Prisioneiros do Amor

Capítulo 1

Os temidos Acontecimentos Fatais.
Talvez muitos pensem, e há aqueles que concordam, que eles são coisas que podem ser evitadas. E porventura até poderiam ser. Porém, nem todas as vezes são assim.
Existem dois casos que exemplificam bem isso.

23 Maio de 1813

George Johnson, Visconde de Watford, era conhecido por sua braveza e determinação a fazer as coisas sua maneira. Sempre muito requisitado, -devido a sua posição como chefe de uma família muito querida, e bem conhecida por suas posses - o patriarca, saíra em mais uma manhã ensolarada, para visitar um de seus arrendatários com problemas que apenas poderiam ser resolvidos pessoalmente, com a promessa de voltar para casa, antes do sol se pôr, para desfrutar do jantar junto de sua esposa e filha.

A visita corria bem, e já estava praticamente na hora de seu retorno, que pretendia fazer em intenso galope, levando assim apenas 30 minutos para chegar em sua propriedade, quando uma chuva torrencial ameaçou derrubar céu abaixo.

O arrendatário tentou por muitas vezes, sem sucesso, fazer o visconde esperar, até que a chuva passasse e fosse seguro ele voltar para casa. Mas a teimosia e a pressa o convenceram melhor do que a razão dessa vez. E claramente sem saber, ao tomar a decisão de que, se fosse àquela hora, chegaria em casa sem maiores problemas além de estar um pouco molhado, George praticamente assinou sua sentença de morte. Infelizmente, a partir daquele momento, uma série de decisões impensadas encurtaram a vida do tão amado Visconde de Watford.

Subindo em seu cavalo, George podia ver ao norte a tempestade chegando. Num rompante, saiu em uma corrida contra o tempo e o imprevisto.

Podia sentir pingos fortes em seu rosto quando haviam se passado apenas 10 minutos que partira. E com mais 5 minutos, o que era um chuvisco, tornou-se algo forte e estrondoso, escurecendo toda a atmosfera onde estava. Forçando sua montaria, George agora percebeu que o chão já não era mais firme, e sim cheio de poças.

E de novo, sua falta de prudência o levou a ruína.

Acelerando mais e mais, Jorge passou por lugares onde pedras pontiagudas e escorregadias se encontravam. Nesse caso o acontecimento fatal poderia ter sido evitado, mas infelizmente, esse fato não aconteceu.

Faltando apenas 10 minutos para estar em frente de casa, uma das ferraduras traseiras do puro-sangue que montava, patinou em cima de uma pedra lamacenta. George tentou e tentou, mas não teve tempo de se segurar no cavalo, que agora se encontrava trêmulo e com medo, com as patas dianteiras levantadas, fazendo assim seu dono cair tragicamente de cabeça em outra pedra ao lado, essa por sua vez pontiaguda o suficiente para fazer um dano irreparável em seu crânio.

Os segundos que se passaram foram de pura tortura. Os piores de sua vida. Os que o fariam fechar para sempre os olhos, cheios de muita dor.

Em meio a tanta confusão, dor e desespero, pensava em sua família, em como a deixaria de maneira inesperada. Sua amada esposa, uma mulher apaixonante e linda desde a primeira vez que a viu. Sofreu ao saber que não teria mais a visão dos olhos que o faziam cair de joelhos de tanto amor e paixão. A mulher que gerou, criou e amou seus filhos. Richard, seu primogênito, seu herdeiro, o futuro Visconde que o deixava extremamente orgulhoso do momento em que nasceu, até esse último minuto. Não receava deixar sua propriedade e bens para trás, pois, sabia que estariam em mãos mais que confiáveis. O que não queria mesmo, era ter de deixar sua família. Charlotte, incrivelmente linda, que nunca deixaria de ser sua pequenina menina, sua filha, se tornaria uma mulher, tão linda quanto a mãe. Cresceria, casaria e teria seus próprios filhos e sua própria casa, tendo sempre o espírito impetuoso e teimoso que o lembrava a si mesmo. E tudo isso aconteceria, sem sua presença ali.