- Isso... isso é... - sua voz frágil rompeu aos tropeços de suas cordas vocais, como um feitiço poderoso, transformando-se de uma simples onda sonora retumbante em milhares de afiados estilhaços imprudentes de vidro sendo lançados como verdadeiros projéteis na direção do exército. Um desespero coletivo inundou os pobres pixels, que em gritos agudos ergueram seus negros escudos bambos acima de suas cabeças sem a formal ordem que antes dançava em seus corpos franzinos. - Isso não pode ser real!

A chuva de fragmentos fora desvencilhada pelos escudos densos da maioria do exército, mas os arqueiros indefesos não tiveram tanta sorte diante dos projéteis. Permitindo que escorressem de seus guinchos aflitos todo o medo que escondiam dentro das armaduras inúteis, caíram ao chão, seriamente feridos e desesperançosos. A multidão atenciosa de moscas explodiram em uma algazarra eloquente, batendo suas asas enérgicas por todos os lados junto à um narrador estrondoso e orgulhoso si, a soar bramidos animadores que só os seus semelhantes entendiam.

- Calma, Anna, apenas mantenha a maldita da calma! - com a cabeça tão confusa quanto um cubo mágico velho e embaralhado, pedia para seu próprio interior que se controlasse perante aquela situação tão maçante. Mas, como sempre, sua Locksmitt interior parecia tapar os ouvidos sem hesitação, ignorando-a por completo enquanto preferia agir feito uma criança birrenta que um dia fora. - Ah, dane-se!

Já não era mais o genuíno desejo de vitória que movia aquele exército medieval de pixels tão fervorosos de antes. Um silêncio fúnebre invadiu a arena enquanto o restante dos soldados sobreviventes vidravam seus bravos companheiros caídos e machucados com olhares desoladamente perdidos. 

<"Lanceiros! Prepararem suas armas!">

Com os olhos fervendo em sangue amargo e o desejo de retaliação os engolindo de imediato, viraram suas cabeças  em direção ao grandioso monstro branco. Envolvidos por um único só objetivo, levantaram suas corajosas lanças venenosas um por um, resgatando de dentro de si uma fonte profunda de audácia. A platéia acomodou-se mansamente em seus assentos, usando seus olhares subdivididos como verdadeiros binóculos inteligentes a focar cada mínimo detalhe importante sem perder absolutamente nada do cenário. O narrador agitado tivera de retornar ao seu devido lugar, esforçando-se para conter seu zumbido fanático, e as notas graves que permeavam o ambiente hostil encerraram subitamente seus tons cerimoniais com melodias dormentes.

E como valentes migalhas dos resquícios de uma batalha tão ferrenha, o exército arremessou suas lanças com toda a força que circulava seus braços já cansados na última esperança de vingar - nem que para isso, alguns dos próprios tivessem que descer até os calabouços da morte -, seus falecidos amigos. Sob a presença de seus brados confiantes e esperançosos, todas as milhares de lanças cortaram o ar em alta velocidade girando suas hastes de madeira e pontas de ferro como uma hipnotizante dança de anjos recém caídos almejando suas subidas aos céus. Acompanhadas por mil lentes, seguiram para o rosto escamoso do monstro gigante que não possuía nenhuma armadura protetora sequer; sua pele grossa e desbotada, que beirava ao impenetrável, já lhe era suficiente.

O tempo passou em câmera lenta à medida que as lanças se aproximavam de seus alvos. Era um momento decisivo para aqueles pixels, algo que ia muito além daquela batalha tão exausta. Era glória ou glória, nada mais.

Como se as próprias armas fossem tomadas por inabalável embriaguez de vencedoras, cravaram suas pontas venenosas na pele áspera da face da gigante sem nenhuma piedade em suas lâminas. Metade de suas hastes penetraram a pele, afundando na carne macilenta e firme.

Em Tempo de Plágio - Uma Trama WattpadianaWhere stories live. Discover now