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CAPÍTULO REVISADO 15/12/19

*Daniel Nascimento on*

Eu estava imerso.

Aos poucos fui distinguindo na mente as vozes das pessoas do quarto, mas tudo ainda estava mais lento.

Até que eu escutei a voz da Gabriela, e queria de todos os jeitos tentar mostrar que eu estava ali a escutando sim. Assim que senti ela entrelaçando nossas mãos, vi uma oportunidade perfeita e com uma força que ainda me restava, apertei de leve sua mão e tentei abrir os olhos, obtendo como resultado uma forte luz acima de mim, pisquei repentinamente.

- Gabriela- sussurrei

- Daniel, Meu Deus do céu - Gabriela se assustou levemente - Eu preciso chamar o médico. - Ela soltou minha mão, antes que eu a segurasse e saiu do quarto. Forcei minha memória bem busca do que havia acontecido depois de ter tentado fugir, mas não veio nada em mente. O médico entrou no quarto sozinho, interrompendo meus pensamentos.

- Olá Daniel, está se sentindo bem? - Ele perguntou e eu assenti levemente - É normal se sentir um pouco tonto, estamos te injetando alguns medicamentos. Infelizmente terei que fazer um procedimento bem rápido okay? Depois iremos te avaliar. Primeiro, preciso que você me responda se você lembra o que aconteceu.

- Eu lembro de estar no camarim do espetáculo, então alguém entrou lá e colocou algo no meu nariz e eu apaguei. Acordei em um galpão e passei perrengues por lá - Senti minha voz sair com uma rouquidão e minha garganta ficar seca, implorando por água- Eu preciso de água.

- Você se lembra que você desmaiou logo depois de terem te encontrado? - Ele perguntou ignorando meu pedido. Agora fez sentido do porquê que eu não lembrava do que havia acontecido logo depois de ter saído daquele lugar.

- Não - neguei

- Tudo bem, esperávamos isso. - O Médico começou a anotar algo na prancheta. - Irei pedir para as enfermeiras trazerem sua comida e sua água.  Você precisa urgentemente comer alguma coisa, estamos desconfiando que você tenha desmaiado por ter ficado sem comer por muito tempo. Os exames serão feitos antes de você comer. 

- E meus amigos? Aonde eles estão? Eles vão vir me visitar? Notaram minha falta?- Disparei

- Calma, seus amigos estavam se revezando por aqui e estão todos preocupados desde a hora que você sumiu. O que me leva a questionar se você costuma sumir com muita frequência.

- Não, não faço isso. - neguei- os últimos dias não foram os melhores da minha vida.

- Tudo bem, de qualquer maneira você terá que passar por psicólogos - O Médico falou
- e quando terei alta? - Questinei

- Esperamos que em menos uma semana - Sorriu, me tranquilizando - muito bem, senhor Nascimento, irei pedir para começarem os exames em você e lhe trazerem comida. Logo depois, você terá seu horário de visita.

- Okay, Doutor - agradeci, ele apenas acenou com a cabeça e saiu.

Alguns minutos depois, dois enfermeiros entraram no quarto, apertaram o botão para que a cama levantasse e eu ficasse sentado e depois começaram a medir minha pressão, me fazer perguntas de como eu estava me sentindo, conferindo o soro, retirando alguns fios que mediam tudo. 

Uma enfermeira entrou na sala carregando uma bandeja com algumas comidas, colocando no meu colo e todos se retiraram. Estendi o braço para pegar um controle da televisão que estava virada para a cama e a liguei em um canal qualquer.Comecei me alimentar com aquela comida horrível do hospital, já que era o que estava tendo.
Ouvi o barulho da porta abrindo, e olhei, observando Gabriela entrar pela porta e me encarar. Ela fechou a porta e se aproximou, ficamos alguns minutos se encarando.
- Oi - Ela falou suavemente se aproximando - Eu fico tão feliz que você esteja bem agora - Gabriela falou,  sorrimos - Fiquei... Na verdade, ficamos muito preocupados com você.

- Que mentira, vocês devem nem ter sentido minha falta - Falei, recebendo um leve tapa no braço, rimos.

-  Claro que senti - Ela falou, mas ficou rosada - sentimos - corrigiu, ficando um tom mais rosado.

-  Cadê os meninos? - Perguntei, tentando ignorar o constrangimento.

-  Eles irão vir daqui a pouco, o mais rápido possível, já que sabem que você acordou - Gabriela respondeu.

Aproximei minha mão da dela, que repousava na cama que eu estava deitado. Em silêncio, entrelacei  nossas mãos e senti uma corrente elétrica passar por todo o meu corpo.

Estávamos encarando nossas mãos, enquanto fazíamos leves carinhos com os dedos e entravamos em um mundo paralelo.

Eu queria muito prolongar tudo isso, mas ela se soltou.

-  Eu acho que meninos estão chegando por ai e eu preciso ir - Falou, se inclinando para beijar minha bochecha.

-  Vocês estavam revezando então? - Perguntei, já sabendo da resposta.

-  Sim -Concordou- Queria ficar aqui, mas tenho que resolver um negócio - Ela apontou para a porta- Tchau Dani, até

-  Tchau Gabriela -Acenei, assim que ela saiu, passou alguns minutos e Elídio e Andy entraram.

-  MAS CÊ NÃO MORRE MAIS HEIN - Elídio gritou, rimos e eles se aproximaram e me cumprimentaram.

-  NUNCA MAIS FAZ ISSO, VOCÊ NÃO TEM NOÇÃO DO QUANTO É DIFÍCIL ACHAR UM TERCEIRO INTEGRANTE PARA ESSE TRIO

- Deveria ficar feliz escutando essas coisas? - Ri

- Com toda certeza - Elídio respondeu- É maravilhoso te ver vivo.

- A gente se descabelou, mas estamos aqui, felizes por ter ver bem, cara - Andy falou e quase chorei de emoção.

- O médico disse que provavelmente você terá alta daqui a pouco, só precisará marcar outras consultas, tipo nutricionista e psicólogo também. - Elídio se sentou no sofazinho perto da cama.

- Graças - Ergui as mãos - Parece que ainda to lá.

- Mas você não está, e é isso o que importa -Andy falou - Seus pais estavam vindo para cá, mas acho que vão direto para sua casa.

- A última coisa que eu queria era atrapalhar a viagem deles.

- Calma, que já deu tudo certo - Elídio falou - Estávamos pensando em fazer uma pequena comemoração por você estar vivo e bem.

- Ótima ideia, chamamos os mais próximos. - Andy apontou pro Elídio, como se fosse para concordar com a ideia.

- Falando em mais próximos - Elídio começou- O que está acontecendo entre você e a Gabriela?

- Essa pergunta não deveria ser perguntada agora - Andy suspirou - mas já que foi perguntada, o que custa responder não é mesmo?

- Nós estamos apenas nos conhecendo - Dei ombros, tentando fazer com que as imagens do meu beijo com ela desaparecessem pelo menos naquele momento.

- Sei -Lico sorriu malicioso- Se conhecendo, claro.

- Estamos sim

- Toma cuidado viu? Não to falando toma cuidado com ela, eu sei que ela é uma pessoa incrível, mas to dizendo para você tomar cuidado com a sua saúde mental em relação a você sabe quem - Andy falou

- A Voldemort? - Elídio arqueou as sobrancelhas - O que Harry Potter tem haver com isso tudo? - Olhamos para ele, sem acreditar.

- Mas não é possível que teremos que citar o nome DELA aqui - Andy falou, e Elídio pensou por mais alguns minutos.

- AAAAAAH LEMBREI, meu deus desculpa - Rimos- Minha mente está abalada demais.

- Awnt, se preocupou comigo? -Fiz voz dengosa, recebendo um riso alto do Andy só de ver a cara do Elídio.

- Claro que sim, meu amor, você não separou seus bens entre a gente ainda - Ele deu os ombros- algo que depois de hoje, irei pessoalmente te acompanhar nesse bang de herança.

- Filho de uma mãe mesmo - Fiquei bravo, mas rimos em seguida.

- Irei tomar cuidado sim, estamos indo devagar -Continuei a responder a
pergunta.

- Devaagaar quanto? - Andy cruzou os braços.

- Vocês já se beijaram? - Elídio perguntou.

- Caras, estamos parecendo trio de adolescentes agora -Ri- Estamos nos conhecendo.

- Conhecendo o mapa da boca dela, claro - Elídio falou, meu rosto ficou mais quente e eu ri.

- Ou o mapa do corpo também - Andy disse e eu ri sem acreditar.

- Gente, pelo amor de deus, não estamos assim - Ri, tentando acalmar os ânimos.

- Então quer dizer que vocês estão em alguma coisa? - Andy sorriu maliciosamente.

- A gente sabe Dani, mas seu rosto vermelho é o que mais denuncia.

- Nos beijamos, felizes? - Falei de uma vez.

- Ai MEU DEUS - Elídio se levantou e começou a dar uns pulinhos surtando- QUE CASAL.

- Acalma os ânimos, que estamos indo devagar - Falei, sentindo meu rosto quente.

- Cara, só não a prejudique, de verdade - Andy falou - O certo é ir devagar mesmo. Saiba que você, vocês na verdade, tem meu total apoio. É só irem aos poucos.

- Concordo absolutamente - Elídio falou

- Quando que vocês querem fazer aquela festinha? - Perguntei, mudando de assunto- e quantas pessoas pretendem chamar?

- Não muitas pessoas, apenas aquelas que estavam no dia com a gente do espetáculo e aquelas que sabem do que aconteceu. - Andy falou

- Ou seja, os mais próximos- Elídio falou

- Acho que vai ser uma boa ideia -Falei- Vai me distrair muito.

- Sabemos disso e saiba que quando você quiser contar o que aconteceu...  - Elídio começou e deixou no ar.
- Quando eu estiver pronto - sorri levemente- Vocês estão sabendo de algum Rafael nessa história?

- Tem um Rafael querendo te visitar, mas estão aguardando a liberação da polícia e claro, a sua de querer o receber - Andy falou- Não sei por qual motivo.

- Ele foi crucial por eu estar aqui, me ajudou demais - Eu disse, me lembrando de todo o esquema.

✨✨✨

Depois fazer mais alguns exames, receber o resultado de outros, marcar o psicólogo e todos os negócios lá, fui liberado do hospital.

O roxo do meu olho estava se clareando um pouquinho mais e os pulsos continuava com as gazes.

Os meninos me acompanharam na volta para casa e, surpreendente ou não, quando eu abri a porta do meu apartamento,  algumas pessoas estavam ali, inclusive meus pais, o Evandro, o Andrés, a Samara, o Edu e a Gabriela. Reconheci algumas pessoas da Família e alguns amigos da improvisação.

- Não se preocupe, que apenas os específicos sabem o que aconteceu, dissemos que você foi praticar uma arte marcial, em um lugar ai - Andy murmurou, antes que todos comemorassem com a minha entrada.

- Não acredito que vocês fizeram uma festa no meu apartamento enquanto eu estava fora! - Gritei indignado,  concordei com o Andy disfarçadamente, a única coisa que eu queria era me enfiar debaixo das cobertas na minha cama e dormir tudo o que eu não havia dormido.

Mas entendo que a intenção deles foi das melhores e me distrair um pouco seria legal.

- TODOS OS DIAS - Edu exclamou e todos riram, fui cumprimentando cada um e meus pais me abraçaram tão apertado que eu sinto o osso das costas estralarem.

Eu sabia que todos precisavam de alguma distração. Logo após verem pessoalmente que eu estava vivo, saíram de novo, porque não queriam perder a programação da viagem no dia seguinte.

Meio loucura, mas até entendo.

Minha mãe estava super preocupada, mas disse que assim que chegasse de viagem novamente, iriamos conversar sério sobre tudo o que aconteceu e como seria dali para frente, como se eu tivesse 5 anos de idade.

Tinha muita comida em cima da mesa da cozinha e algumas pessoas se concentravam lá para comer, resolvi pegar algumas coisinhas, apenas porque a comida do hospital não foi das melhores. Sai rapidamente para tomar um banho decente e me trocar, logo voltei a sala.

Me sentei ao lado de Gabriela no sofá, que estava conversando com o Andy sobre o próximo espetáculo que seria naquela semana e não foi intencional, aquele era um dos únicos lugares vagos.

Na hora, Elídio que estava no outro lado da sala, conversando com o Evandro, me encarou malicioso e eu apenas ri e decido ignora-lo, entrei na conversa dos dois ao meu lado.

Conversamos e, aos poucos, o pessoal foi se despedindo, foi restando apenas o Andy, a Gabriela, o Edu,  Elídio e a Samara. Todos nós estávamos muito entrosados com o assunto sobre extraterrestres (sim, aleatório, mas estava super interessante)

- Eu preciso ir para casa, já está ficando tardíssimo - Gabriela comentou, olhando para o relógio do celular.

- Mas você mora aqui do lado, não é?- Elídio perguntou.

- Ela mora?- Edu perguntou e por um momento quis mandar ele parar de se intrometer.

- Eu moro sim, mas acho melhor eu já ir.

- Deixa que eu te levo então. - Edu falou, antes que eu tomasse iniciativa- Eu ia sair daqui a pouquinho mesmo, não acho que vai ser problema agora.

- Eu... - Gabriela o encarou perdida

- Não cara,  você não ia deixar o Andy? - Elídio falou, me encarando e passando telepaticamente o que eu devia fazer agora.

- É cara - Andy disse, já sacando o que estava acontecendo. - O Elídio e a Samara não moram perto de mim, como você mora.

- Deixa que eu levo a Gabriela, ela mora aqui pertinho - Falei me levantando.

- Não quero atrapalhar gente - Gabriela também se levantou, e o resto também- Eu posso pegar um uber. E Dani, me recuso, você precisa descansar, repouso médico, lembra?

- De jeito nenhum, economizar dinheiro é importante - Falei

- A mas tem mais espaços no carro - Edu falou, ainda tentando arrumar um jeito.

- Deixa que o Daniel a leva, já que de qualquer forma, ele mora perto da Gabriela e era o único que não estava incluído nos planos de ir embora, já que é o dono do apartamento - Samara falou, encerrando a discussão. - Se ele está bem o suficiente para levá-la, então que a leve.

- É isso - Peguei a chave do meu carro, ignorando a cara do Edu e fui rumo a porta do meu apartamento.

- Tchau gente, muito obrigada por tudo - Ela falou e acenou. Recebendo vários amontoados de tchau, acenos e beijos.

- Tchau gente, isso se vocês forem agora também - Falei, acenando de longe. Abri a porta e abri espaço para Gabriela passar primeiro e assim o fez.

Fechei a porta do meu apartamento, e caminhamos até o elevador, e apertei o botão aguardando. Aquele elevador me trazia ótimas memórias.

- Você está melhor? - Gabriela perguntou- Os meninos queriam de alguma forma te distrair e também te receber bem, claro.

- Eu to ótimo na medida do possível - Falei e as portas abriram, entramos logo em seguida. Apertei o andar do estacionamento e após fechar a porta, nos locomovemos. - Achei bem legal.

- Fico feliz, embora ache que está mentindo. - Gabriela encostou na parede.

- Eu to falando sério - Falei - foi maravilhoso ter vocês de volta e passarei a dar mais valor nesses momentos. - Observei ela sorrir. A porta do elevador abriu e fomos caminhando até onde estava meu carro. Abri a porta para ela, que agradeceu surpresa, fechei, dei meia volta no carro e entrei no outro lado.

- Agora preciso que você me passe seu endereço - Falei, a entrando o celular já no wase. Ela colocou o cinto e pegou o celular, digitando e me entregando logo em seguida já com a rota calculada e surpreendente não ficava tão longe dali, como ela já tinha me falado uma vez. Dei partida e fomos silêncio, passados alguns minutos.

- Se você quiser ligar o som... - Falei, a encarando rapidamente.

- Está tudo bem assim - Ela falou, se encostando na janela. Passamos mais um tempo em silêncio. - Você está pensando em se apresentar essa semana?

- Nem estava pensando nisso na verdade- Respondi- Seria incrível, claro. Já que eu amo o que faço, mas devidos as circunstâncias... Não sei se vai ser uma boa ideia.

- Mas o que você vai falar para todos? - Ela levantou um ponto importante.

- Primeiro que não sei, segundo que acho que terei que ir já que mais ninguém ficou sabendo - Falei- Não podemos correr o risco, então acho que a segurança seria mil vezes mais.

- Sim -Ela concordou, passamos mais um tempo em silêncio. Percebo que estávamos já na rua do apartamento.

- Gabriela... - murmurei e engoli em seco, antes de continuar- eu não consigo esquecer...

- Eu também não... - Ela murmurou de volta e não teve como não ficar surpreso. - Mas...

- Vamos com calma - Concordei, já prevendo. Estacionei na frente da entrada do prédio, fiquei um tempo olhando para frente, e já estava tudo meio embaçado mesmo, já que eu não lembrava da última vez que vi meu óculos.

- Você... Quer entrar? -Gabriela perguntou receosa, percebo que nós dois encarávamos a frente.
- Devo? - Perguntei, esperando pela resposta.

- Eu não sei... Mas é um convite... - Gabriela deu ombros. - Vamos logo - Ela saiu, me deixando sem reação. Ela me olhou pelo vidro e me chamou com a mão. Respirei fundo, sentindo meu coração acelerar, abri, sai e tranquei a porta. Dei meia volta, e fomos juntos para dentro, demos boa noite ao porteiro e ela apertou o botão do elevador.

- Esse elevador demora um pouquinho - Ela comentou, acho que apenas para quebrar o silêncio.

- Porque você não sobe de escadas? - Perguntei

- Porque são 13 andares - Respondeu como se fosse óbvio, mesmo que realmente fosse. - Minha pernas doem só de pensar - A porta abriu e nós entramos dentro, ela apertou um dos andares e assim fomos.

- Como está sendo morar sozinha? - perguntei.

- Eu não tive realmente um momento de sentir essa sensação -Gabriela falou- Nos momentos que eu estava organizando, pareciam que era apenas sei lá que eu estava arrumando outro lugar, entende?

- Acho que sim - Arqueei as sobrancelhas, mas voltei ao normal.

- Ainda não fiquei por alguns segundos pensando como é morar sozinha nesses últimos dias. Eu estava mais lá fora do que aqui. - Saímos do elevador e paramos em uma da portas do corredor, Gabriela pegou a chave e destrancou, me dando espaço logo em seguida. Entrei já pedindo licença e observando ao redor. Não era grande, na verdade era suficiente (ou até mais) para uma pessoa morar. Estava tudo organizado, mesmo que ainda houvesse uma, duas caixas no canto.

- Pode sentar no sofá -Gabriela falou, e assim o fiz - Você quer uma água, um suco, algo assim? Quer comer alguma coisa?

- Gabriela estávamos nos empanturrando de comida lá em casa. - Ri, a observando rosar um pouquinho.

- Estou apenas sendo uma boa anfitriã.

- E conseguiu, ué

- Ótimo saber disso - Ela falou e se sentou confortavelmente ao meu lado.

- Quer conversar sobre o que? - Perguntei, me ajeitei me virando para ela e apoiando meu braço na cabeceira do sofá.

- Não sei - Gabriela pensou - Você tem alguma ideia?

- Podemos fazer um jogo bem simples -Falei-  Nós chamamos de associação de palavras.

- Certo, e como é? -Ela perguntou interessada.

- Eu digo uma palavra, em seguida, você diz a primeira palavra que te veio em mente ao ouvir a que eu falei, depois eu falo outra palavra baseada na que você falou e assim sucessivamente. - Gesticulei.

- Parece ser bem difícil - Ela riu- mas tudo bem, vamos lá.

- Quer começar? - Perguntei

- Não, você começa, acho que é melhor.

- Okay, vamos lá - Olhei ao redor, e vi uma xícara. - Xícara.

- Hãã... - Gabriela me olhou desesperada, com o possível branco que estava tendo, ri com a reação - Café.

- Pó - Falei

- Casa

- Teatro

- Barbixas - Eu ri, e ela deu ombros.

- Eu - Dei ombros também, e ela mordeu os lábios pensando.

- Talento

- Chocolate

- Quero - ela falou e rimos alto.

- Margarina - Falei e ela riu. Era tão bom ver essa cena.

- Família

- Amor 

- Você - Respirou fundo, se aproximou mais rápido do que deu para processar. Gabriela puxou meu rosto para perto e me beijou profundamente.  Fiquei um tempo sem reação, até finalmente alcançar minhas mãos em sua cintura, a puxei e levantei o suficiente para ela entender e encaixar suas pernas ao meu redor, entrelaçar seus braços ao redor do meu pescoço.

Nos beijávamos desesperadamente, como se aquela fosse a última vez que aconteceria e queríamos aproveitar  o máximo. Mordi os lábios dela e puxei levemente, a fazendo gemer baixo,  voltar ainda mais sedenta e encher sua mão com o cabelo da minha nuca e puxar levemente, gemi e ela rebolou no meu colo, voltando a me beijar para abafar mais um gemido.

Eu só conseguia saborrar aqueles lábios macios, que eram a única coisa que eu conseguia pensar nos últimos tempos. Passei minhas mãos em todas suas costas até estaciona-las em suas coxas, apertando-as em seguida. Nos separamos levemente, mas ainda com a testas encostadas,  os dois as respirações descompassadas, querendo acalma-las antes de qualquer coisa.

- Acho melhor pararmos - Gabriela sussurrou, abri olhos e ela igualmente. Muito perto.

- Tudo bem -Concordei

- Sem pressa - falamos juntos. Dei um selinho, sentindo mais uma vez o macio. Ela sorriu, me fazendo acompanha-la.

- Eu acho melhor... Eu... Ir no banheiro - Falei a encarando. Gabriela me encarou com  uma interrogação na cara, até a mente clarear e ela se avermelhar, dei risada com aquele contraste de personalidade. Em um minuto, ela foi de mulherão da porra para garota tímida, tive vontade de morder aquela bochecha e foi exatamente isso que eu fiz, provocando-a um grito e uma risada que a fez se retirar do meu colo.

Apesar de tudo ter acontecido, saber que o clima entre nós estava leve, me fazia ficar mais aliviado. Agora, eu só espero que tudo fique bem.

UNLIKELY - D.NWhere stories live. Discover now