#1 Rusty?

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Tinha fogo por toda parte. Eu estava correndo junto à uma moça. Ela me chamava mas eu não conseguia ouvir nenhum som de voz saindo de sua boca. Eu corria desesperadamente junto com ela, precisávamos sair desse fogo.
Acho que ela achou a saída.

- Acordei desesperada na cama, eu estava um pouco suada e ofegante. De novo esse sonho? Olhei para a janela velha daquele quarto sujo e vi que já estava amanhecendo, sendo assim não voltaria a dormir de novo.
Arrumei a cama e fiquei deitada pensando nesse sonho até que a Senhora Mary apareceu no quarto nos chamando.

M: - Andem logo garotas. Já amanheceu.

Me virei para olha la e ela vinha em minha direção.

M: - Rusty, hoje você completa 18 anos. Hoje você ira sair do orfanato, consegui um trabalho para você bem longe daqui. Então arrume logo as malas, você parte depois do café da manhã.

Assenti com a cabeça e comecei a separar minhas roupas que eram poucas. Quando a Senhora Mary saiu do quarto as outras meninas ficaram ao meu redor.

- Ru, boa sorte.
- Eu espero poder sair desse lugar logo também.
- Ru, você está com medo?

Rusty: - Medo? De que?

- Do desconhecido!!

Rusty: - Não. Quem sabe, eu não encontre minha família lá fora? Eu sinto que eles estão me esperando em algum lugar.

Terminei de arrumar minhas coisas bem rápido, eu não tinha muitas coisas na verdade e as meninas me ajudaram. Fomos tomar café da manhã.

No orfanato era sempre a mesma coisa, acordar, tomar café, lavar as louças, caminhar, fazer deveres da casa, almoçar, lavar a louça novamente, "descansar", concertar coisas da casa se fosse preciso por exemplo uma degrau da velha escada de madeira, ou alguma porta barulhenta, depois jantar e cama. E tudo se repetia no outro dia, da mesma forma, sem mudar nada.

Hoje seria diferente para mim, eu estou decidida a procurar pela minha família. A verdade é que eu nem lembro meu nome, só me chamam de Rusty por causa de meus cabelos vermelhos, mas eu eu sei que tenho uma família e eles me esperam em algum lugar desse reino.

Assim que terminei o café e lavei a louça subi para me trocar. A senhora Mary deixou uma muda de roupas para mim, provavelmente não queria que dissessem quem uma garota saiu de seu orfanato vestindo trapos velhos. Terminei de arrumar o cachecol no pescoço e peguei minhas coisas, a Senhora Mary já me esperava na porta, ela iria me acompanhar até o portão?

M: - Preste atenção Rusty, você vai seguir reto até chegar em dois caminhos. Não vá para o caminho que leva ao Reino de Tahira.

Eu estava me despedindo das meninas que estavam na janela dos quartos me vendo partir mas eu estava ouvindo a Senhora Mary. Está me ouvindo?

Rusty: - Eu ouvi Senhora Mary.

Ela me puxa pelo cachecol e eu podia sentir seu mal hálito enquanto falava comigo.

M: - Já fiz o favor de lhe arrumar um emprego, apenas siga reto e passe o resto de sua vida como uma pessoa órfã de mãe e pai deve viver, como uma ninguém, entendeu?

Rusty: - Sim senhora.

M: - Agora vá. E não volte aqui nunca mais.

Ela me empurra portão a fora e o tranca. Entrando em seguida sem nem olhar para trás. Então eu viro as costas e começo a andar pela neve funda.

*quebra de tempo*

Eu já andei tanto que parece que minhas pernas vão cair. E além de estar muito frio, eu estou morrendo de fome. Eu já estava quase parando quando avistei uma placa de madeira" Claro que corri até ela e lá estava

"Direita: Reino de Tahira"
Em frente: Reino de Azra"

Um caminho me levaria à uma vida chata e monótona, o outro me levaria à uma aventura. Mas e se não estiver ninguém me esperando? E se eu estiver só nesse mundo? Eram tantas incertezas agora que estava de cara com meu destino.
Me sentei em baixo da placa, num monte de neve, peguei um pouco de comida da bolsa, estava morrendo de fome.

Rusty: - Eu nunca fiquei tão indecisa na minha vida... Por favor, se tiver alguém aí em cima, me ajude. Me mande um sinal, qualquer coisa...

Não recebi sinal nenhum e já terminei de comer. Acho que terei que decidir sozinha. Não notei que minha mochila velha estava aberta, e quando me levante jogando a mesma pelas costas o meu lenço, a única peça de roupa que ainda tenho do dia em que fui encontrada, voou um pouco caindo um pouco mais na frente pelo caminho que levava ao Reino de Tahira. Corri para conseguir pegá-lo.

Rusty: - O sinal?

Eu sorri tão largo nesse momento, guardei o lenço na bolsa e segui pelo caminho da direita. Estava ficando escuro e as arvores faziam barulhos assustadores. Mas mesmo assim eu sorria, pensava na minha família que me esperava, imaginava como eles eram, o que gostavam.

Eu estava tão perdida em meus pensamentos que não notei onde estava indo. Quando vi, não estava mais na trilha, ou estava? Eu já não sabia. Parei ali mesmo na tentativa de tentar me achar mas quando viro vejo que não estou só.

Eu estou cercada por lobos. Deve ter uns 4 ou 5 não sei e nem pretendo contar. Dei passos devagar para trás, mas as minhas pernas estavam muito moles de tanto medo então eu caí mas senti na minha mão um pedaço de algo, não pensei duas vezes e peguei. Era um pedaço afiado de madeira. Segurei firme com as duas mãos e apontei para os animais.

Rusty: - PARA TRÁS. NÃO VENHAM! Por favor.

Eu já estava chorando e quando um deles correu na minha direção eu só consegui fechar os olhos bem forte.

Lost CrownWhere stories live. Discover now