surgiram junto ao vento impetuoso prontas a destruírem tudo pelo seu caminho. A platéia de moscas não pudera mais se conter: Alçaram voo de imediato e zumbiram em um só coro caótico seguindo um narrador extremamente excitado. A trilha sonora grave explodiu de algum lugar da arena dando início ao xeque-mate.

O vapor quente atingiu o exército com demasiada velocidade que não puderam fazer nada além de ecoarem gritos excruciantes de dor enquanto o vapor quente fazia seus escudos de metal derreterem como plástico sobre suas mãos fracas, e seus corpos franzinos serem jogados para todos os lados, chocando-se violentamente uns contra os outros.

As maiores armas da gigante garota não estavam em seus braços longos, presas disformes ou seu olhar intensamente explosivo, mas sim localizado dentro daquele peito forte e maciço que um dia tanto sofrera nas mãos de outros exércitos poderosos. Essa era a hora da revanche. Estilhaços de vidro ou faíscas ardentes, não importasse o quão esquisita, louca e peculiar aquela batalha estava sendo. Alguém precisava vencer. E tinha de ser ela.

Quando a a ventania já cessava tão rápida quando começara, o cenário na arena era totalmente desolador, contudo, decisivo. Pixels jogados de qualquer maneira sobre a superfície dura gemiam dolorosamente conforme suas peles cozidas e queimadas reclamavam protestando em dor. Capacetes e escudos se aglomeravam em todo o lugar formando montes derretidos de ferro e aço que cobriram a maioria dos corpos dos arqueiros mortos, ao passo que densas nuvens de fumaça negra a se ergueram da superfície se aproximavam muito mais de serpentes famintas pela morte.

Por um simples minuto, diante dos zunidos empolgados da platéia, o monstro gigante observou o estado apocalíptico que seus oponentes se encontravam e pensou, com um nó amargo raspando sua garganta, que aquela batalha já havia sido ganha. No entanto, nenhum sorriso vitorioso havia se depositado em seu rosto pálido.

Algo estava tremendamente errado, os instintos daquela gigante não falhavam nunca. Da ponta das lanças cravadas em seu rosto, o veneno letal adentrava sua corrente sanguínea, sagaz e imprudente. Já viajava despercebidamente pelo seu organismo, invadindo cada mínimo canto de seu corpo enquanto deixava para trás um rastro mortífero. Depois de tanto percorrer aquele labirinto vermelho-escarlate, a substância tóxica encontrou seu ponto fraco em questão de segundos: O coração frágil do monstro desconfiado recebia todo o impacto do veneno das lanças, iniciando um ciclo de batidas cada vez mais descompassadas e tensa. A respiração do monstro tornou-se àspera feito concreto.

O narrador gritava, rodopiava, tamborilava suas asas contentes, junto à sua platéia eloquente que comemorava aquele fim épico onde seus prazeres foram devidamente atendidos, mas o vencedor do embate épico não compartilhava da mesma sensação.

Ainda fitava o exército caído, perdido em pensamentos alheios ao passo que dores estranhas surgiam abruptamente pelo seu corpo e uma onda nauseante impregnava sua cabeça, deixando-o zonzo e inevitavelmente fraco.

Talvez a verdadeira batalha estivesse apenas começando. E dessa vez, temia ter de enfrentar a si mesmo.

 E dessa vez, temia ter de enfrentar a si mesmo

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A dedicatória (atrasada rs) da vez vai para meu grande e especial amigo jefferson_jsd! Primeiramente, desculpa o meu vacilo em demorar para escrever esse texto em sua memória, mas, como prometido, aqui está! Não podia deixar de escrever um capítulo nesse livro tão importante para mim sem citar o nome de uma das pessoas mais influentes que tive em minha vida! Você sabe que tem um cantinho especial no meu coração e que sem você, eu não teria tantas motivações para continuar a escrever isso aqui.

Obrigado por tudo! <3
Se eu fosse escrever tudo o que você me fez de bom e pela bela pessoa que és, esse capítulo seria imenso! hahaha

Em Tempo de Plágio - Uma Trama WattpadianaWhere stories live. Discover now