Capítulo 10 - Bárbara: Revelações

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  • Dedicado a Simone Pesci
                                    


— Posso te fazer um pedido, Germano? — pediu Bárbara, enquanto observava o garçom servir as bebidas que havíamos pedido.

— Claro!

— Vamos falar primeiro de sua viagem à Nova Iorque? Quero saber quão maravilhosa é a Elisabeth, para te fisgar assim, de maneira tão avassaladora — disse enquanto colocava o seu smartphone no silencioso.

— Bárbara, não me enrola...

— Não estou enrolando, juro — ficou séria por alguns segundos, antes de continuar: — É que você vai me contar uma história que eu sei que será maravilhosa de ouvir, enquanto almoçamos. A minha tem umas passagens meio indigestas, melhor ficar para depois de que já tenhamos comido. Não quero me engasgar com uma espinha de peixe por começar a chorar — e deu um leve sorriso, que entendi como um "por favor, aceita".

— Ok, vamos fazer do seu jeito, enrolona.

— Então, me diz, como você conheceu a Elisabeth? Mas conta todos os detalhes possíveis, vai? — e se apoiou nos cotovelos, com toda atenção em mim.

— Bem, cheguei à Nova Iorque com um dia de antecedência para o início da Conferência da ONU, já pensando em descansar da viagem e estar com as baterias carregadas para a maratona que seria aquela semana — e comecei minha detalhada narrativa...

XXX

— Uau! Nossa, estou sem fôlego... — disse Bárbara ao final de meu relato sobre tudo o que aconteceu comigo em Nova Iorque. — Agora entendi porque você veio tão empolgado. Ela deve ser mesmo uma mulher maravilhosa, para te deixar assim, exalando felicidade.

— E ela é.

E meu relato chegou ao fim, assim como nosso almoço. A comida estava ótima, como sempre, quando eu almoçava ali. E ainda mais na companhia de uma amiga querida.

Vi nos olhos de Bárbara que ela ficara muito feliz em saber detalhes de meu relacionamento com Elisabeth. Apesar do pouco tempo de convivência, já havia criado uma grande afinidade com ela, tornamo-nos mais que bons amigos, embora quase nunca nos encontrássemos em ocasiões sociais, fora do horário de trabalho. A não ser para um cappuccino ou uma pizza quando saíamos do trabalho, mas sempre por perto e nunca depois das dezenove horas. Ela sempre tinha pressa de ir para casa, mas nunca se abria sobre isso. E descobri que não era só comigo que era fechada assim, mas também com outras colegas de trabalho, porque já sondara aquelas que lhe eram mais chegadas.

Para mim, Bárbara permanecia um mistério. Na verdade, dois mistérios.

Era alguém muito afável, boa ouvinte, boa conselheira, daquele tipo de pessoa que procuramos por toda a vida para compartilhar nossos segredos, problemas, alegrias, vitórias. Reservadamente, tínhamos intimidade para falar sobre qualquer assunto, até dos mais reservados possíveis; sempre com muito respeito e cumplicidade, sem qualquer constrangimento da parte dela ou minha. Mas, por outro lado, quando o assunto era o atual relacionamento, ela não costumava se abrir, nem para aqueles que a consideravam muito, como eu. Tinha um sorriso contagiante, olhos vivos e lindos, mas que, às vezes, mesmo nos momentos de alegria, mostravam sombras de tristeza. Não raro, sentia nela uma certa mágoa, até quando estávamos em momentos descontraídos e divertidos. Tinha uma personalidade forte, podia sentir que era uma mulher de fibra. Apesar de ser tão nova, aceitava os desafios mais difíceis, sem qualquer hesitação. Foi assim quando ocorreu a fusão de nossas empresas, pois não se amedrontou com os novos desafios de um grande grupo de mídia digital, muito maior do que os que ela tinha em seu pequeno jornal regional.

O segundo mistério era esse que começou a despertar em mim sensações que eu ainda não tivera antes. Aflição, pressão no peito, desconcentração, quando sabia que alguma coisa a estava incomodando, como a desta manhã. Depois, durante a reunião de pauta, fiquei relembrando outras vezes em que senti a mesma coisa e que sempre coincidiram com algum problema que ela teve. Muito estranho. E não, eu não estava apaixonado por ela, longe disso, amava Elisabeth com loucura. Ela seria minha mulher para sempre, aquela que escolhi para viver comigo até o fim de nossos dias. Quanto a isso, eu não tinha nenhuma dúvida. Ou será que começava a ter?

Amor Infinito  (Degustação: 21 capítulos)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora