— Ugh — gemeu de dor e então abriu os olhos — alguém desliga a porra dessa luz — resmungou rouca, ouvindo uma risada baixa.

— Pelo visto você já está bem, eu posso ir embora — a voz conhecida fez seu coração pular no peito.

— Lena... — sorriu para os olhos verdes límpidos que lhe encaravam.

— Não me chame assim, eu sou seu quindinzinho — murmurou carinhosa — ou você já se esqueceu?

— Você é — sussurrou — a gente morreu e foi para o paraíso? Porque assim, você parece um anjo e eu não vou reclamar se tiver que acordar para ver você todo dia — a morena riu e rolou os olhos — parece que fui moída num moedor de carne, puta que pariu.

— Não se mexa, okay? — pediu preocupada.

— Ugh, okay — suspirou — mas eu falei sério, você é tão linda, inteligente, segura de si e eu... como... como não enlouqueceu?

— Porque eu tenho a Kara — pontuou apaixonada — ela é o meu ponto de equilíbrio e a pessoa que faz eu acreditar em algo de bom nesse mundo. Não somos diferentes, Harley, você apenas se prendeu na pessoa errada, achando que era amor. Acredite, eu sei como é, apesar de não ter sido tão trágico.

— Uuuh, eu ainda vou arrancar o pinto do seu ex com um alicate, é uma promessa — encarou a outra com os olhos azuis brilhando — ele pensa que é quem? Talvez meu taco de baseball queira conversar rapidinho com o nariz dele — bufou nervosa.

— Eu amo isso em você, sabia? — acariciou os cabelos loiros e suspirou — esse seu coração enorme e sua forma exagerada de amar.

— Hummm, eu também te amo, quindinzinho — sorriu.

— Tem alguém que quer te ver e que quase matou dois enfermeiros num prazo de meia hora — comentou — ela se preocupa demais com você, Harley. Talvez você devesse prestar mais atenção nela, na forma como ela cuida do seu coração. Quando eu disse que nós duas não somos diferente, também me referi a nossa demora em perceber quando alguém está apaixonada por nós — sussurrou a última parte e então beijou a testa da outra — fica bem.

— Obrigada.

Lena, que ainda tinha vários curativos em seu corpo, deixou Kara segurá-la na cintura e oferecer um apoio. Harley assistiu a kryptoniana beijar a bochecha da namorada, sorrindo para ela como se estivesse segurando seu mundo todo nos braços. Foi então que seu coração ancorou no peito ao se lembrar de todas as vezes que Pâmela a segurou no colo, cuidou das suas feridas, abraçou-a enquanto chorava, deu o que comer e ainda a deixou ir embora para voltar para alguém que não a amava, ou sequer respeitava. Suas lágrimas escorreram quentes em seu rosto e a loirinha não entendia bem o que estava sentindo, mas era bom. Era muito bom.

— Hey, plantinha do deserto — aquela voz foi capaz de despertar algo quente em seu peito.

— Ruivinha — soluçou.

— Ei, está sentindo dor? Alguém te machucou aqui? Foi aquele bosta daquele enfermeiro, não foi? Eu devia ter matado aquele filho da puta desgraçado e...

— Pode calar essa matraca e parar de resmungar? — pediu rindo — eu não fui machucada por ninguém... — pausou — além de mim mesma — a ruiva reparou no tom triste que ela usou.

— Já acabou, já acabou — se inclinou para beijar seus cabelos, mas Harley levantou uma das mãos e puxou seus lábios para baixo, fazendo encontrar os dela.

O beijo foi como um sopro de vida, revigorante e intenso. Pâmela sentiu cada pedacinho de si desmoronar e se reconstruir com aquele ato, com seu coração retumbando no peito e sua pele ficando num tom de verde claro. Quando se afastaram, ela percebeu que a loirinha chorava e sorria ao mesmo tempo, parecendo a maluca que sempre foi. E Hera a amava tanto, tanto que chegava a doer como o inferno. Harley colocou uma mecha ruiva atrás de sua orelha e suspirou cansada, como se tivesse corrido uma maratona naqueles poucos segundos que permaneceram juntas, com os lábios selados um no outro. Não sabia o que aquilo significava, não entendia bem as ações da sua melhor amiga e tinha medo de perguntar.

Pink KryptoniteWhere stories live. Discover now