13. PLANO FRUSTRADO

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O show começa às 20:00 horas, e Ylior estava com um mapa do local. Me pergunto onde ele encontra tantos mapas. Provavelmente os 600 anos dele aqui na terra foram frustrantes. Quando questionei o que ele fez durante todo esse tempo ele disse vagamente que apenas ficou tentando voltar para casa de todas as formas possíveis.

O Drow que vamos conhecer hoje foi considerado um desertor por seu grupo. Ele não queria dominar o mundo como os outros.

Questionei se existem mais deles, desertores, mas ele não sabia dizer. Achei que para quem vive a mais de 600 anos, deveria saber de tudo. Ele me olhou com raiva quando joguei isso na cara.

Esperar anoitecer não foi tão frustrante quanto a noite anterior. Ylior se limitou a ficar mexendo em vários papéis no pequeno único quarto que funcionava como escritório durante o dia, uma velha escrivaninha estava encostada após a porta, tão escondida que nem havia me dado conta de sua existência.

Ylior ficou irado quando percebeu que havia esquecido alguns outros papéis importantes em sua outra residência, e essa é mais uma novidade, fiquei com vontade de perturbar-lo mais uma vez, perguntando se ele está no ramo de imóveis, mas olhando a cara de concentração dele eu apenas peguei alguns livros bem antigos e li na intenção de achar algo do meu gosto. Não demorou e achei uma edição raríssima do livro Hamlet de Shakespeare, primeira tiragem. Não vou negar que fiquei impressionada sobre ele ter um livro daqueles.

—Esse livro vale alguns milhares. Guardei um porque percebi que vocês gostam de pagar caro por coisas velhas —concluiu piscando para mim ao me ver com o livro em mãos.

—Coisas vintage, você quer dizer —acrescentei.

—Ah, acho que você pode ser considerada uma garota vintage, por completo, baby do séc XIX—alfinetou rindo.

—Você é mais idiota do que os limites da minha imaginação —o respondi rispidamente.

—Bom saber que você me imagina além dos seus limites —disse entre dentes.

Vencer uma discussão com esse ser velho é difícil e desgastante. Acho que o ignorar é mais válido para a sanidade mental. Horas se passaram e já estava perto de colocarmos o plano em ação. Ylior saiu por quase uma hora e voltou com uma roupa menos esquisita dessa vez.

Minhas roupas que usava no dia da perseguição do Twaki estava bem rasgada pelos galhos de árvores. As novas eram completamente pretas. Blusa preta, calça preta, casaco preto e uma echarpe preta.

—Acho que você gosta muito de preto —disse olhando para ele e minhas roupas.

—Acho que você fica irresistível usando trajes pretos —concluiu com uma piscadinha.

—O que vamos levar —fingi não ligar para sua provocação.

—Só vamos precisar de alguns papéis e tintas. Mas eu vou levar na mochila.

—Tinta? —perguntei sem entender.

—Eu esqueci o meu livro de...mapas em Toronto.

—Toronto?

—Não tente saber demais, você já tem uma dívida gigante minha querida. Te salvei exatas quatro vezes —falou se vangloriando.

—Duas.

—Hahaha —gargalhou alto.

Perguntei porque ele disse que me salvou quatro vezes mas não escutei mais nada além de " Se arrume logo".

Era o momento de seguir o plano, se infiltrar no Fest Sound e procurar o Drow.

Já estávamos a caminho e faltavam duas horas para o início do show, dessa vez Ylior não me levou nas costas, ele pilotava uma moto clássica, Harley-Davudson, e disse o modelo, do qual não gravei, não me interesso por motos. Parecia cara. Imaginar que ele tinha uma moto escondida atrás do casebre, não estava nos planos.

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