RELAÇÃO

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-Você pode começar a me explicar Rodrigo, porque aquela enfermeira falou que você é meu Marido? – Estávamos sozinhos novamente no quarto. Eu estava nervosa e Rodrigo parecia sem jeito.

Ele deu uma suspirada, passou as mãos pelos cabelos e ajeitou-se melhor na poltrona. Limitava-me a encara-lo com todo o olhar inquisitivo que eu conseguia fazer, queria que ele sentisse pelo menos um pouco do desconforto que eu estava sentindo.

-Agatha, olhe me desculpe por não contar sobre nós. – Eu apertei meus olhos e senti as lágrimas quentes banhando as maças do meu rosto. – Nós nos apaixonamos, foi lindo e descobrimos que sentíamos algo a mais que amizade.

Eu não tinha reação. Lembro-me de está envolvida com outro homem na época, mas não conseguia sentir nada que eu senti antigamente por ele. Quanto ao Rodrigo, era estranho demais saber que afetivamente eu estava tão ligada em alguém e não me recordava de como, ainda mais esse alguém sendo o Rod, poxa éramos como irmãos.

Tudo bem, eu confesso que por mais que não nos associasse assim tão... íntimos, algo em meu cérebro fazia eu ter reações muito afetadas com a presença dele aqui. Ele mexia comigo, todavia era cedo demais para lidar com meu corpo, estando com a minha vida assim tão bagunçada.

- Rodrigo, eu... Desculpe-me. Eu não sei como agir. Eu não recordo de como nos envolvemos, ou de qualquer carinho e sentimento homem e mulher entre nós. –Falei meio sem jeito. Era estranho achar palavras para não magoar os sentimentos dele.

-Meu am...Agatha – se corrigiu ponderando minha reação, e eu disfarcei a pontada que me sucedeu vendo ele quase me chamar de amor. –Eu te entendo perfeitamente, não quero forçar nada. – Pegou a minha mão. – Vou sempre te respeitar e se sente mais confortável não pense em mim como marido, pense no Rod seu amigo.

Eu sorri. Rodrigo parecia me amar muito, e querer o melhor para mim. Estava até estranhando minha vida assim tão bem desenhada. E fiquei imaginando quantas coisas mais eu conquistei, mudei ou abri mão nessa minha trajetória apagada do meu cérebro.

Rod e eu resolvemos em acordo mudo tratar-nos com cordialidade de bons e velhos amigos. Eu sabia que ele fazia isso tentando resgatar a nossa relação, e no meu caso era por ser a escolha mais simples e viável no momento.

[...]

Mais tarde naquele dia tão abarrotado de informações eu recebi novamente a visita de mamãe, ela não me deixava longos períodos sozinha, e eu me enchia de amor por receber seus cuidados e carinhos.

Trouxe muitas sacolas, com várias coisas. Objetos e acessórios meus, textos de personagens que eu interpretei, fotos, desenhos e muitos avulsos, que me divertiram bastante pelas histórias que ela me contava de cada item ali.

Sentada agora do meu lado e pós uma sessão de gargalhadas eu tomei fôlego para puxar certo assunto com ela.

-Meu marido veio aqui hoje. – Falei com uma normalidade que não existia em mim.

-Ele não consegue ficar longe de você de uns tempos para cá. – Falou, entretanto sua expressão era aborrecida. – Como foi?

-Estranho. – disse a primeira palavra que sucedeu em minha mente. – Ele era/é meu amigo desde sempre sabe? Eu não sabia como reagir. E por que você não me contou mãe que eu era casada? – emendei curiosa.

-Tem coisas que não me cabe te contar minha filha, só você vê com o tempo. – Parecia pensativa na resposta me dada. – Eu gostaria que ele tivesse te dado mais um pouco de espaço para absorver essa sua nova realidade.

-Você não parece gostar muito dele...-Falei o que estava me martelando, devido as reações.

-Ele e eu não nos damos muito bem de uns tempos para cá. – surpreendi com a sua afirmação. – Porém sua relação com ele você que tem que decidi Agatha.

Lembraças De Nós DoisDonde viven las historias. Descúbrelo ahora