11. A CLAREIRA

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NÃO SEI EXATAMENTE quantos minutos eu estava segurando o pescoço de Ylior enquanto ele corria, porque é um pouco difícil fazer uma contagem mental enquanto você está congelando, sendo chicoteada, dessa vez não pelos galhos mas pelos cabelos longos e molhados do mesmo, tentando não surtar a cada galho desviado e por fim com medo de bater nos troncos de árvore. Mas algo me diz que essas possibilidades de falhar são impossíveis para ele com suas habilidades fora do comum.

Apesar de que ele me disse ser um meio Vallir, igual a mim. Realmente nesse momento me pergunto como posso não ser boa em nada, nem habilidades físicas e habilidades mentais, como xadrez por exemplo. SE sou meio Vallir deveria ser como ele. Eu acho.

Percebo que chegamos ao nosso destino pois paramos em meio a uma clareira, com matos quase na minha altura, mas ainda assim era bela. Percebi uma simetria naquele pequeno espaço, às enormes árvores ficavam na parte mais escura da floresta e ornavam o redor do espaço onde raios de sol batiam, formando um círculo de luz em meio às sombras. A parte iluminada era formada por pequenas flores e vegetação rasteira. A julgar pela iluminação já devia ser início da tarde. Desci das costas do Ylior, e olhei ao redor de onde devia ser nosso refúgio, a pequena casa de madeira que com a pouca luz vinda das frestas já evidenciou que estava repleta de limos e sujeira. A vegetação estava aparada onde seria a entrada do casebre, bem como uma trilha de pedras até chegar a minúscula escadinha de madeira onde liga a parte de fora, até onde parece uma pequena varanda e a porta. Se tivesse uma cadeira de balançar ali sozinha e balançando, não estaria supresa.

—Onde estamos? —questionei olhando ao redor.

—Minha casa—recebi q seca resposta.

—Pensei que morasse no moinho.

—Pensou errado —ele disse com um olhar sarcástico e um riso travesso.

Ainda não tinha sequer pensado na Tia Norma, durante todo esse trajeto minha mente vagava entre ficar viva e não vomitar. Agora me pergunto se ela está em segurança, se chamou a polícia ou pior, meus pais. E eu aqui a sabe se quanto de distância. Pensar se a Tia Norma está viva me faz encolher. Como vou voltar? Olhei para Ylior, e ele me fitou semicerrando um pouco os olhos.

—Vamos entrar primeiro, depois você faz suas perguntas—disse como se soubesse o caos na minha mente.

Já havia esquecido que estava com minhas roupas encharcadas, ou não exatamente, na verdade agora se encontram úmidas. Só foi me dar conta e comecei a trincar os dentes devido ao frio. Corri até a entrada e encontrei a porta aberta.

O interior era completamente diferente da parte de fora. O chão da sala era de madeira no tom marrom claro. O sofá de couro preto, ficava próximo a uma pequena mesa e em frente a uma lareira. Até o teto era revestido de branco que parecia gesso e combinavam com as paredes cinza claro e o rodapé branco.

—A parte de fora é um truque —ele disse se explicando. Parecia entender minha cara de surpresa.

Ele deu de costas e saiu por um corredor estreito até sumir de vista. O espaço era pequeno, a sala tinha uma entrada sem portas na direita e um corredor com uma duas portas. Eu dei alguns passos até a entrada sem portas que logo entendi ser a cozinha. Essa tinha o piso liso e preto. Os armários de madeira pareciam pintados de cinza, e a parede de um azul acinzentado.

—Ei! —me virei a tempo de o ver jogar um embrulho para cima. Eram roupas secas. —O banheiro fica na primeira esquerda do corredor.

—Obrigada —segui para o corredor e virei a primeira esquerda.

O banheiro é pequeno, porém devidamente arrumado. O piso é igual ao da cozinha, tinha o box com uma banheira e o chuveiro em cima. Pensei em tomar um banho, acho que não teria problema. Quer dizer, tirando o fato de que vou entrar em uma banheira de uso pessoal. Me encolhi com o pensamento, mas resolvi tomar um banho quente, em pé, com cuidado para não escorregar.

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