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Emily

A raiva me consome por dentro. Tudo que fiz até hoje, tudo que tive que passar para chegar até aqui. Ele não pode simplesmente achar que tem o direito de fazer o que fez. Não, não comigo.

Ando rapidamente pelos corredores do hospital. Algumas enfermeiras tentam me parar, mas não ligo, vou achar ele e talvez, mas só talvez, eu bata naquele rostinho lindo.

Faz cinco dias que estou internada aqui, um hospital na capital de Israel. Ethan colocou vários homens atrás de mim, ficaram horas até que me encontraram desacordada.

Perdi muito sangue e precisei fazer uma transfusão sanguínea. Dormi por dois dias.

Assim que acordei, a primeira pessoa que vi foi Jeremy. De acordo com ele, meu pai está em pânico em Washington. Jeremy e Ethan conversaram e eu não gostei nada da "decisão" que eles tomaram em meu lugar.

Paro assim que vejo Ethan, está conversando com uma das enfermeiras. Volto a andar em sua direção, ele percebe minha movimentação e me olha com uma cara nada boa.

- Não deveria está descansando? - Cruza os braços.

- Quem você pensa que é para me tirar do pelotão? - Dou um murro no braço de Ethan, ele nem se mexe. Merda de homem forte.

- Quem eu penso que sou? Sou o capitão dessa missão - Ia argumentar, mas ele tem razão, ele pode fazer isso. Mas não quer dizer que deva.

- E? - Levanto os braços revoltada - Eu não estou nem aí para essa sua... - Coloco a ponta do indicador em seu peito - .... Patente. Você não pode fazer isso, enlouqueceu? - Ele balança a cabeça para os lados. Sei que está perdendo a paciência.

A mão de Ethan vai para meu braço e sai me puxando pelo corredor.

- Ei! Espera - Tento parar, mas é em vão, ele é muito mais forte que eu - Para onde está me levando?

Ross não diz nada. Paramos em frente a porta do "meu quarto".

- Entra - Cruzo os braços e não me movo. Encaro Ethan desafiadoramente. Ele ameaça me segurar novamente e me afasto com as mãos em sinal de em rendição - Está bem, merda.

Entro.
A porta bate e ouço a tranca.

- Eu posso fazer isso sim e eu vou fazer - Abro a boca para falar, porém ele me corta - Fica quieta, Emily. Você veio para resgatar pessoas e nada mais, isso agora deixou de ser uma missão de resgate. Acabamos de entrar na merda de uma guerra e não vou deixar você ficar no meio disso.

- Por que não? Por que os outros podem ficar e EU não?

- Porque os outros não são você Emily.

O que? Franzo o cenho. Ethan está com uma cara derrotada, olheiras fundas e o cansaço é perceptível.

- Eu perdi homens e sei que posso perder mais, mas não aceito perder você - Ah merda, Ethan.

- Eu não vou morrer - Tento.

- Não sabemos, e eu não vou arriscar. Não estou fazendo isso por você Emily, estou fazendo isso por mim, porque eu sou egoísta. Você se tornou importante demais para mim, não vou colocá-la no meio disso.

- Não acha que é uma escolha minha?

- Não - Ethan se aproxima, colocando a mão em meu rosto - Não, não é.

- Acha que é uma escolha racional? - Percebo seu maxilar travar. Ele sabe que não é uma escolha correta, não pelos motivos corretos.

- Não, não foi meu cérebro que escolheu - Ele fala baixo. Sinto meu peito se aquecer. Droga, vou ceder a ele?

Alguém bate na porta, e Ethan se afasta. Logo sinto a falta do seu corpo junto ao meu. Me apeguei muito a esse homem, isso não deveria ter acontecido.

Jeremy entra assim que Ethan destranca a porta.

- Tudo bem? - Ele olha para mim e para Ross, que apenas confirma com um breve aceno - Ótimo. Emily, você volta para Washington DC assim que ganhar alta. - Calma, o que?

- Washington DC? Mas... não vou pra Maryland? - O rosto de Ethan demonstra surpresa, parece que nem ele sabia desse detalhe.

- Não, seu pai acha que deve dar um tempo disso tudo.

- Meu pai não tem que achar nada, esse é meu trabalho, minha vida - Quase grito.

Estou quase chorando de raiva, tristeza, desapontamento. Mas que merda.

- Levou um tiro, Emily - Jeremy coloca uma das mãos sobre meu ombro - Mais um pouco de espera e você morreria. Seu pai entrou em desespero quando soube.

Abaixo a cabeça. Ele tem razão. Sempre fui a garotinha do meu pai. Ele não gostou quando escolhi seguir a carreira militar, mas me apoiou.
Lembro quando sofri um acidente de carro junto ao Thomas, não foi nada grave, mas no dia seguinte meu pai apareceu em meu apartamento todo preocupado. Ele tinha saído no meio de uma conferência com o presidente.
Não quero nem imaginar o que se passou na cabeça dele quando soube que a "filhinha" foi encontrada quase morta e soterrada, com uma bala encravada no corpo, para variar.

- Tudo bem - Falo baixo, ainda estou chateada - Vou poder continuar com meu trabalho?

- Claro. É só por um tempo, senhorita Mitchell.

Olho para Ethan que evita a todo custo me olhar. O que ele tem?
Toco em seu braço, Ross suspira e vira o rosto para Jeremy.

- Preciso conversar com seu médico - Jeremy diz e sai do quarto.

O silêncio de Ethan está me matando. Por que não fala nada?

- Você está bem? - Ouço ele suspirar. Ele está virado de costas para mim, escorado na maca.

- Estou - Caminho em sua direção e abraço suas costas. Sinto seus músculos se tencionarem - Preciso voltar para Gaza, me ausentei por muito tempo.

- Agora? - Sussurro com a boca colada em suas costas musculosas.

- Não faz isso, Emily - Ele solta meus braços de seu corpo e se vira para mim - Está machucada - Dou de ombros.

- Pode ser a última vez que me verá, capitão - Aproximo meu rosto do seu, ficando na ponta dos pés - Tem certeza?

- Vou machucar você - Suas mãos estão em minha cintura, um pouco abaixo do lugar onde levei o tiro. A voz de Ethan está mais rouca, sei que está dando certo.

Toco os lábios de Ethan com os meus e beijo levemente. Vou sentir tanta falta desse homem.

- Me fode capitão.

- Porra, Emily.

Amor De GuerraWhere stories live. Discover now