⊱ CAPÍTULO XV ⊰

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Então, aconteceu. Harry Edward Styles explodiu.

Do jeito dele, mas ainda assim, explodiu.

– Saia – ordenou.

Não era uma ordem de um senhorio para seu empregado, afinal inicialmente flertara com Nicholas sem que a relação profissional entre ambos tivesse relevância a ele. Dessa forma, o cacheado não iria opor isso ao outro só porque agora lhe convinha – Harry podia ser inúmeras coisas, mas hipócrita definitivamente não era uma delas. De toda sorte, sua ordem era a de um homem defendendo sua privacidade contra outro e isso é de ainda mais valia que a mera subordinação profissional, então sua voz soou salpicada de toda imperatividade própria de um Styles.

O sorriso de Nicholas, por sua vez, ainda rasgava seu rosto como se ele nada tivesse ouvido. Parecia nunca ouvir, aliás. Harry pensou que antes o problema de Nick fosse a surdez ao invés da inconveniência – a primeira, por si só, não é capaz de constranger outras pessoas.

O empregado contorceu os dedos dos pés antes de se levantar e iniciar uma aproximação vagarosa com o nítido objetivo transparecer sensualidade, mas Harry não conseguiu evitar que a imagem de um réptil movendo-se surgisse em sua mente.

– Eu posso fazer você se sentir incrível essa noite, Harry, mesmo com tudo que ocorreu – sussurrou e agora ambos estavam frente a frente.

Nick não transparecia insegurança pelo fato de estar totalmente nu diante do outro, pelo contrário, parecia convencido de que aquela visão impressionava – estava errado. Claro que ele era bonito, dono de um físico esguio, mas não era como se Harry Edward Styles já não tivesse visto dezenas de outros corpos nus exatamente como aquele e dezenas de outros corpos nus ainda melhores: em ambos os casos, ele desejou vê-los, o que não aconteceu com Nick, que simplesmente não lhe deu escolha. Broxante.

– Quanto a isso, não se preocupe. Me sinto incrível constantemente, sem necessidade alguma de ajuda – rebateu.

Nicholas tentou tocar seu peitoril, novamente como se nada tivesse sido dito por Harry, mas este se afastou como se o mero toque do primeiro transmitisse algo contagioso.

– Saia. Não se trata de um pedido: vá, ou eu mesmo o colocarei para fora.

Talvez tenha sido a expressão facial de nojo que Harry vestiu ao afastar-se, ou o tom rude e violento que empregou contra o outro pela primeira vez – Styles nunca saberia ao certo o que fez o rosto de Nick se encolerizar, mas a veia saltada em sua testa não deixava dúvidas quanto ao seu feito.

– Você está me rejeitando?! – Nicholas perguntou, soltando uma risada incrédula.

– Constantemente.

Harry nunca se esqueceria do lampejo de compreensão que atravessou o rosto de Nick, pois finalmente ele aparentava estar ouvindo o que lhe era dito.

– Seu esnobe de merda! – berrou, apontando o dedo indicador para o rosto impassível de Styles. Nesse momento, o gato que repousava nos braços de Harry saltou para o chão, assustado, e tratou de emaranhar-se abaixo da penteadeira. – Você se superestima demais para alguém que se deita com qualquer um!

Pela primeira vez naquela noite, a expressão de Harry se iluminou em diversão. Ele era alguém bem resolvido consigo mesmo e suas muitas conquistas eram seu escândalo predileto sobre si – não o envergonhavam, amaciavam seu ego. Agora, em verdade, a moral de uma antiga fábula lhe pareceu incrivelmente sensata: "quem desdenha, quer comprar".

– Qualquer homem – ele confirmou, fitando as unhas esmaltadas, – exceto você.

O tempo pareceu congelar por alguns segundos. Nick tinha os pulsos apertados com força e suas jovens feições contorcidas em fúria com a cólera tingindo a pele branca de sua face com um tom escarlate vívido.

Mystical (l.s)Where stories live. Discover now