- Eu quero que você se afaste do Rodrigo.
Eu não sabia o que falar, ou não falar, ou o que pensar. Só conseguia encarar a Ana, e toda aquela magia que envolvia ela, morreu um pouco para mim no exato momento que essas palavras saltaram de sua boca.
-Olha Ana, eu nem sei o que te responder. Eu vejo o tempo todo um grande mistério envolvido nessa minha relação com Rodrigo. Eu, pelo pouco que consegui sondar, me sinto péssima, uma traíra, se você que a mãe fala que não quer a gente junto, então eu realmente não prestava, não é?
A Sang piscou duas vezes, absorvendo o que eu dissera, e sua boca se abriu em um "o", como se algo tivesse estalado em sua cabeça.
-Querida, desculpe! Não quero que pense que você foi um monstro. Confesso que fez coisas que realmente machucaram meu filho, mas tudo é muito complicado. Se venho até aqui hoje fazer esse pedido, é simplesmente um medo de mãe. Você pode recuperar sua memória e...
-Ser uma filha da puta para um caralho com o Rod de novo? – Completei sua frase. – É isso minha sogra? Esse seu medo? Pois saiba que também é o meu.
-Não, meu medo é você recupere a memória e abandone meu filho, só Deus sabe o quão mal ele estava. Pouco me importa com suas atitudes inconsequentes, o que mais machuca o meu Rodrigo é ficar longe de você. Ele estava aprendendo a viver sem a Agatha na vida dele, não quero que vocês se envolvam demais e tudo volte.
Eu fiquei sem graça, muito sem graça. Primeiro porque parecia que ninguém me condenava pelos meus atos, e segundo era pelo seu conselho ser um pouco tardio. Eu já sentia que Rodrigo e eu já estávamos muito apegados e dificilmente nos separaríamos sem que houvesse dor.
Ana me reparou e algo em seu rosto pareceu que ela lia minha mente. Assumindo assim uma expressão chocada.
- Já estão envolvidos não é? – Eu acenei com a cabeça sem falar nada. Minha sogra soltou um grande suspiro. – Posso te dá um conselho?
Minha vontade era falar não, em vista das suas últimas palavras, mas algo dentro de mim fez com que eu sussurrasse baixinho um sim.
- Não desista do meu filho, quando recuperar a memória, não desista dele.
[...]
Estava atordoada com a visita de Ana, pensativa. Hoje eu colocaria Rodrigo contra a parede, e querendo ou não arrancaria toda e qualquer informação possível. Já bastava essas incertezas que pairavam. Algo não estava legal e eu precisava descobrir o que era.
Não demorara muito para ver meu marido adentrando o apartamento. Chegou com um sorriso gigante no rosto, feliz. Estava cheio de assunto, alegria, era tanta essa que mal se deu conta que o ânimo não me atingia de tal maneira.
Jantamos juntos, e cada garfada que ele dava no prato era um suspiro e gemido que saia de sua boca, elogiou muito minha comida. Falando o tanto que sentiu saudade dela. Aliás, Rodrigo parecia estar vivendo em um conto de fadas.
Depois de tudo arrumado, meu companheiro puxou-me pelas mãos, sentando-me no sofá, e começou a distribuir beijos pela minha face, até depositar seus lábios nos meus. Foi o suficiente para eu esquecer toda as minhas agonias e só sentir a descarga da ânsia pelo prazer.
-Eu estou tão faminto. - sussurrou roucamente no meu ouvido, em meio as nossas carícias.
-Mas você acabou de comer...
-Estou faminto de você Agatha! Fiquei o dia todo fora pensando na gente repetir o que fizemos ontem. Só que bem mais devagar e mais demorado.
Foi o suficiente para minha barriga virar gelatina. E tudo que eu me concentrava era Rodrigo em cima de mim, me beijando, me apalpando. Mas em um movimento simples que ele fez que desgrudou um pouco nossa pele, as coisas foram rodando em minha mente A visita da minha mãe, a visita da minha sogra, as respostas vagas...E quando ele voltou no seu frenesi, eu já não estava mais no meu.
