Ele (Prólogo parte 3)

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Eu poderia estar sonolento, mas é como se não quisesse nem piscar. Tem uma cama na minha cozinha. Tem uma cama bem no meio dela. Estou apressado, contagem Três. Chego na sala. Tudo parece igual. Bom dia. Tem uma cama...

Bom dia Taehyung. Sem resposta. Ele não respondeu. Abro a tela. Sem resposta. Taehyung? Ele não está. Ele não está. Namjoon está com a cabeça baixa. Mas seus ombros não estão direitos. Ele parece tremer.

Havia previsão de mais tremores.

Tem uma cama na minha cozinha, um fogão no banheiro. O chuveiro despeja água, bem na minha cabeça. Água fria. Taehyung deveria estar ali. Não é um livro fora da estante, é uma estante vazia. E ela já esteve vazia antes. Eu sei que sim.

Abro a tela, mas os erros são consecutivos. A máquina apita. Reinicio o processo. O Olho observa, erros não são permitidos.

Eu ia ao laboratório, certo? Devo ir ao laboratório.

O que tinha nos olhos dele, o que tinha nos olhos? A pupila dilatada, captando cada movimento meu. Sua respiração me tocava. Memórias. Memórias podem me dizer, o que tinha nos olhos dele?

O pincel desliza furiosamente na tela, rabiscando. Não são árvores de vários tipos. Nem as árvores padrão do olho. São rabiscos. Me afasto da tela. Eu não comi hoje. Dor. Vejo a tela pintada. Eu sei o nome do que vejo. Eu reconheço o que há nos olhos dele, bem diante de mim agora. Não têm cor, mas eu sei.

Tinha dor nos olhos dele. Meu coração está acelerado, Namjoon está de volta. Ele é o primeiro a voltar, ele não comeu também? Ele estava passando diretamente por mim, mas parou do meu lado. Perto. Mas meu coração não faz nada, porque estou paralisado. Contração. Descontração. Ritmo normal. Não consigo parar de olhar para a tela.

Ele pega seu próprio pincel, apagando tudo, e voltando ao arquivo anterior.

_Nunca mais faça isso! _Sibilou entre dentes. Eu deveria ir ao laboratório, porque está errado. Está fora do lugar, eu estou errado. _Hoje na saída, ande um pouco á minha frente. _Foi tudo que ele disse. E eu ainda deveria esperar seis horas e meia pra saber.

Eu não sei como as horas correram desde então. Vazias. Eu apenas pintei. Não acessei a Memória para isso, eu sabia como deveria pintar. O olho se despediu. Olho para Namjoon, mas ele não me olha de volta.

Eu devo ter imaginado. Ele não falou comigo. Ele nem me deu bom dia!

Mas Taehyung não está.

Ele não falou comigo, porque isso nunca aconteceu. Isso não existe, eu sei que não existe. Ele parecia...

_Continue andando. _A voz era extremamente baixa. Eu precisava me concentrar para ouvir. Quase ninguém por perto, ora, Namjoon não o faria se estivessem por perto. Todos são o Olho, ele sabe disso.

Minhas pernas querem fraquejar e parar. Mas eu obedeço.

_Por que você pintou aquilo?

Eu não tinha uma resposta. Mas ele não parece precisar de uma. Ele parece saber.

_Ele deve chegar em poucos minutos. Ele estará hoje à noite aqui, nesse setor. Tem um banheiro á sua direita. Se quer vê-lo, pare e fique aí. Você só precisa desviar e seguir esse caminho. Se não quer e não sabe o que isso significa, me ignore.

As palavras dele fizeram meu coração dar um pique. Isso não pode ser saudável. A saúde da Espécie é prezada, zelada. Meu relógio está marcando isso? Está marcando tudo isso? Eles vão me encaminhar ao laboratório. Medicação até que melhore.

Não posso ir. Não posso. O banheiro. Passo direto pelo banheiro. Namjoon não disse mais nada. Pego os tijolos. São pesados. Levo até o muro. Roboticamente, automático. Tudo como deveria ser.

NÓS | Jikook [CONCLUÍDA] (BETANDO)Where stories live. Discover now