Capítulo 18 - Feliz aniversário, Aurora

385 45 54
                                    


A noite estava digna de Longuine, sua cidade maravilhosa, onde lagos corriam por todos os bairros, o vento soprava frio e nem mesmo isso incomodavam os convidados de chegarem em suas mais variadas fantasias na mansão dos Telles.

Carmem e Layla trabalharam duro para deixar cada metro quadrado acolhedor. O Barman estava posicionado, o fotógrafo brincava com a câmera nas poses de Thalia e Thor. O DJ já iniciou seu trabalho com uma música propícia para o ambiente. E a banda já prepara seus instrumentos.

Layla escolheu a Branca de neve para si e Thalia, repetindo o vestido no estilo tal mãe tal filha. A fantasia de Thor foi escolhida pelas três mulheres de sua vida, o tornavam um verdadeiro príncipe. A pouco tempo a mulher ouviu seu marido tramando com o sogro, sobre como espantar os garotos e coisas do tipo.

Ana Vicente em toda sua graça, resolveu ser a chapeleira maluca, chegou acompanhada pelo Telles do meio que também escolheu ser chapeleiro, qualquer coisa vinha crescendo entre os dois. Ficou feliz que enfim pensassem em não apenas dormir juntos.

Eduardo Telles trouxe sua banda completa, para presentear a sobrinha querida e mimada pelos tios.

A felicidade raiou em seu peito. Sua filha teria uma noite maravilhosa. Ao menos fizera de tudo por isso. Aos poucos as pessoas iam tumultuando o lugar, mal podia esperar pelo momento em que tudo se iluminasse com seu anjinho entrando acompanhada das amigas.

– Aurora você virou a personificação de um anjo – Arthur tem seus olhos azuis esbugalhados. – Será que da tempo de voltar a ser hétero?

Os cabelos da menina caiam em cachos grossos até a cintura, uma auréola cravejada de pedras brilhantes estava armada em seu cabelo, a franja dividia o belo rosto. O vestido lhe desenhou o torso, arabescos quase transparentes faziam sua alça, e ao chegar no busto caía em camadas de tule branco com pedras de stress salpicadas por toda sua extensão.

Nos pés as sapatilhas em laços de cetim perolado se abraçavam em transversais até as metades das pernas.

– Senhora amado das Marias Gasolinas, abana euzinha aqui – Sabrina é quem quase grita dessa vez.

Foram cinco horas no salão, fazendo coisas que nem se quer sabia que existiam. Unhas, cabelos, depilação, sobrancelha, banho de lua... quando se olhou no espelho acreditou no ditado que não existe mulher feia, e sim sem maquiagem. Engoliu a saliva presa em sua garganta, abrindo o sorriso do grande como a lua crescente.

– Haja coração, você vai matar uns três ou dois se sair por aí assim, é um pecado, estou vendo um pecado com meus próprios olhos. – Se não houvesse tanto drama esse não seria seu melhor amigo de todos os tempos.

– Como está se sentindo amiga?

Radiante, por fora.

E melancólica por dentro.

Bonita ao ponto de querer muito que ele tivesse os olhos sobre ela. Entortou a boca ao notar o fato de estar usurpando a verdadeira forma de seu amor. Rafael Austin o único digno no mundo de usar fantasia de anjo e fazer jus a ela. Inspirou o ar fundo para conter as lágrimas nos olhos. Cruel paixão que se enfiou dentro daquele coração alvo, escurecendo-o pouco a pouco, cada segundo mais.

Estendeu ambas as mãos para as amigas, que repetiram o gesto formando um círculo, teve que segurar a vontade de chorar. Sentia gratidão pelos que estavam ao seu lado, só que ainda assim os sentimentos vazios estavam ali, tão forte que fazia seu estômago doer em agonia.

– Vocês são os melhores amigos do mundo, obrigada por estarem comigo até aqui.

– Não me faça chorar e borrar a maquiagem toda – o menino se vestiu de Elvis Presley resmungando que o verdadeiro rock jamais morreria, desenhou uma espécie de raio na parte esquerda do rosto.

O ópio de um anjo - QUEBRADOS 3Onde as histórias ganham vida. Descobre agora